VINTE E NOVE

4.5K 570 25
                                    

   — Eu não trouxe nada para cá  — observei o Nick correr e se jogar em uma espécie de casinha estupidamente cara que o Fragoso providenciou para ele. Quando eu digo que ele é mimado demais, não estou exagerando. — Até o Nick teve o direito de trazer a tigelinha dele e eu mal pude pegar algumas peças de roupa.

   A risada dele ecoou na cozinha. 

   — Não vou te deixar voltar lá, Joyce. 

   Ok, eu estava tentando fazer ele me deixar ir lá e me trancar até ele me esquecer. Mas, parece que não deu muito certo. Droga de homem que me conhecia tão bem! Nem mentir eu posso!

  — Está muito calada, meu apartamento não é tão ruim assim... Nem eu. — apareceu na pseudo porta da cozinha, a camisa tinha sumido e agora só restava a bendita bermuda sem nada por baixo. 

   Eu salivei, era como se estivesse perdida em um deserto e ele fosse a única poça d'água. 

   Permaneci em silêncio, engolindo a seco. Não podia bancar a maluca e transar com o Guilherme. Seriam dois meses presa, encarcerada e morando com ele, foder com ele não estava na minha lista de pretensões. 

   Tudo bem que, pela a a aparência dele, ninguém diria que é um martírio. 

   Mas, parece que o Fragoso não está disposto a me dar uma trégua.

     — Você está sem nada aí debaixo, sem camisa, fazendo lasanha e provavelmente, se eu me levantar ou sequer me virar para te olhar, vou me trair e nós vamos transar no chão dessa cozinha — não se enganem, eu queria. Muito. Guilherme é um pecado ambulante. E eu não nego: nasci para me afundar e pagar todas as penitências sem dar um pio. 

    — Está insinuando que estou te seduzindo? 

   Eu ri.

— Não comece um jogo que não vai conseguir terminar, Fragoso. 

   Ele cruzou os braços, sorrindo de um jeito que deveria ser proibido.

    — Meu doce... — um passo, dois passos, três passos... — Eu só invisto nos lugares certos— piscou e eu jurei que se ele me beijasse, eu esqueceria essa besteira e me entregaria. Sem frescuras ou expectativas. Só para matar esse desejo infernal. 

    — Quer jogar? — ri — Porém, lembre-se, eu sou virgem, mas a ingenuidade passou bem longe de mim. Quando o assunto é sexo, — me levantei, aquela cobertura luxuosa me deixava com a sensação de estar em um sonho. Ficando a uma distância segura, balancei a cabeça, soltando o meu cabelo do coque frouxo que fiz, agradecendo mentalmente a recente hidratação — eu posso te surpreender, Fragoso. 

   Guilherme abriu a boca, sem saber o que falar. 

   Prendi o sorriso e tive uma súbita ideia. 

   — Sempre quis fazer algo... — comentei, tímida.

   Ele inclinou a cabeça.

   — Uma coisa que te deixa com vergonha? É algo pervetido? Safado demais? — começou a chutar e eu podia ver os olhos azuis esverdeados brilharem com as ideias maldosas. Tive que rir e mexer a cabeça, negando toda aquelas pornografias (que eu até gosto), que estavam passando pela mente dele. — Então o que é? 

   — Tem sistema de som? — perguntei, amarrando o cabelo novamente. 

   Guilherme aquiesceu, dando de ombros.

   — Óbvio — estendeu o celular — Você controla pelo aplicativo... Para quê você quer isso? — enrugou a testa e eu sorri, digitando o nome da música. O mesmo aplicativo regulava a iluminação do lugar. Escondi a surpresa com sofisticação dessa cobertura. — Ihhhh —murmurou, vendo a luz baixar — Estou fiando com medo... Vai me matar? 

O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter'sWhere stories live. Discover now