Capítulo 5

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Braços fortes me tiraram de cima de Lince, não me incomodei em ver quem era, uma cotovelada bastou para que eu me soltasse e que eu pudesse voltar a soca-la com toda a força. Ela não revidara, não sabia se era por surpresa ou porque ela realmente esperava por isso, mas ela não fizera nada.

Alguém voltou a tentar me impedir, agarrando-me pela cintura, prendendo meus braços, por fim imobilizando-me. A raiva ainda me cegava, eu tentei me soltar, esperneando, batendo.
Lince se levantou, limpando o sangue que escorria pelo nariz, ainda que machucada, me lançou um sorriso vitorioso. Porque de qualquer forma, ela havia vencido. Eu fiz exatamente o que ela queria.

Lince se aproximou de mim, com o rosto inchando, o lábio cortado e o nariz sangrando e me deu uma coronhada, som do metal em contato com minha nuca se repetia como um eco. A última coisa que vi foi o seu maldito sorriso de escárnio.

O que eu não daria para arrancá-lo de seu rosto?

Acordei com frio.

Estava numa sala cinza, que mais parecia ser feita de metal, a escuridão do lugar me impedia de ver com clareza, mas grandes barras de ferro separavam o lado de fora e eu. Minhas pernas fraquejaram quando tentei me levantar do chão sujo, uma voz vinda de fora da cela me manda de volta para o chão.

- O quê foi que você fez, garota? - um homem magro que eu não havia notado antes agora estava perto das grades.

- Não é problema seu. Cuide da sua vida, que eu cuido da minha - sibilei tirando o pó das minhas roupas.

- Se está aqui é problema meu sim, garota. Mesmo se não quiser falar, eu vou acabar sabendo de qualquer forma. - ele rebateu e eu fechei a cara. Onde exatamente é aqui?

- Onde eu estou? - perguntei já perdendo a paciência.

- Diga-me o quê fez, e eu te digo onde você está - ele sorriu e alguns ossos apareceram, lhe dando uma aparência cadavérica. Revirei os olhos. Mas que porcaria de joguinho era aquele?

Torci o nariz, aceitando a condição imposta pelo homem-esqueleto. - Agredi minha professora, Lindsey Black. Satisfeito?

Ele riu como se eu tivesse contado uma piada ótima. Tive vontade de bater nele também. - Ah garota! Lince não te deixaria sequer chegar a mais do que três metros perto dela, se fez isso foi porque ela quis.

Ignorei o homem-esqueleto, sentando no fundo da cela com a cabeça entre as pernas. Ele não me disse nada do que eu já não soubesse.

- Agora me responda, onde estamos? - respirei fundo, na verdade, não querendo saber a resposta.

- Plataforma Um, no subsolo. Como alguns preferem chamar: masmorras - ele riu como se fosse um jogo divertido. Aquele homem parecia um doente.

Masmorras.

Tive tonturas, passei as mãos pelos cabelos freneticamente, podia sentir um pouco de sangue seco neles, era uma sensação estranha.

As horas passavam, o homem magricela havia sumido, eu começava a entrar em desespero.
Vi uma movimentação estranha no escuro. Tinha alguém ali.

Ele se aproximou, entrando no meu campo de visão. Um homem jovem, moreno e musculoso, vestindo uniforme. Diretor Zender.

- Olá Rayrah Scarllet. Houve um incidente mais cedo, certo? Eu gostaria de saber o que aconteceu. - ele sorriu amigável, eu não gosto dele.

- Não responda - a voz de Charslie enche meus ouvidos num sussuro baixo. Se ele estava ali o tempo todo, por que diabos não falou comigo?!

Segui seu conselho, fechando a cara para Zender.

As Crônicas de Rayrah Scarlett: Mistérios em Mondian [RETIRADA EM 25/01/22]Onde histórias criam vida. Descubra agora