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Não posso chegar lá sozinho,
Você não pode me deixar aqui sozinho.
(Walls - Kings Of Leon)
Heaven

Como saímos no meio da tarde, precisamos parar para descansar antes de alcançar uma distância muito longa de Lincoln. Des Moines, no Iowa, é onde encontramos um hotel bom. Nem lembro direito como foi a noite, já que caí na cama e dormi facilmente. Acordamos na hora do almoço, comemos, e seguimos viagem. Ele diz que pensa em parar essa noite, porque ainda é uma viagem longa.

— O que você acha? — pergunta para mim sobre parar mais uma vez.

— Tudo bem. Eu posso dirigir, se você cansar.

— Bom, mas não está em cogitação você dirigir de noite quando seus óculos não são antirreflexos. Pode acontecer um acidente por causa disso.

— Eu sei. Durante o dia, usando meu óculos de Sol com grau, claro. Já te contei como fico maravilhosa nos meus óculos de Sol?

Ele ri disso. Liga o rádio e canta a música que está passando, tudo errado porque não conhece a letra, então inventa tudo. Rejeito a voz dele com uma careta de desagrado, mas também canto como um cabrito. Acabamos em coro, algo digno do Grammy... proibir nossa entrada em qualquer evento deles. No meio da estrada para fora do Iowa a gasolina fica criticamente baixa no carro, e brigo com ele por não ter notado isso antes, enquanto mastigo um pedaço do sanduíche com marmelada que trouxe para não morrer de inanição caso algo acontecesse com o carro. Como é o caso, me permito comer mais um pedaço.

— Como vou notar algo com você cantando no meu ouvido? — discute.

— Não sou uma sereia pra te enfeitiçar com o meu canto, era só ter olhado para o painel. E não aja como se não tivesse cantado também depois.

— O problema, querida, é que estamos no meio do nada. A última cidade que vimos foi Dixon, e nem sei quanto tempo faz desde então!

Abro o mapa do porta-luvas irritada, e digo:

— Rochelle está a algumas milhas daqui, não tire o pé do acelerador.*

A discussão esfria o clima no carro. Fecho os olhos e finjo dormir até chegarmos no posto. Desço para usar o banheiro, e o Will está na lojinha quando saio de lá.

— Ei príncipe. — chamo — Não temos todo o tempo do mundo para você comprar coisas. Logo vai escurecer.

Ele diz lá de dentro:

— Se vou suportar você por mais uma hora até a próxima parada, preciso de comida.

Definitivamente, estamos brigados. Abasteço o carro enquanto ele compra a comida, e estou fechando a porta do tanque quando ele volta. A comida é largada no banco de trás, e ele me olha.

— Vamos estipular algumas regras: você não grita comigo por uma coisa que eu sei que estão acontecendo, e eu não te coloco no primeiro avião para Jersey que estiver saindo do aeroporto mais próximo. Respeite o motorista, ele está tão cansado quanto você e querendo uma cama tanto quanto você.

— Tudo bem. Me desculpa. — peço honesta. Ele parece cansado mesmo. — Quer que eu dirija?

— Não, é só uma hora até Naperville, que é onde dormiremos. Eu consigo dirigir.

Abraço ele, e ele fica tenso antes de retribuir. Às vezes tudo que precisamos para nos sentirmos melhor é um abraço. Fico na ponta dos pés e beijo ele. Beijos também são bem-vindos. Ele segura minha cintura, e eu aprofundo. Ele geme. Eu aperto os braços dele. E então, um banho de água fria é derramado sobre mim:

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Onde as histórias ganham vida. Descobre agora