Sumida || LXXXII

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Se tem uma coisa que irrita é chegar em casa e ver tudo uma bagunça e irrita ainda mais depois de ter feito hora extra e ter chegado as 22:00 e irrita mais ainda isso acontecer quando sua amiga ganhou o dia de folga e não fez nada o dia todo.

Largo minha bolsa emcima da mesa e vou procurar a Júlia esperando que ela tenha um bom motivo pra não ter feito nada o dia todo.

- Júlia posso saber por que você não fez nada o dia todo? - Abro a porta do quarto e vou logo perguntando.

- O Mauro brigou comigo. - Ela começa a chorar.

- E isso é motivo pra ficar o dia todo na cama? - Cruzei os braços e avaliei a deprimente criatura de pijama com uma caixa de lenço do lado.

- Você ficou. - Choraminga e seca as lágrimas com o lenço.

- E desde quando eu sou inspiração pra alguém? - Arqueio uma sobrancelha.

- Você é minha maior inspiração. - Ela vem em minha direção mas eu a impesso.

- Você tá fedendo a cama e a cabelo sujo Júlia. - Aperto o nariz. - Já pro banho.

- Não quero. - Faz bico.

- Você não tem querer Júlia. Vai tomar banho logo.

Mesmo hesitante ela vai pro banheiro enquanto eu fico dando uma ajeitada no quarto, quando termino o pequeno cômodo vou pro restante da casa.

Uma coisa que a Júlia fazia era demorar no banho, ela ficava cantando igual uma doida enquanto estava embaixo do chuveiro. Como eu estava com muita fome comecei a comer sozinha. Logo ela sai do banheiro vestida e com uma toalha enrolada nos cabelos.

- Júlia, sua mãe acabou de te ligar. - Grito da sala.

- Já vou. - Ela grita de volta.

Não resisto e dou uma espiadinha no celular dela, testo a senha antiga e me impressiono ao ver que ainda era o clichê, 1234. Abro sua galeria e rio baixinho ao ver as fotos daquela noite que saímos. Abro seu aplicativo de mensagem e vejo algumas conversas, não abro nenhuma, por mais que não pareça eu respeito a intimidade das pessoas, mas uma conversa em especial me chama a atenção.

- Lucas? - Me questiono baixinho.

Começo a ler as mensagens incrédula do que via, ali ela contava toda minha vida pro Lucas, desde a hora que eu acordo até a hora que eu me deito. Das vezes que brigamos e eu chorei, até cada buquê que o Pedro me envia. De repente uma raiva me invade e eu bufo irritada. Levanto de onde estava e piso pesado até o quarto.

Ponto de vista: Lucas

Eu terminava de editar um vídeo enquanto ouvia música e cantava quando ouço bater na porta. Tiro meus fones e paro alguns segundos para ter certeza do que estava ouvindo, um silêncio se faz então presumo que seja coisa da minha cabeça. Quando estava pretes a colocar o fone ouço novamente batidas na porta, levanto e destranco a fechadura me surpreendendo com quem estava ali.

- Júlia?! - questiono.

- Lucas. - Ela berrava como uma criança que acabara de apanhar. - A Maria e eu brigamos. - Ela entra porta a dentro e me abraça.

- E o que eu tenho a ver com isso? - Tento afasta-la mas ela gruda em mim.

- Vocês namoravam, deve se importar com ela. - Ela me solta e passa a mão no nariz que escorria.

- Não, eu não me importo. - Digo indo em direção a porta fazendo sinal pra ela sair. - Ela não te disse que terminamos?

- Tudo bem, eu entendi. - Ela vai até a porta e quando passa do batente para e se vira pra mim. - Eu comentei o fato dela ter arrumado as malas e ter ido embora sem me dizer pra onde e agora não atender mais? - Mesmo fanha ela balbucia.

- Droga, Júlia. - Volto pra dentro do apartamento correndo e pego meu celular. - Que horas foi isso?

- Agora você se importa? - Ela pergunta enquanto eu digito o número da Maria. - Acho que umas duas horas.

- Por que não veio aqui antes? - O celular toca mas vai pra caixa postal.

- Por que eu fiquei tentando ligar mas ela não atendeu. - Ela choraminga.

- Por que vocês brigaram? - Questiono digitando o número da Maria mais uma vez.

- Por que ela viu as nossas conversas e ficou brava. - Ela fala e eu resmungo com raiva. - Ela não entendeu que eu só queria ajudar vocês a ficarem juntos.

- Droga Júlia. Por que você não apagou? - Grito por mais uma vez a Maria não atender.

- Porque eu não esperava que ela fosse fuçar no meu celular e...

- Fica quieta. -Grito pra Júlia quando a Maria atende o celular. - Onde você está sua maluca?

- Não interessa. - Maria grita do outro lado da ligação. - O que foi? A Júlia já foi fofoquear sobre o que eu faço?

- Maria deixa de ser criança. - Coloco a mão na nuca e caminho até a porta da sacada. - Vai deixar nós todos preocupados. Fala onde você está.

- Quer saber onde eu estou? - Ela provoca. - Pergunta pro seu amigo.

- Que amigo? - Grito com o peito cheio de ciúmes.

- O Mauro. - Posso ouvi-la sorrir. - Eu to aqui na casa dele.

- O que você está fazendo aí? - Suspiro aliviado.

- Caso você não saiba eu não tenho ninguém aqui em São Paulo a não ser a Júlia e o Eduardo. A Júlia não quero vê-la tão cedo e o Eduardo tá na casa do namorado. Queria que eu dormisse na rua? - Sua voz era impaciente.

- Por que não veio pra cá? - Pergunto.

- Lucas preciso desligar agora ta. Tchau. - Ela não espera eu responder e desliga, tento retornar a chamada mas ela não atende.

- Droga. - Acerto um soco na parede.

- O que foi? Onde ela está? - Júlia pergunta.

- Na casa do Mauro. - Me sento no sofá recuperando o controle. - Ainda bem.

- Ah não. - Júlia começa a chorar novamente e se senta ao meu lado com a cabeça no meu ombro. - No Mauro não.

- Por que? - Questiono.

- Você não percebe? - Ela falava com dificuldade por conta do choro. - O Mauro e a Maria tem tudo a ver. Eles juntos sob o mesmo teto é questão de pouco tempo pra se conhecerem melhor e ficarem juntos.

Júlia tinha razão, Mauro e Maria eram muito parecidos no jeito de ser. Meu coração estremece e dessa vez quem sente vontade de chorar sou eu.

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