tea parties and tattoos - yoonmin

perfeito

yoongi

"- namorado, então?"

não sei que tipo de resposta eu espero para essa pergunta. se jimin realmente tiver algum interesse por homens, como posso esperar que ele simplesmente se confesse para alguém que é praticamente um estranho? se ele for hétero, espero que ele seja um dos bons. o máximo que eles fariam seria rir e fazer alguma piada. no entanto, considerando a realidade do nosso país, as chances de isso acontecer são mínimas. não conheço jimin há tanto tempo e, apesar de ele não me parecer alguém ameaçador, não sei do que ele é capaz.

todos esses pensamentos se passam pela minha cabeça nos três segundos que jimin demora para me responder. nesse tempo, também aproveito para estudar suas expressões, em busca de alguma dica de como será sua reação. assim que as palavras deixam minha boca, toda a cor some de seu rosto. em algum lugar distante no fundo da minha mente, registro que essa provavelmente é a primeira vez que o vejo sem que suas bochechas tenham um adorável tom avermelhado. contudo, o momento dura pouco, e logo o rubor retorna às suas bochechas à todo vapor.

- não, hyung - ele responde, sua voz soando sem ar. - sem namorado também.

acho que essa era a resposta que eu espero. uma resposta que, de alguma maneira, dá a entender que jimin é como eu. uma resposta que enche meu peito de coragem.

- bom - digo, enfatizando a palavra e torcendo para que ele entenda corretamente. - eu também não tenho namorado, se você quiser saber.

o silêncio que cai sobre nós é tão tenso que posso quase tocá-lo. jimin mantém os olhos em suas mãos, mas eu quase posso ver seu cérebro trabalhando, tentando processar minhas palavras. por alguns segundos, me apavoro ao pensar que entendi tudo errado, e que disse a coisa mais errada o possível. não tenho muito tempo para me arrepender se minhas palavras, no entanto, pois a senhora ahn logo chega com nossos pratos.

a expressão de jimin muda em segundos. ele abre um sorriso e agradece suavemente a idosa. seu sorriso não chega aos seus olhos. antes que eu possa perguntar se há algo errado, jimin exclama:

- bulgogi! hyung, muito obrigado por esse jantar!

eu não consigo responder mais nada além de um pequeno "de nada" quase inaudível. jimin logo começa a comer, e eu, sem saber o que fazer, sigo timidamente atrás. nossa refeição é iniciada no silêncio, um silêncio tão desconfortável que quase sinto a minha pele coçar. um silêncio tão desconfortável que me força a quebrá-lo:

- e-então, jimin, por que você não me conta um pouco sobre você? - começo, tentando fazer minha voz soar o mais natural o possível, porém sentindo um peso afundar no fundo de meu estômago. - sabe, de onde você vem, do que você gosta, essas coisas.

jimin parece pensar por um segundo antes de responder:

- não há nada de muito interessante sobre mim, hyung. por que você não fala sobre si mesmo antes?

sua voz é tímida e ele parece estar envergonhado. como não quero deixá-lo ainda mais desconfortável, começo a falar:

- tenho certeza que isso não é verdade, mas vamos lá. eu nasci em daegu e morei lá a minha infância inteira. me mudei pra seoul quando estava começando o ensino médio. trabalhei em vários estúdios de tatuagem antes de abrir o meu próprio.

a partir disso, jimin começa a fazer perguntas, e nós engatamos em uma conversa agradável. o foco da conversa, no entanto, ficou apenas em mim. o rapaz não deixou que eu direcionasse a conversa para si nem por um instante. logo, terminamos de comer o prato principal.

- você vai querer sobremesa? - pergunto a jimin.

por um segundo, o rosto de meu vizinho se ilumina, e eu me sinto esquentar, achando que talvez esse jantar não esteja indo tão mal quanto eu imaginava, que meu ato de agradecimento não havia sido um fiasco. no entanto, sua expressão se fecha tão rapidamente quanto se abriu, e a minha sensação de segurança se vai na mesma velocidade.