— Como é que é?!
Eu falei desde o começo que essa volta repentina da Jess não me cheirava bem. E não falo só do perfume extremamente adocicado dela, mas sim do real motivo. Minha mente estava prestes a transbordar com a quantidade de perguntas que a rodeavam agora. Quem queria nos separar? Como sabiam que eu tenho que me casar com o Guilherme? E, porque diabos, a Jess se meteu nessa história?
Fragoso parecia ter visto um fantasma, enquanto eu tentava não surtar.
Mentira, já estava surtando.
— Você saiu da casa da mãe Joana para vir se meter entre mim e o Guilherm... Ei! — sim, eu mesma me interrompi — Você não é publicitária? O que quer dizer com "fui contratada"? Virou garota de programa? Isca?
Jess deu de ombros, como se realmente não estivesse ligando muito.
— Prima, gosto de novidades. E a quantidade de dinheiro que me ofereceram se igualava a uns dois anos de trabalho árduo. — ergueu as sobrancelhas, como se isso justificasse. — E sem papinhos sobre honra. Eu sabia que você trabalhava no Imperium, por isso vim para cá — olhou para mim, depois para o Gui — só não sabia que, além de ser a Superintendente, você era a dita cuja de quem eu teria que roubá-lo.
Céus, como ela trata isso com uma naturalidade dessas? Parece que está me contando que vai comprar umas coisas e só! E por que estou tão agoniada? Eu não decidi nada ainda! Apesar que... Ah, não vou perder o Fragoso.
E falando nele...
— Qual foi o investidor? Sócio?— a voz dele estava absurdamente grossa e não me pareceu muito contente quando a Jessyca começou a rir.
É, acho que a baladinha de comemoração foi por água baixo.
— Como tem tanta certeza? — ela cruzou os braços — Só me disseram que você tem um contrato milionário que o obriga a se casar com uma garota específic... — Jess fica boquiaberta, me encarando — É você? — apontou para mim, surpresa. — Ele tem que se casar com você em menos de um ano ou perde todos os bens?
Suspirei.
Falando assim, fica bem mais sério do quê aparenta.
Mas é realmente isso, estou com a vida do Fragoso nas minhas mãos.
— Sim. — massageio minhas têmporas.
— Como você fez isso? — ela realmente está admirada?
Revirei os olhos.
— O nome de quem te contratou. — Guilherme ignorou toda a ceninha, soltando o cinto e se virando. Os olhos estavam mais claros que o normal, iluminados pela luz da rua. — Jessyca, fale por favor.
Jess me fitou.
— O que te garante que não foi a Joyce que me contratou para se livrar da responsabilidade? Até porquê, — me encarou de cima a baixo — minha prima pode ter mudado, mas uma coisa que me lembro bem é que ela sempre odiou a ideia de se casar com alguém...
Fitei tudo aquilo com a mais completa cara de ultraje.
Aquilo era idiotice!
Ainda bem que o Fragoso está rindo...
Ei, porque ele está rindo?
— Senhorita, vou te dizer uma única vez — respirou fundo, ainda soltando umas risadinhas — A Joyce não faria isso, porque é mulher o suficiente para dizer na minha cara que a última coisa que quer é casar comigo. E outra...— coçou a garganta — Eu não sou adepto a ameaças, até não gosto de fazê-las... Mas, pelo que vê, é o único jeito de sobreviver nesse meio — coçou a barba de um jeito sexy — Então, já que falou sobre "garantia" — fez aspas no ar — me diga quem é o seu contratante, pois eu garanto que não sou um inimigo que você vai querer ter.
Não fiquei surpresa, estava acostumada a escutá-lo, porém confesso que toda vez que vejo isso de perto, meu corpo se manifesta e é impossível não ficar fixada na cena. E, óbvio, me diz a mulher que não ficaria molhada ao ver esse pedaço de homem agir tão... Ah, é inexplicável.
Jess balançou a cabeça e sorriu.
— Dobre a quantia e nós conversamos.
Ele a olha e sorri.
— Eu sabia — me olhou de soslaio e eu contive a minha vontade de bufar — Eu triplico.
Ela assoviou, se virando para mim.
— Joy, você tirou a sorte grande... — disse, olhando descaradamente para ele — Ele sabe que você nunca beijou? — novamente, vemos aqui uma tentativa de me colocar para trás.
Já ia abrir a boca quando a voz do Fragoso soou:
— Não só sei, como não dou a mínima — fez a maior cara entediada — E é um atrativo a mais, saber que ela vai compartilhar várias primeiras vezes comigo e... — ele destrancou as portas — Isso não lhe diz respeito. Acho que já deu a sua hora. Da próxima vez que nos falarmos, estarei com meus advogados.
Jess riu.
— E eu estarei com meu corpo, só com uma lingerie debaixo de um sobretudo... — desceu do carro — Ou melhor... Sem nada. — piscou e se virou, entrando no meu antigo prédio.
Bufei.
Ela conseguia ser a verdadeira femme fatale só com uma frase.
Guilherme revirou os olhos, trancando as portas e dando partida no carro.
Suspirei.
— Acho que já sabíamos que isso ia acontecer...
Ele deu um soco no volante.
— Droga! — xingou — Tem alguém querendo roubar o que meu pai deixou para mim! E tudo que consegui erguer depois com o meu suor! — reclamou, a testa vincada com a raiva, a veia do pescoço saltada e o rosto avermelhado — E o pior é tentar destruir isso que temos e que já é complicado por si só!
Pouso, sem pensar, a mão na coxa dele, numa tentativa de tranquilizá-lo.
— Guilherme. — chamei.
Ele solta o ar.
— Joyce, isso não é uma boa hora para surtar. — suavizou a voz, lançando-me um olhar mais tranquilo. — Minha cabeça está muito cheia, por favor...
Escorrego um pouco mais a mão e ele ergue as sobrancelhas.
— Vamos para a casa, Fragoso — sussurrei — Sei de um jeito de esvaziar a sua mente.
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O Sabor Dos Seus Lábios - As Whiter's
RandomASSIM COMO MAR CALMO NUNCA FEZ BOM MARINHEIRO, SÃO OS INVESTIMENTOS DE RISCO QUE FAZEM OS EMPRESÁRIOS DE SUCESSO. O que uma mulher bem sucedida que venceu vários preconceitos por ser jovem e acima do peso, conseguindo chegar ao cargo de Supe...