CAPÍTULO 2

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Chovia muito naquela manhã. Um dia daqueles em que o frio não permite levantar da cama, mas as responsabilidades nos obrigam a isso. Com muito esforço Caio levantou, tomou um banho congelante e se arrumou, dividido entre a ansiedade de começar sua vida de universitário e a vontade arrebatadora de continuar dormindo.

Amanda já havia saído e Laura ainda não tinha chegado do plantão. Enquanto tomava o café da manhã, Rafael chegou. Caio abriu a porta para o amigo que entrou tremendo de frio.

— Toma um café para esquentar um pouquinho, Rafa.

— Não, Caio. Senão a gente se atrasa.

— Dá tempo. Você está todo molhado, vai acabar congelando e aí que a gente não chega mesmo.

— Está bem, então. Mas, rápido!

Sentaram-se à mesa. Rafael se serviu com uma xícara de café. O calor que emanava era reconfortante. Suas mãos já estavam praticamente congeladas. Enquanto era tomado pelo calor muito bem-vindo, Caio disse:

— Passou a noite toda chovendo e ainda está assim agora...

— Pois é. Parece que o "inverno" vai ser bom esse ano. Mas está tudo alagado, difícil até da moto passar. Sem falar no frio, bem atípico. Para nós, cearenses que somos acostumados com o calor, esse frio é quase glacial.

— É verdade. Mas eu adoro dormir com frio, todo enrolado nos lençóis.

— Exatamente. Dormir e hibernar, não ter que sair nesse dilúvio.

— Não seria melhor a gente ir de ônibus mesmo?

— Não! Deus me livre! Já não lembra mais como é andar de ônibus em dia de chuva? As janelas fechadas, tudo abafado, a gente cozinhando lá dentro, um monte de pessoas molhadas e fedendo. Nam! Além disso, a gente se atrasaria ainda mais. Vamos de moto mesmo. Vai dar certo. A gente vai devagarinho que dá certo.

— Então tá.

A porta se abre. É a mãe do Caio.

— Oi, meus meninos! Como vocês estão?

— Com sono! — falaram os dois em uníssono. — E com frio — completou Rafael.

— Ainda bem que eu cheguei antes de vocês saírem para poder dar um beijo nos dois... — se aproximou dos garotos e pousou um beijo na testa de cada um. — e desejar boa sorte no primeiro dia de aula da faculdade! Meu Deus, como eu estou velha. Já tenho um filho na universidade!

— O que é isso? A senhora ainda está bem inteirona, mãe.

— Exatamente, Lady Laura. Se não fosse a diferença de idade e se você não fosse mãe do Caio, eu me candidataria.

Laura deu um cascudo na cabeça de Rafael, enquanto os dois garotos riam.

— Deixa de saliência, menino — mas também sorria. Amava Rafael como se fosse seu filho. — Aliás, vocês vão de moto nessa chuva?

— Estávamos falando disso agora mesmo — falou Caio.

— É melhor. Vai dar certo, a gente vai devagarinho, toma cuidado. A senhora não precisa se preocupar.

— Eu me preocupo. Mas tudo bem. Só tomem cuidado. Me mandem uma mensagem quando chegarem lá. Que Deus proteja vocês — e foi para o quarto. Estava muito cansada após 12 horas de plantão. Precisava dormir.

***

O caminho foi difícil. As ruas alagadas, o trânsito lento, a típica Fortaleza em dias de chuva. Quando chegaram no Campus, Rafael deixou Caio no Departamento de Biologia, onde teria aula de Ecologia de Ecossistemas, e foi para o a aula de Cartografia.

No teu abraçoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon