capítulo-41

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Sinto o sangue ferver, levanto o punho mas sou segurado por Poe que leva o dedo até os lábios pedindo silêncio, Thiego limpa um filete de sangue que escorre por sua boca e tenta se levantar, mas leva um chute nas costelas de outro guarda e caí no chão com um gemido de dor:

- Isso é tudo?- provoca mesmo no chão- são um bando de covardes.

Sinto uma pontada de orgulho em meio a preocupação, então um dos guardas, que está usando uma espécie de colete no pescoço, aponta a espada para o pescoço dele, Nervan:

- Então você prefere morrer a se juntar a nós?- pergunta com a espada tocando seu pescoço- que tal adiantar o processo?

Thiego consegue se erguer e encara o rosto de seu carrasco com raiva no olhar:

- Vamos, vou morrer lutando.

Não penso com toda a força de vontade que consigo, então todo o círculo de homens caí no chão com o corpo fervendo por dentro, consigo me soltar de Poe e corro até ele passando suas mãos por meu pescoço e o ajudando a levantar saímos as pressas da catacumba e finalmente paro, e me ajoelho no chão o colocando encostado na parede, atrás de nós vemos Poe ajudando Will com suas muletas:

- Você ficou louco?- pergunta Poe com um semblante severo mas sua voz orgulhosa o engana.

- Não podia deixar que o matassem- falo me virando para o garoto que desmaiou, e passando a mão por seus cabelos platinados- ele também não.

- Não sabia que tinham chegado a esse nível- afirma Will com a testa brilhando de suor pelo esforço- quantos homens já morreram por causa de sua lealdade?

Abaixo a cabeça em silêncio:

- Ele deve saber de alguma coisa- diz Poe- vamos conversar com ele quando acordar.

- Na enfermaria não- retruco- agora que grande parte do seu exército não está do seu lado, temos que ter cuidado, as paredes tem ouvidos e as portas também.

Ambos assentem:

- Vamos leva-lo para o meu quarto e chamem Sarah e Mirella, elas precisam saber de algumas coisas.

Deito o corpo de Thiego em minha cama com cuidado para não machuca-lo ainda mais, e Mirella e Sarah entram no quarto as pressas, Sarah se aproxima do garoto na cama e leva a mão a boca:

- Céus, o que aconteceu com ele?

- Vou explicar tudo a você, mas agora... pode cura-lo?- peço.

- Cla..r..o que sim- gagueja- você pode trazer uma bacia com água?

Vou até o banheiro e pego uma bacia, encho-a até a boca e levo até a cama, ela fecha os olhos e relaxa todo o corpo, uma bolha de água flutua da bacia e me afasto indo para perto dos outros, aos poucos a bolha se transforma em uma tira, que circula o corpo do garoto e se acopla a sua pele, formando uma camada, seus músculos tensionam e tomam os lugares corretos, aos poucos seus cortes se fecham, então a camada de água se dispersa, vermelha por causa do sangue, voltando para a bacia, o corpo da princesa tomba para o lado e a seguro nos braços:

- Eu estou bem- fala- só fiquei cansada.

A ajudo a se firmar de pé no chão, e observo o garoto, que agora parece em perfeito estado, está até sorrindo:

- Por que ele está sorrindo?- pergunto me virando para ela.

- Eu...- começa- talvez tenha manipulado os sonhos dele.

Todos emitem um "ham?" Mudo inclusive eu:

- Pode manipular sonhos?

- Eu não sabia- se adianta a dizer- descobri agora, antes eu só podia ve-los.

- Então você consegue ver com o que as pessoas estão sonhando- pergunta Poe e ela assente- então não entre na mente do Jason, ele veio tendo uns sonhos meio constra...

Dou-lhe um soco no meio da cabeça o impedindo de continuar:

- Com quem?

- Ninguém- respondo rápido- agora sentem- se- falo para as garotas, tenho muito a falar.

Conto tudo, desde as conspirações, as os planos futuros, falo de Prescoot, mas omito a parte sobre a feiticeira, isso é um assunto para o futuro, elas me encaram boquiabertas, Sarah se levanta e me dá um tapa no rosto com tanta força que quase caio da cadeira, sinto um lado do rosto congelar:

- Por que você não falou isso antes?- fala com a voz mortalmente calma- eu poderia ter ajudado!

- Ei, calma- diz Mirella segurando a amiga pelos ombros a impedindo de finalizar o trabalho.

- É por isso que não damos certo!- acusa ainda tentando se acalmar- você não confia em mim.

Quando ela se recupera do ataque de fúria desaba na cadeira com as mãos sobre o rosto:

- Minha casa, preciso ajuda-los...

- Nós vamos- confirmo.

Então ouço um murmúrio, viro-me para cama e vejo que Thiego está acordando.








1- Crônicas Elementares - Água E FogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora