Alee'Na chegou às Covas um pouco mais tarde que o de costume, e colocou seu nome na lista, para surpresa do Ordenador.
— Achei que não viesse hoje — ele disse. — A pancada de ontem foi bem feia.
— Estou perfeitamente bem. — Ela se debruçou sobre o balcão. — Então coloque meu nome aí. Tenho certeza de que ainda tem alguma luta em aberto.
— Na verdade tem sim. — Ele passou os olhos pelo papel diante de si. — Um novato se inscreveu há alguns minutos e ainda está sem adversário.
— Novato?
— Sim, um rapaz. — Ele deu de ombros. — Atende pelo nome de Wys.
Alee'Na enrugou as sobrancelhas.
— Wys? Só Wys?
— Foi o que ele disse.
— Tá. Tanto faz. — Ela gesticulou em direção ao papel na mão dele. — Me coloque com esse tal de Wys.
— Como quiser. Mas será a última luta da noite. Arena I.
— Tenho escolha?
Ele não respondeu. Apenas colocou o nome dela na lista e se dirigiu ao enorme quadro negro que mostrava o cronograma de lutas da noite.
Alee'Na se sentou diante do bar, do outro lado do salão, e pediu um copo d'água. Era melhor não misturar álcool com o analgésico de Airik. Já se sentia entorpecida o bastante.
Passou a próxima hora sozinha, sentada em um canto pouco iluminado do balcão, ouvindo os gritos e estrondos vindos das três arenas. Algumas pessoas conhecidas passavam por ela e a cumprimentavam, mas nem sinal de Meltian, ou de Airik e Milliard, como ela já esperava.
O fim de mais uma luta foi anunciado na Arena 1, o que significava que a vez dela se aproximava.
Alee'Na vasculhava a multidão em busca de rostos estranhos, tentando descobrir quem seria o misterioso Wys. Novatos eram raros nas Covas, e geralmente ela batalhava com veteranos.
Ela começou a se aproximar da arena na qual a última luta antes da dela ainda acontecia. Com a aproximação do fim da noite, o lugar estava começando a ficar mais vazio, e ela conseguia evitar que as pessoas esbarrassem em seu ombro ferido.
A multidão gritou e o juiz decretou o fim de mais uma batalha. Era chegada a hora.
— Alee'Na Stryd contra o novato Wys! — anunciou a voz ampliada.
Ela se aproximou da arena e deixou que um garoto a ajudasse a vestir a armadura, enquanto tentava avistar o adversário do outro lado do palco da luta. Alee'Na conseguiu ter um rápido vislumbre de cabelos negros antes de serem cobertos pelo capacete.
Ela riu baixo. Novatos...
— Competidores, aproximem-se da arena — pediu o juiz.
Alee'Na desceu as escadas para dentro do retângulo escavado no chão. Do outro lado, um rapaz fez o mesmo.
Ela certamente nunca havia visto seu rosto na vida.
Ele tinha os cabelos negros e a pele muito clara. Parecia ter aproximadamente a mesma idade que ela. E tinha olhos estranhos. Muito estranhos.
Mesmo à distância ela pôde ver que eram acinzentados. Não, mais que isso. Prateados. Pareciam se mover como o reflexo da luz do sol em uma piscina.
Ele vestia preto da cabeça aos pés. Assim como ela, tinha algo de feroz naquele olhar prateado. Não era o olhar de um novato.
— As regras são simples — a voz do juiz ecoou. — A luta vai até que um dos competidores seja nocauteado ou desista. Uma vez derrubado, o competidor tem dez segundos para ficar de pé novamente antes de ser decretado perdedor. Não nos responsabilizamos pela vida de ninguém, mas o competidor que causar a morte de seu adversário será permanentemente banido das Covas, assim como aquele que ferir alguém fora da arena. Cada competidor está autorizado a usar apenas um elemento. Na luta de hoje, ambos os competidores estarão lutando com o elemento fogo.
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As Crônicas de Adhelar - Livro 1 [DEGUSTAÇÃO]
FantasyVersão completa disponível na Amazon! Alee'Na Stryd e Himmel Wys vêm de mundos opostos. Ela é um nome conhecido nas Covas, arenas clandestinas onde magos batalham por dinheiro e prestígio. Sua fama no submundo garante certos luxos e conforto, e não...