TPM || LXI

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Eduardo ficou o dia todo conosco e foi embora apenas pela tarde, pelo que nos contou, ele tem problemas com sua mãe e passa mais tempo fora de casa do que dentro. O Lucas não falou comigo o restante do dia, estranhei um pouco mas achei melhor assim, afinal, já são 22:35 mas o fato de não ter falado mais comigo me faz estar com saudade dele.

- Eu não aguento mais de sono. - Júlia diz se esticando na cama.

- Por que? - Pergunto. - Não fizemos nada o dia todo.

- Eu não dormi direito ontem, me estressei com o vestibular, fui pra festa e não dormi o dia todo.

- Não falou com o Mauro? - A questionei.

- Não, nem cheguei perto do celular pra não cair em tentação.

Rio e arrumo minha cama pra poder me deitar enquanto Júlia já estava atirada sob a dela. Ouço a campainha tocar e estranho pelo horário, vou até a porta e abro, revelando Lucas com um travesseiro embaixo do braço e pijama.

- Posso dormir aqui? - Ele me questiona.

- Por quê? - Pergunto confusa.

- Apareceu uma barata no meu quarto e eu não vou dormir lá. - Ele estava visivelmente nervoso, eu ria daquela situação.

- Você tem medo de barata? - Ele assente com a cabeça. - Mas Lucas, você é um milhão de vezes maior que ela.

- Não faz eu me sentir pior Maria, eu sei disso. - Ele estava tremendo.

Eu não conseguia controlar minha vontade de rir, mas o jeitinho dele todo nervoso fez eu me compadecer.

- Ta Lucas, vamos, eu mato a barata pra você. - Pego sua mão e vou em direção ao elevador.

- Não, espera. - ele puxa minha mão me fazendo parar. - Se tem uma, deve ter outras lá, né?

- Tem razão. - Volto pra dentro do apartamento. - Dorme aqui então e amanhã a gente da um jeito.

Vou até o quarto e ele vem atrás de mim, antes de entrar dou uma espiada na Júlia, ela estava me olhando curiosa, então eu entro e Lucas vem atrás de mim.

- O que é isso? A casa da mãe Joana? - Júlia pergunta.

- Lucas vai dormir com a gente hoje. - Digo pegando o travesseiro da mão do Lucas e colocando ao lado do meu.

- Ele teve pesadelo, foi? - Júlia provocou.

- Júlia. - Chamo sua atenção. - Menos né. - Deito na cama e puxo o Lucas pra deitar ao meu lado. É só hoje.

Deitamos cada um em sua respectiva cama e dormimos.

Sou despertada no meio da noite com o Lucas se virando na cama e com uma delicada cotovelada nas costelas, me sento na cama esfregando o local. Me irrito com aquilo e o empurro pra longe de mim, ele acorda e começa a gritar.

- Você é louca? Isso é jeito de me acordar? - Ele grita.

- Louco é você que me bateu. - Respondo irritada.

- Eu te bati? Desde quando Maria? Eu to começando realmente achar que você ta louca.

- Você me deu uma cotovelada e doeu. - Lamentei ainda zangada.

- Deve ter sido quando eu tava dormindo. - Ele reclama.

- E daí? Doeu do mesmo jeito. - Gritei.

- Se os dois continuarem gritando assim eu vou ai e não vai ser legal. - Júlia resmunga do outro lado.

- Essa sua amiga ta precisando ser internada. - Lucas vira de costas pra mim e cobre o ouvido.

- E você é um grosso e estúpido. - Eu grito mais uma vez. - Eu te falei que essa cama é muito pequena pra nós dois.

- Se você não fosse tão espaçosa daria perfeitamente pra nós ficarmos aqui. - Ele resmunga.

- Eu não entendo como vocês namoram. - Júlia acende a luz e se senta na cama.

- Namo... o quê? - Eu pergunto. - Ninguém namora aqui Júlia.

- Ah sim. - Dessa vez Júlia grita. - Maria me responde quando foi a última vez que você ficou com um menino sem ser o Lucas.

- Sei lá Júlia. - Dou de ombros.

- Viu. - Júlia disse. - Lucas quando foi a última vez que você ficou com uma menina sem ser a Maria.

- Antes de ontem. - Ele responde e dessa vez dói mais que a cotovelada.

- Sério? - Júlia pergunta tão em choque quanto eu.

- Não né Júlia. Eu to brincando. - Lucas responde.

Eu levanto da cama rapidamente.

- Viu Julia? Viu por que nós nunca namoramos e nem nunca vamos namorar? Eu nunca sei quando ele fala a verdade e quando ele ta brincando e isso me irrita profundamente. - Digo segurando as lágrimas.

- Você que não tem senso de humor. - Lucas grita.

- Vai se foder. - Grito por fim.

Arranco meu travesseiro dele e pego um cobertor que estava no canto da cama, vou até a sala e me atiro no sofá lá. Cubro minha cabeça e choro baixinho pra ninguém ouvir.

Ponto de vista: Lucas

- Qual o problema dela? Tem hora que é toda amorosa, tem hora que se irrita. As vezes eu me canso. - Digo irritado.

- O problema da Maria é muito mais simples que você pode imaginar. - Júlia diz e eu a olho. - TPM!

- Isso nem existe Júlia. - Dou um risinho. - O problema da Maria é bipolaridade mesmo.

- E a TPM da o quê? - Júlia questiona. - Bipolaridade. Ela brigou com você agora, tenho certeza que ela tá chorando nesse momento.

A ideia dela estar chorando me revolta o estômago, meu coração aperta.

- Será que ele gosta de mim? - Questiono.

- Você ta tirando leite de pedra com ela. Eu a conheço desde que tínhamos 5 anos e posso te garantir, Maria nunca se apaixonou por ninguém e eu percebi que os olhos dela brilharam desde a primeira vez que conversou com você. - Júlia disse.

- As vezes parece o contrário.

- Eu sei, mas é por que ela nunca demonstrou sentimento pra ninguém e isso é muito estranho pra ela.

Balanço a cabeça em sinal de positivo e vou em direção a sala, antes de passar pela porta Júlia me chama.

- Lucas. - Eu a olho. - Não diz pra ela o que eu te falei sobre TPM, por mais que a gente saiba que estamos, nos mulheres nunca admitimos isso.

Rio e vou até a sala, ela estava encolhida no sofá com a cabeça coberta. Sento no chão perto dela e passo a mão nos seus cabelos que fugiam do cobertor.

- Maria, vamos voltar pra cama? - Digo. - Aqui não deve ser muito confortável.

- Não quero. - ela diz e eu ouço sua voz fanha do choro.

- Maria. - A chamo e puxo o cobertor do seu rosto a fazendo olhar pra mim. - me desculpa, mas eu não vou dormir sem você esta noite, maior que o meu medo de barata, é só o meu medo de perder você.

Tinder - T3ddyWhere stories live. Discover now