resolvendo

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jimin

pela décima vez no dia, me pego brigando comigo mesmo por ser tão fraco.

eu não planejei ficar em casa todos esses dias. eu nem quero isso. mas toda vez que o despertador toca de manhã, o vazio em meu peito me prega a cama, e eu sou fraco demais para vencê-lo. hoje não foi diferente. demorei quase uma hora para conseguir sair da cama e me forçar a ir até a cozinha comer algo. bom, olhando pelo lado positivo, pelo menos já estou conseguindo manter a comida em meu estômago sem maiores problemas.

fazia tempo que eu não tinha uma recaída feia dessas. meses. a entrada de yoongi em minha vida claramente balançou a estabilidade que eu acreditava ter. eu não o culpo, obviamente. a culpa é minha. e de beomseok.

estou terminando de comer um potinho de iogurte quando escuto batidas em minha porta. estranho, pois claramente não estou esperando ninguém. pensando que é apenas um vizinho querendo algo, ignoro - finjo que não estou. não estou com a mínima disposição para lidar com pessoas agora. as batidas soam novamente, e eu tento ignorá-las mais uma vez, mas uma voz familiar muda meus planos.

- park jimin, se você  estiver aí dentro e não abrir essa porta em trinta segundas, eu vou arrombar!

eu reconheço a voz de jin em segundos e, assim que registro suas palavras, levanto do sofá e vou rapidamente até a porta, pois sei muito bem que meu hyung pode estar falando sério, jin está parado do outro lado quando abro a porta, com os braços cruzados e uma expressão séria em seu rosto - suas sobrancelhas franzidas e suas bochechas vermelhas. quando seus olhos pousam em mim, no entanto, suas feições suavizem-se imediatamente.

é só então que eu tomo consciência do meu estado. meus olhos devem estar inchados de choro, e as olheiras embaixo deles devem estar mais intensas que o normal, pelas últimas noites mal dormidas. meu cabelo deve estar ainda mais caótico do que ele já é, e eu estou vestindo a mesma roupa que usei nos últimos cinco dias - a enorme blusa que eu uso de pijama e um short de tecido velho e surrado. eu provavelmente estou fedendo.

- ah, jiminie - diz jin suavemente, entrando em meu apartamento. preocupação preenche a sua voz. eu fecho a porta atrás dele. - o que aconteceu?

em um segundo, eu estou parado em frente a jin, tentando achar as palavras certas para explicar a situação. no outro, estou pressionado contra o seu peito, meu corpo tremendo com soluços. jin me aperta com força contra si, correndo uma das mãos pelo meu cabelo enquanto a outra acaricia delicadamente as minhas costas. ele me guia lentamente, ainda me segurando, até o sofá, onde ele se senta encostado no braço do mesmo e me puxa para ficar no meio de suas pernas apoiado de lado em seu torso. eu me aconchego aí, só então percebendo o quanto eu precisava de contato, e meu hyung me deixa chorar por mais alguns minutos. quando me acalmo o suficiente, ele pergunta novamente:

- o que aconteceu, minie? o que aquele cara fez?

- e-eu... - começo a responder, mas paro quando minha mente registra a segunda pergunta de jin. - espera, o quê? que cara?

- o cara do jantar, minie? o vizinho? - ele fala, como se fosse óbvio. - o que ele fez?

me apoio em seu peito e me empurro para cima, me sentando. encaro-o com um olhar questionador.

- yoongi não fez nada de errado, hyung - respondo. jin revira os olhos.

- vamos, jimin, você sabe que não precisa mentir para mim. pode contar, o que aquele babaca fez?

- babaca? não! hyung, - começo, assim que assimilo as palavras de jin. - não é mentira! yoongi-hyung não fez nada de errado. na verdade, se eu tivesse que por algum defeito naquela noite, seria que ela foi boa demais. se a culpa de eu estar assim é de alguém, é do meu cérebro ferrado que me faz fazer essas coisas.

tea parties and tattoos - yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora