CAPÍTULO 37

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Caio pegou o ônibus para ir ao estágio. Era uma terça-feira, então Rafael estaria lá, ele lembrou. Passou o restante do caminho se perguntando como seria encontra-lo novamente. Será que se sentiria tão nervoso como na semana anterior? Será que vê-lo de novo mexeria com ele da mesma forma? Queria poder evitar esse encontro, mas não podia. Então a única alternativa era encarar. Pelo menos agora estaria psicologicamente preparado para isso.

Quando chegou na escola, viu Rafael sentado no sofá da sala dos professores, escrevendo alguma coisa em um caderno. Sentou ao lado dele. Pegou o celular e começou a mexer simplesmente porque não sabia o que fazer, onde colocar as mãos ou como se comportar. Percebeu que Rafael tinha parado de escrever e olhava para ele, então olhou de volta.

— Oi — disse Rafael, com um sorriso.

— Oi — retribuiu o sorriso.

— Que coincidência a gente ter ficado na mesma escola, né?

— É.

— Então, o que você está achando do estágio?

— Legal.

Sabia que não estava sendo uma conversa muito interessante, mas não tinha realmente nada para falar. Rafael deve ter percebido isso, porque não perguntou mais nada e voltou a escrever no seu caderno. Mas Caio não deixou de perceber que dessa vez não se sentiu tão estranho e nervoso ao lado dele. Só ficou um pouco desconfortável e com o coração meio acelerado, o que, comparado a vez anterior, foi quase nada. Isso poderia ser algo bom, talvez um sinal de Rafael já não mexia mais tanto com ele como antes. E também reforçava sua teoria de que na semana anterior, quando o viu no estágio pela primeira vez, teve aquela reação mais pela surpresa do que pela presença dele. Enfim, tanto faz o motivo, no momento ele só não queria ter que conversar com Rafael como se fossem meros colegas de trabalho.

Depois de um tempo, Rafael levantou.

— Eu tenho que ir. A gente se vê. — E saiu.

Pouco tempo depois, Caio também foi para a aula. Logo estava totalmente imerso no trabalho, cercado de alunos animados e agitados, que já havia esquecido da conversa deles no sofá.

Quando a aula terminou, Caio conversou alguns minutos com Alicia sobre o planejamento da semana seguinte. Depois que ela foi embora, ele se demorou mais um pouco fazendo algumas anotações. Estava guardando suas coisas, quando Vinny se aproximou.

— Oi, Caio — disse sorrindo.

— Oi, Vinny. Eu nem vi você chegando.

— Desculpa se eu te assustei, não foi minha intenção.

— Tudo bem, eu que estava distraído.

— Eu... eu estava pensando, será que você aceitaria ir almoçar comigo?

Caio ficou parado por um instante, sem saber o que dizer.

— Rápido demais?

— Um pouco.

— Foi mal. Tudo bem se você não quiser. — Desviou o olhar e enrubesceu. Caio sorriu ao ver Vinny todo sem jeito. — Mas se você quiser eu prometo que é só um almoço. Sem maldade.

— Sem maldade? Mas que tipo de maldade? Só pra eu saber.

Vinny sorriu.

— Eu prometo que eu não sou nenhum tarado nem um psicopata que vai te matar.

No teu abraçoWhere stories live. Discover now