Nos Recuperando.

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Ashley POV
A vida ainda é uma dádiva. E entendi isso depois que acordei. Cada uma daquelas pessoas fazia parte da minha vida e tinha total merecimento de me ver de novo. Cada um fazia os meus dias mais felizes e completos. Eu não podia abandonar nenhum deles naquela tristeza. Jamais.
A enfermeira brigou com eles por estarem em cima de mim e pediu que eles saíssem da sala por dez minutos. Eles fizeram, mesmo com relutância.
- Bom dia querida, é um ótimo dia para se acordar. - ela diz e eu dou um risinho.
- Porque?
- Todo dia é dia de acordar querida. E sua família queria que isso acontecesse o quão antes melhor. - ela diz com um sorriso enorme. Sorrio para ela.
- Quanto tempo passei dormindo? - pergunto e ela faz uma cara mais seria
- Quase três meses. Foi bem complicado para nós. Você teve duas paradas respiratórias e uma cardíaca. Hemorragias internas, achamos que você ia passar meses e meses em coma. Pelo estado do seu coração e do seu cérebro. - ela diz e eu entendo.
- Minha filha, eu sei que ela faleceu, eles fizeram um enterro? - eu pergunto e ela fica surpresa.
- Sim. Três dias depois que vocês chegaram. Como você sabe que ela morreu? Seu noivo te contou? - ela diz e se senta ao meu lado na cama.
- Não. Ela me contou. - sei que parece loucura para qualquer pessoa, mais sei o que eu vi.
- Sua filha entrou em contato com você? Então não era a sua primeira reencarnação. - ela diz e eu olho para ela assustada.
- Você acredita em mim? - eu digo e ela sorri.
- Eu fui colocada nesse quarto por algum motivo, e eu não sabia o porquê no início. Nunca cuidei de famosos. Sempre de senhoras e senhores, e de pessoas sem família. E então me colocaram aqui. É o único quarto nessa ala que eu atendo. Consultei os Búzios e entendi o porquê, direcionamento. Você estaria perdida quando acordasse. Achei que era para o seu noivo, ele também vê ela. - ela diz e eu sorrio.
- Ela me contou. Ela vê todo mundo. - eu digo e a enfermeira assente.
- Ela aparece nos sonhos dele. Ele uma vez me contou que ela pedia calma. Pois ele estava muito estressado e triste, e isso só fazia mal para você. Aí ele começou a cantar no seu quarto e a ler livros para você antes de dormir. - ela diz e meus olhos brilham.
- Eu não acreditava em espíritos até ela falar comigo. Mais sei que cada um tem seu caminho. - eu digo e ela concorda. Começa a mexer nos medicamentos no canto da sala.
- Eu sou espírita desde meus seis anos, e eu vi muita coisa nessa vida senhorita. E eu sei que devemos ter mais medo dos vivos do que dos mortos. Acredito que já tenha entendido isso não é? - ela diz e eu digo que sim. - Sua filha está entrando em contato com vocês por causa dessa crise de emoções. Ela poderia ter ido embora e ficado quieta. Mais acho que você deve ter chegado perto de ir embora e deixar todo aquele povo lá fora a Deus dará. - ela diz e da uma risadinha.
- Na verdade eu ia embora e ela me chamou. Ela pediu para que eu ficasse. Acho que agora eu sei o porquê. Minha cunhada já acordou? - pergunto e ela fica um pouco triste.
- Ainda não. Os médicos acham que ela vai demorar a acordar. Acham que ela não vai conseguir voltar mais. Estão esperando a morte dela. - ela diz e eu entendo.
- Ela não vai morrer. - eu digo e ela sorri.
- Sua filha te disse? - ela pergunta.
- Não. Ela disse que eu precisava fazer ela encontrar a luz. Acho que pode ser a nossa luz, ao invés da luz do Pai. Você não acha? - eu pergunto esperançosa. Ela sorri.
- Claro que sim. Você pode tentar conversar com ela depois. Ir no quarto dela e fazer uma visita aos seus sonhos. Se você chegou tão perto do Pai, você já tem a visão aberta, sua aura não é mais fechada. Basta pedir e Ele vai te ajudar a conversar com ela. - ela diz e eu fico interessada.
- Qual seu nome? - pergunto e ela sorri.
- Jamile Sousa Mitt. Sou brasileira também. A cultura dos meus avós veio com a minha mãe. Ela me ensinou tudo que eu sei. Hoje ela também está com o pai. - ela diz e eu aceno.
Conversamos sobre a sua família e ela me conta mais sobre espíritos e sobre sua religião. Diz que vai sempre jogar os Búzios e ler as cartas para mim, e que eu posso pedir sempre ajuda ao Pai, e ele vai me ouvir.
Nunca fui cheia de fé, mais essa experiência me transformou por completo, dos pés até meu último fio de cabelo.
Harry entra no quarto sozinho logo após ela sair. Eu sorrio para ele. Ele se senta na cama e logo após ele deita.
Deitado entre o meu pescoço e meu peito, ele chora um pouco e depois conversamos.
- Eu não sabia se você ia voltar. - ele diz e eu sorrio.
- Eu também não sabia. Mais Anne pediu que eu ficasse, por você. E eu fiquei.
Ele levanta a cabeça com o susto e eu dou uma risadinha.
- Você viu ela também? - ele pergunta assustado.
- Sim. - eu digo simplesmente.
- Ela falou comigo várias vezes, ela manteve a minha calma durante as minhas crises de pânico. - ele diz e eu sorrio. Ele deita novamente.
- Eu queria tanto que você estivesse aqui, que agora que você está, eu não sei falar, só sei sentir. - ele diz e eu coloco a mão em seu cabelo.
- Harry, eu sei que nós temos todo o tempo do mundo, mais como você está com o estado da Gem? - pergunto e percebo que ele fica triste.
- Eu não sei. Agora que você acordou, sinto que posso passar por cima de tudo. Mudar a situação. E esperar que ele acorde. Parece que eu acordei de um sonho ruim.
Dou um beijo em sua testa.
- Vai ficar tudo bem meu amor. A Gemma vai acordar, nós vamos sair daqui, vamos nos casar, e então vamos fazer nossos planos. Viajar juntos por um tempo. E depois vemos como continuar nossas carreiras. Podemos adotar uma criança, e fazer obras de caridade. Vai ficar tudo bem. Só precisamos ter paciência. Tá bom? - eu digo e ele sorri e me aperta um pouquinho. Solto um gemido.
- Eu te amo. Te amo tanto que eu não sei se sou capaz de te soltar. Acho que não sou. - ele diz e eu dou risada.
- Tudo bem meu amor. Podemos dormir um pouco. E eu também te amo. Eu quero que você saiba que você é a lua do meu planeta. - digo e ele sorri.
- E você é a estrela do meu sistema solar. - ele diz e nos dois rimos.
- Eu te amo Harry. Obrigada por não desistir de mim. - eu digo e ele vira o rosto para mim.
- Eu te amo Ashley. Obrigada por não desistir de mim também. - nós damos um beijo e logo após dormimos um pouco.
Sinto e vejo que ele está cansado e mais magro. Abatido. Mais que ele vai ficar bem. Todos vamos. Temos que crer em alguma coisa, e eu creio nisso. Na minha família.

A Contratada || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora