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Sim, eu tenho sentido de tudo,
Do ódio ao amor, do amor a luxúria, da luxúria a verdade.
(Kiss Me - Ed Sheran)

Heaven

O Peter consegue me ligar uma vez da prisão, mas é só pra dizer que está tudo bem e que ele ainda está vivo. Não me dá a chance de responder antes de desligar. Essa foi a única notícia dele que tive em semanas. Como eu estava em aula quando ele ligou, preciso voltar para a sala onde o professor apresenta as menores partículas existentes. Anoto tudo de maneira automática, e aprecio quando a explicação termina para a entrega das provas. Me sinto honrada ao ver o A lá, mesmo sem o +. Não é como se eu tivesse centrada na hora que fiz.

Encontro o Will conversando com uma colega de curso fora do prédio dele, depois que o horário termina. Cumprimento ela e ele pede licença ao ver minha expressão.

— O Peter ligou. Tentou me tranquilizar, mas quando ele tenta, sei que as coisas não vão bem.

— Heaven, talvez ele simplesmente esteja bem. Por que não?

— Porque ele não se importa em me dizer se ainda está respirando, por que me diria que está bem se estivesse realmente bem?

— O que você vai fazer?

— Vou tirar ele de lá.

Começo a andar para casa, onde poderei pensar com calma, mas o Will me para e me beija. Ele sempre me beija quando quer me distrair, mas eu preciso de carinho, então aceito que ele faça isso. Ainda segura nos braços dele, escuto ele dizer:

— Eu sei que isso é tudo que você tem pensado por semanas, mas pense nas consequências antes de agir impulsivamente. Você não está lidando com o valentão da quinta série, e sim com a justiça do país. Se der um passo errado, vai acabar no mesmo lugar que ele, e como eu fico? Desejando abraçar e beijar minha namorada, que estará muito ocupada vestindo laranja?

Coloco minha cabeça no ombro dele. Eu sou impulsiva e sei disso. Só que, nesse caso, não dá pra agir pelo que acho certo, quem vou lidar não dá a mínima para o que acho. Cautela é mais que necessária.

— Eu tenho um vestido laranja, vou ficar muito ocupada vestindo laranja amanhã quando usá-lo.

Segurando meus ombros, ele me encara.

— Você precisa relaxar. Vem, vamos sair daqui. Descobri um lago aqui perto, lá podemos pensar com o lado racional.

Vamos pra casa só para pegar algumas coisas, e logo estamos no carro em direção ao tal lago. O lugar fica meio isolado, e não vejo sinal de outras pessoas perto do lugar onde ele estaciona. Coloquei um biquíni porque falou em água já penso em nadar. Tiro a roupa dentro do carro e saio correndo para pular no lago.

— Você não tem medo do perigo mesmo, né? E se o lago fosse fundo?

— Uso óculos é pra enxergar, dá pra ver o solo sob a água. Está ótima, entra. — minto, porque na verdade, está bastante gelada.

Ele senta em um deque, colocando os pés na água e balança a cabeça pra minha mentira antes de tirar a camisa pular. Nada até mim, puxando minhas pernas em torno da cintura.

— Que bom que você mente agora.

Sinto a respiração dele na minha boca, e não espero nada antes de unir nossas línguas. Seguro os braços dele, ele me aperta mais perto. As coisas esquentam, apesar da temperatura de onde estamos. Ele grunhe.

— Eu ia dizer algo que não é agradável, visto o que minha família passou.

— Não precisa dizer nada.

Amor Falso - Série Endzone - Livro 3Where stories live. Discover now