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Bem, todo mundo se machuca,
Às vezes todo mundo chora.
(Everybody Hurts - REM)
Will

Como um foguete voando em direção ao espaço, as férias de verão chegaram logo a última semana. Saber que em quatro dias estarei na universidade é uma responsabilidade inesperada depois das férias tranquilas que tive do lado da Heaven.

Para não acabar tendo problemas ao voltar pro futebol, decido trocar as caminhadas até a casa da Heaven por uma visita à academia durante essa semana. Ela, claro, acha ruim.

— Você pode fazer levantamento de livros, por que carregar essas barrinhas desconfortáveis? — reclama, sentada no aparelho ao lado.

É claro que ela veio me visitar quando soube que eu não ia até ela.

— Porque essas "barrinhas" me fornecem músculos necessários para o futebol. — respondo, sem perder o foco do levantamento.

Irritada, ela bufa e reclama de estar com tédio. Não obriguei-a a estar aqui, mas ela também não está por livre e espontânea vontade. O julgamento do Peter é em alguns dias, o Marcus pediu que eu não deixasse ela saber disso o quanto possível, até sabermos qual será a sentença dele. Estou responsável por ela hoje. Então eu saí do convencional e vim pra um lugar cheio de distrações, já que eu sabia que ela me seguiria, e aqui estamos.

— Posso ligar a televisão? — pede.

— Não. — respondo imediatamente — Por que você não, hm, lê no seu Kindle?

— Porque eu cansei de fingir que não sei que você está escondendo algo de mim. De novo — ressalta. — E visto que não estou podendo ter acesso a nenhuma mídia, o problema é nisso. Meu pai cortou a internet de casa sob a desculpa de estarmos nos mudando logo, a televisão foi junto, e agora você não me deixa ligar a TV nenhum dia aqui.

Adoro a sagacidade dela, mas não nesses momentos. Parei pra beber água e encaro a chuva roxa que o olhar irritado dela é.

— Baby, é melhor você não saber.

Eu decido o que é melhor pra mim, Will. E eu quero saber. — diz, decidida.

Bochecho a água e engulo. Tentar ignorar ela agora só piorará tudo, então conto:

— O julgamento do Peter já está marcado. Ele será acusado por mais de cinco crimes, podendo ficar atá oitenta anos na prisão.

Uma capa de lágrimas são as gotas da chuva púrpura que os olhos dela se tornam.

— E vocês planejavam esconder isso de mim por quanto tempo? — questiona furiosa.

Deixo a garrafa de lado e caminho até ela, sentando no supino. De pé e irritada, ela parece prestes a me matar.

— Até a sentença sair. Eu e o seu pai estávamos tentando te proteger, sua cirurgia tem só dois meses, passar por algo tão grande e tão cedo pode te fazer mal.

— Sabe o que me faz mal? Ser a última pessoa a saber de tudo! É o meu irmão, mesmo que o pai dele seja outro cara, mesmo que ele seja um idiota. — briga.

— Mesmo que ele tenha pedido para não te contar nada sobre isso? — denuncio.

Ele foi quem ligou pro Marcus pedindo, e os dois concordaram em manter a menininha da família no escuro, pelo bem dela.

Ela resmunga alguma coisa e os ombros tremem. Levanto e seguro os cacos dela quando ela quebra. Seguro apertado o corpo e beijo a testa dela.

— Por que vocês, homens, gostam de esconder coisas de mim? Não tem graça. — diz com a voz embargada.

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora