Uma pausa para o autoboicote

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Primeiro de tudo: Esta não é uma estória bonitinha.

Sério. Não é.

Segundo, apesar da referência a um dos grandes dogmas da doutrina cristã — a existência do céu e do inferno —, também não se trata de uma estória religiosa, ou pelo menos não a princípio.

Então alguém pode se perguntar: “Mas do que é essa história?”.

Questão pertinente, até. A resposta porém é inexata. Isso, talvez, pela quase completa incapacidade do autor em qualificá-la precisamente. Se fosse para arriscar eu diria que há um certo cunho filosófico. Ah, mas isso é muito chato!, certamente a maioria vai dizer. E eu é que não vou discordar, pode ter certeza. No entanto, ainda se trata de uma estória, construída para ser intrigante, interessante, e quiçá, edificante — mas não assumo a prepotência do último. Outra opção seria dizer que se trata de um suspense; e, é, pode ser.

Finalmente, vale observar que esta não é uma estória tão simples. Para quem está acostumado com aqueles textos mastigados, engolidos, digeridos e defecados, provavelmente essa não é a melhor opção de leitura. Não sou nenhum José de Alencar, é bom que se diga, e eu sei que me autoboicoto quando procuro escapar dos lugares comuns que o dito comercial exigiria. Entretanto, nutro uma pretensão em entregar algo que não seja tão gratuito. Um conto que, se não custa um tostão qualquer para ser lido, custe ao menos o pensamento, a reflexão, o punhado de tempo, e que o valha realmente. Mas olha eu aí de novo!, sendo prepotente na minha pretensão.

Em complemento disso quero registrar algo que me ocorre agora. Ao ler as primeiras versões do conto que se segue, meu bom amigo Klifferson confessou não ter entendido exatamente (para não dizer bulhufas) para qual direção o personagem foi, voltou, foi de novo, deixou de ir, etc., em determinado momento da narrativa. Pois é, pode ser que tenha ficado meio mal explicado mesmo. Mas, para não me autoboicotar novamente, vou atribuir o ruído à densidade do texto. De qualquer maneira obriguei-me a fazer uma reparação. Assim, espero que o raro leitor(a) que decidiu seguir em frente apesar de tantos pesares compreenda qual é o caminho do céu e do inferno quando se deparar com eles. E aproveitem o caminho!

Jobson Barbosa
São Paulo, 31/10/2017.

Caminhos de Céu e InfernoWhere stories live. Discover now