Rainha Negra: A Guerra

• Inesperado •

- Bem - limpo a garganta pra dar início a mais uma negociação -  como disse anteriormente e o senhor confirmou, já se encontra a par do atual cenário político certo?

- Correto. Apesar de nos mantermos afastados temos nossos meios de obter informações e nos mantermos atualizados. Inclusive devo admitir que não fui completamente sincero com vocês, pois quando disse-me teu nome Samhara, já sabia o que queria conosco - ele fala enquanto corta a carne em seu prato.

- Isso facilita e já nos leva ao ponto principal de nossa conversa, evitando rodeios desnecessários - saboreio o vinho em minha taça.

- Creio que sim, e rodeios desnecessários são um tanto quanto incômodos e indigestos.

- Se já sabe o que nós queremos com o senhor, o que nos diz?

- Receio caro Lucian, que seja um caso um tanto quanto delicado. Afinal estamos falando de uma guerra.

- Sem querer pressioná-lo Milord, mas infelizmente não dispomos de muito tempo. A cada segundo que se passa mais vítimas são feitas. Desde minha saída de Sindel, ouço os boatos de ataques bruxos à vilas, ducados, marcos e até cidades pequenas.

- Samhara tem razão, eu mesmo presenciei um ataque antes de alcançá-la e começar a segui-la.

Ele não havia me dito aquilo. E eu não gostei nem um pouco. Como passo confiar nele se não conta as coisas direito?

- Não se esqueçam que aqui também existem seres a serem protegidos e que vieram pra cá justamente pra evitar conflitos e machucar as pessoas. Eu não posso simplesmente sair de meu castelo e gritar que vamos a guerra. Até porque as principais vítimas até agora foram humanos, e a maioria das criaturas mágicas odeiam aquela raça e adorariam vê-la extinta da face da terra. - responde calmamente enquanto come mais uma porção da saborosa comida.

- Você acha mesmo que eu estou arriscando minha vida pra salvar aqueles trastes? Eu fui caçada Lord Yedryn, sai fugida da minha própria casa por causa deles. Acredite, se o alvo de Agnes fossem os humanos, eu estaria sentada em uma poltrona de couro saboreando um bom vinho, enquanto os via agonizar - digo no mesmo tom cordial e natural que o Elfo, tomando mais um gole da bebida em minha frente.

- Então seu interesse não é altruísta...Gosto da sua sinceridade Milady. Muitos são os que vem a mim com falsos discursos heróicos quando não passam de meros egocêntricos visando a glória.

- Antes pudéssemos nos dar a esse luxo Milord. Infelizmente os planos de Agnes levarão à disseminação da magia negra, isso afetará a todas as raças e acabará com tudo o que é vivo.

- O que tem a dizer Ellyna? É este seu nome não?

Os olhares se voltam pra Elly, que até então apenas observava a tudo o que acontecia. Ela pigarreia e começa.

- Sim Milord, me chamo Ellyna - ele olha com interesse em Elly, mas não interesse físico, algum outro tipo que não consegui identificar - gostaria de dizer que tudo isso não passa de uma mera hipótese, mas além de todos saberem que isso realmente acontecerá, posso sentir o efeito que já começam a fazer, todas essa invasões e a prática escancarada e desinibida de magia negra vindas de nossas inimigas.

- Como vê, é apenas uma questão de tempo até todo o território humano ser dominado pelas bruxas, a não ser que as impeçamos de fazer isso.

- Realmente cara Samhara, apenas questão de tempo. Mas em que isso atingiria os Elfos?

Ele é muito esperto, um estrategista nato, e não vai se entregar tão fácil.

- Os vampiros entrariam em abstinência, atacariam os lobos, começariam uma guerra por sobrevivência. E todos nós, inclusive os elfos, zelam pela paz. Talvez as duas raças, acabassem se extinguindo.