CAPÍTULO 28

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"Acho que eu não sou capaz de dizer

Que eu não quero mais você

Que eu não quero mais te ver

O meu pensamento vai e volta, vai e volta...

Dizer que eu queria era te ver

Te abraçar e não perder

O meu pensamento vai e volta, vai e volta..."*


Quando Rafael saiu do campus, não sabia exatamente para onde estava indo. Seus olhos estavam cheios de lágrimas embaçando sua visão, mas ele não se importou em parar a moto e descer, ele queria ir para longe, queria esquecer tudo aquilo. Então acelerou ainda mais.

Só se deu conta de onde estava indo quando saiu da cidade. Menos de uma hora depois estava chegando em Lagoinha. Estacionou a moto e desceu para a praia. Então caminhou até o mar e caiu de joelhos chorando enquanto as ondas batiam em suas pernas. O céu estava nublado e o vento estava frio. Nublado e frio, assim como seus pensamentos, assim como seu coração.

Não sabe quanto tempo ficou ali olhando o mar e chorando. Algumas pessoas paravam de vez em quando para saber se ele estava bem, se precisava de alguma coisa, mas ele simplesmente dizia que não, que ia ficar bem. Então seguiam seus caminhos.

Ele só queria estar só com o mar, naquele lugar onde os dois foram tão felizes. Depois se levantou e caminhou pela praia, perdido em lembranças e pensamentos. Em um determinado momento sentiu gotas frias de chuva atingirem seu rosto e se misturarem às suas lágrimas. Em pouco tempo a chuva se torou mais forte, o deixado totalmente encharcado, mas Rafael não se importou. Parecia que o céu também estava chorando.

Em seguida subiu até o mirante e continuou lembrando, pensando... e chorando. Tudo ali lembrava ele e aqueles dias maravilhosos que passaram juntos.

Quando decidiu terminar com Caio, Rafael achou que fosse ser mais fácil esquecer, mas não era. Ele estava sofrendo e a falta de Caio doía em seu coração, como se alguém tivesse aberto um buraco ali.

Ele havia aberto aquele buraco, e isso é que mais doía.

Rafael também sofria porque sabia que, por culpa dele, Caio estava sofrendo. Ele o amava tanto, queria abraça-lo e nunca mais soltar, queria poder retirar toda essa dor que Caio estava sentido, queria fazer ele sorrir, fazê-lo feliz... mas não podia. E agora outros braços o envolvia. Lembrou de Guilherme abraçando Caio em frete ao R.U. e sentiu uma pontada de ciúme. Mas sabia não tinha direito de sentir isso. Caio era livre para ficar com quem quisesse.

Muitas vezes durante essas semanas sem Caio, Rafael pensou em voltar atrás, em voltar para ele, e esquecer essa ideia maluca de abrir mão do que sentia. Mas não tinha coragem suficiente para fazer isso, então acabava desistido. Também tinha medo de que Caio não o aceitasse de volta, o que era bem provável, então simplesmente resolveu tentar esquecer e aceitar as consequências de sua decisão. Mas não estava sendo fácil. Ele só queria que essa dor fosse embora.

Quando se deu conta já era noite. Mesmo a chuva já tendo passado, Rafael não queria dirigir de volta para Fortaleza. Estava cansado, sua cabeça doía e seus olhos estavam ardendo. Ele só queria dormir. Pegou o celular para ligar para casa e avisar que não voltaria naquela noite, mas ele tinha esquecido de carregar e a bateria acabou. Então olhou na carteira se estava com o cartão e foi procurar um lugar para ficar. Se hospedou em um quarto simples e, após comer alguma coisa, tirou a roupa ainda molhada, se jogou na cama e dormiu.

No teu abraçoWhere stories live. Discover now