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Estava em choque. Harry permaneceu me encarando, minha mente tentava formular uma mentira, dizer-lhe não tinha intensão de partir, mas do que adiantaria se eu teria de lhe falar a verdade pela manhã? O rosto dele tinha o tom rosado enquanto me encarava e seus olhos já adquiriam a vermelhidão, meu marido estava instável demais com o que estava havendo, poderia chamar até mesmo de frágil, muito mais do que eu esperaria que estivesse.

— Não quero que vá — ele pediu encostando sua testa na minha, o cabelo comprido fazia cócegas em meu rosto quando inclinou-se, segurei os fios entre os dedos empurrando-os pra trás — Posso cuidar de você. — as palavras sussurradas enquanto mantinha o contato visual não me ajudava a pensar, desviei os olhos pra sua boca e isso piorou ainda mais, os lábios rosados e entreabertos me tiravam o pouco de raciocínio que ainda tinha.

— Preciso ir, é o melhor e sabe disso, Harry. Estarei segura na America, algo que não pode garantir aqui. — tentei soar firme, ou o mais firme que conseguia ser naquele momento, Harry podia me dizer uma infinidade de frases, provavelmente só um "por favor" a mais conseguiria me fazer ceder, porém ele não disse nada, apenas recuou um passo e assentiu.

Desejei que Harry dissesse algo, seu rosto estava ainda mais vermelho, ele não me olhava, recuou mais dois passos até chocar-se com o armário atrás de si, queria dizer-lhe qualquer coisa, mas o que eu poderia lhe dizer sem mudar minha decisão?! Não queria ter de fazer isso, Harry sabia que era o melhor para nós dois, porém nunca diria, ele preferia me ter sob vigília própria principalmente com a invasão a casa. Ninguém poderia julgá-lo por essa atitude.

— Prometeu que não me deixaria. — lembrou.

— Não estou deixando você. Serão semanas longe, Harry. Está tudo bem. 

— Nós sempre dizemos isso, que está tudo bem quando não está, pedimos milhares de desculpas, você se tranca em quartos e eu destruo a casa. — Harry verbalizou um pensamento que já me ocorreu, porém em sua boca soava pior, ele deu de ombros ainda com os olhos no chão.

— É ruim não é? Está cansado de tudo? Cansado de mim? — Harry não disse isso, mas era o que minha mente interpretou pelo que havia falado, ele ergueu o olhar pra mim com visível raiva.

— Nunca mais repita isso. — o tom soou rude — Sempre espera o melhor de todos e sou sua única exceção a regra? Amo você, mesmo que não acredite.

— Eu acredito.

— Então fique. E prove. — não conseguia acreditar que ele tinha feito algo assim, estava usando amor como moeda de chantagem, contudo era uma atitude tão obvia dele que sequer devia me surpreender, lancei um olhar para o alto e em seguida para ele, tinha os braços cruzados sobre o peito, encarava-me para a resposta de seu ultimato. Isso estranhamente me fez rir. Ri baixinho e sua postura desarmou surpreso pela minha reação — Por que está rindo? 

— Eu não sei — aproximei-me dele, dedos percorrendo seu abdomen tocando delicadamente, ele soltou os braços me olhando com curiosidade, sentiria falta dele todos os dias — Pense, quer mesmo que eu fique?! Acha mesmo que ficar é uma ideia melhor? — ergui o olhar em sua direção, podia afirmar ver a duvida em seus olhos, a vontade que eu permanecesse em conflito com a decisão mais acertada. 

— A um ano atrás se eu dissesse pra você ficar em casa enquanto eu resolvia tudo você o faria, certo? — assenti, era exatamente o que ia fazer — Não fui apenas eu que mudei, então. — um longo suspiro foi liberado por ele — E se passar mais que dois meses, Rosie?! Julgamentos assim podem se arrastar por muito mais tempo.

— Então espere por mim, porquê vou esperar por você, Harry.  — ele expirou de modo impaciente.

— Por que você tem de dizer isso? — reclamou, antes que argumentasse ele segurou meu rosto entre as mãos e me beijou, ele pegou-me de surpresa por um breve momento antes que eu pudesse retribuir, recuei até junto a bancada, as mãos de Harry seguraram minhas coxas me dando impulso para sentar sobre o mármore frio — E se conhecer alguém lá? — perguntou num sussurro sem folego.

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