CAPÍTULO 3

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A magia é uma força que flui pelo mundo, e as pessoas são como rios pelos quais essa força flui. Alguns são mais rasos, outros mais fundos. Alguns são calmos e outros ferozes. Alguns são largos enquanto outros são apenas pequenos córregos.

Valenttia era como um enorme rio com quilômetros de largura. Sua magia era uma correnteza feroz.

A jovem rainha de Adhelar era uma presença arrebatadora. Seus cabelos vermelhos eram como uma chama fluindo por suas costas enquanto ela atravessava o salão. Todos ali presentes se curvaram respeitosamente quando ela passou, caminhando a passos largos até seu trono prateado.

Diante dela havia onze homens, que juntos formavam o Conselho Real. Cada um deles era responsável por um departamento de governo, desde segurança até questões religiosas.

O Salão do Conselho era um cômodo quadrado de pedra crua, como boa parte do palácio. Janelas cobriam as duas paredes laterais do chão até o teto, banhando o espaço com a luz natural da tarde. Onze cadeiras adornadas, posicionadas em forma de arco, ficavam diante de uma plataforma mais elevada, na qual se encontrava o trono. No centro havia uma mesa redonda coberta por um mapa de Adhelar.

Os homens esperaram a rainha se sentar antes de fazerem o mesmo.

— Muito bem — ela disse—, fui informada de que temos alguns tópicos importantes para tratar hoje, então vamos dar inicio às atividades. —Valenttia passou os olhos pelos homens sentados, todos olhavam de volta para ela. — Lorde Akerten, por favor.

O homem em questão ficou de pé. Ele segurava um envelope.

— Majestade, se me permite, recebi uma carta de Aiubelt, escrita por um líder local. Ele relata uma seca que assola a região há alguns meses, e informa que ficarão sem água em questão de semanas. Devido aos grandes esforços que têm sido destinados às obras da barragem em Malacardi, creio não haver uma solução imediata para o problema em Aiubelt. Redigi uma resposta aos líderes locais e gostaria de sua aprovação antes de enviá-la.

Valenttia esticou a mão e aguardou que o homem levasse o papel até ela. Ela desenrolou a carta lentamente e a leu com calma. Em seguida, leu novamente.

Então ergueu o olhar ao lorde que aguardava sua resposta. O homem não disse nada.

— Akerten, o que o faz pensar que eu aprovaria esta resposta? — ela perguntou, por fim.

— Com todo o respeito, Majestade, mas a obra da barragem tem sido a prioridade no momento. Deslocar nossos magos de água, mesmo que apenas alguns, para resolver o problema de abastecimento em Aiubelt poderia atrasar a obra em pelo menos dois meses. O período de seca naquela região tem sido rigoroso nos últimos anos, mas a chuva sempre chega, mais cedo ou mais tarde.

Valenttia batucou os dedos no braço do trono e respirou fundo. Sua atenção se voltou ao homem sentado na cadeira, na ponta direita do semicírculo.

— Lorde Eldsen — ela disse. O segundo homem ficou de pé.— Quanto tempo de viagem do rio Eberlute até Aiubelt?

— Certa de três dias a cavalo, majestade — ele respondeu.

— Muito bem. Obrigada, Lorde Eldsen.

O homem fez uma leve reverência e se sentou novamente.

— Lorde Akerten, o senhor irá designar oito magos de água para transportar um carregamento do rio Eberlute até Aiubelt. Sua resposta ao líder local deverá informar que o problema estará resolvido até o final da semana. Se for preciso, contrate magos da região para cumprir a tarefa ou monte uma força-tarefa de praticantes voluntários. Se nenhuma das opções for viável dentro do prazo, designe uma equipe de magos da obra da represa. Lidaremos com os atrasos depois.

As Crônicas de Adhelar - Livro 1 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora