• Fim de Jogo •

179 11 119
                                    

Então um grito soou. O meu grito. Longo e suplicante. Junto com ele um raio largo de energia púrpura e verde subiu aos céus depois de explodir á minha volta. E enquanto eu gritava ele atingia a abóbada celeste e girava lá em cima. Rodando e rodando. Logo o céu ficou negro e não havia mais estrelas, pois nuvens repentinas surgiram e se amontoaram respondendo ao chamado.

Toda a minha vida. Uma mentira.

Uma trovoada.

Eu. Uma mentira.

Outra trovoada.

Todos que eu amei, uma mentira.

Raios começaram a cruzar as nuvens e lançavam flashes de luz acima de nós. O raio de energia emanado de mim continuava a nutri-las incessantemente.

Todas as cenas da minha infância, todas as minhas brincadeiras, todos os momentos em família que passei, cada risada, cada pessoa que eu conheci. Foi tudo ilusão.

Uma ventania começou, forte e veloz e se juntou com as trovoadas e raios que atingiam o chão. O conjunto dos três formava um barulho ensurdecedor.

Mas não me importa. Eu só consigo ouvir minha mente e nela o som que ecoa é o da risada de Mégara a momentos atrás. De novo e se novo. Com a explosão enérgica todos foram jogados pra longe de mim.

Todos os solstícios. Todos os meus aniversários. Todos os momentos juntos. Tudo uma farsa.

Então começou a chover. E a água se juntou aos outros elementos e uma mega tempestade passou a varrer o que encontrava pela frente.

Eu fui uma peça. Um peão. Eu não sou nada além de uma criança rejeitada de todas as formas possíveis a quem fizeram de tudo pra matar.

As nuvens no céu giravam e giravam e começaram a se afunilar, e desceram em cone até atingir o chão alimentadas por minha energia. O tornado pegou fogo, contrariando a tempestade, e começou a rodar pelo campo de batalha incendiando onde passava, acompanhado da chuva de raios.

Durante dezesseis anos um fui brinquedo sem graça e defeituoso nas mãos de outras pessoas. Um brinquedo que tentaram a todo custo quebrar.

O chão começou a tremer.

Senti os olhos inflamarem e meu corpo se ajustar ao fardo da carga de poder. Apenas forçei as amarras mágicas e elas se soltaram sob o peso dos poderes de Kyendra.

- Você quer que eu lhe responda como eu me sinto Mégara? - Pergunto indo em direção à megera. - eu me sinto estúpida. Me sinto ingênua e parva. Uma completa idiota. Mas eu nunca me senti melhor. - uma gargalhada sádica saiu de minha boca se misturando ao meio caótico.

Andei em sua direção enquanto ela levantava do chão aos tropeços tentando se equilibrar devido ao terremoto.

- Sam, por favor me escute você precisa se acalmar - a voz de Cassandra irrompeu do caos - desse jeito vai matar a todos nós! Olhe o que você está causando, uma catástrofe!

- Pois então que seja. - a encarei por sobre os ombros.

Ela ativou a própria transformação e tentou chegar até mim, mas usei do vento que já estava a rugir para atirá-la longe.

- Não se meta Cassandra. Agora o assunto é particular. Inclusive sabe o que eu andei notando? -  virei-me pra a escudeira - que todo mundo aqui tem muita palavra. Todos cumprem seus juramentos e acordos. Pois eu lembro de um que fiz lá na praia de Illydia.

Estendi a mão na direção da bruxa e a contive. Se ela podia mexer com minha vida, eu podia mexer com o corpo dela.

- Viu só Mégara? Não preciso de amarras mágicas pra te prender. Mas voltando ao assunto, eu fiz esse juramento quando fiquei sabendo da suposta morte de Jason. E sabe o que eu jurei? Eu jurei que acabaria com a responsável da minha vida ter se desmoronado.

 Rainha Negra: A Guerra Where stories live. Discover now