Capítulo 30 - Outono e Inverno

1K 191 142
                                    

Deveria ter mordido com mais força? Talvez

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Deveria ter mordido com mais força? Talvez.

E se tivesse gritado mais alto, ou qualquer movimento rápido demais, talvez poderia estar livre.

Mas nada disso foi feito, entretanto, mesmo que tivesse usado de todas as suas forças, não conseguiria escapar deles... Os bobo-cuias. Eram cinco ou dez? Ela não sabe, mas alguns deles eram completamente burros e confusos; não sabiam nem mesmo dar um nó em uma corda. E para seu azar, o maldito velho estava com algemas e estas apertavam em seus pulsos.

Halva ergueu a cabeça para ter um vislumbre lastimoso de onde estava e logo notou a presença de Corteo não muito distante. Já era óbvio, julgando pelo chacoalhar e trotes ferozes, que estavam dentro de uma carruagem e viajavam muito rápido.

— Psiu!!! — ela fez tentando chamar Corteo. — Corte... Ah!

E quando tentou se levantar, foi jogada com força contra o chão de madeira, batendo a cabeça duas vezes contra farpas e talvez pregos mal batidos. Abriu os olhos e se irritou, xingou furiosamente o maldito cocheiro que provavelmente não prestava atenção na estrada. Se sentou. Suas mãos estavam unidas pelas algemas nas suas costas. Halva não era dessas meninas cheias de flexibilidade, mas logo começou um trabalho dolorido ao tentar passar suas pernas por seus braços para que enfim tivesse suas mãos na frente de seu corpo. Já estava ofegante e esbravejava quando finalmente conseguiu o feito.

Corteo estava deitado em uma posição ridícula e desconfortável demais. Suas mãos também estavam algemadas e ela então percebeu que ele estava desacordado.

Mais um buraco, talvez, que fez Halva bater as costas contra a madeira negra da carruagem. Ela gritou e xingou ainda mais. Ouviu risos vindos de fora misturados com o relincho dos cavalos. Por algumas brechas na madeira do teto, ela viu que era dia, pois entrava raios de sol pálidos e oscilantes.

Sem outro modo de se mover ali dentro, engatinhou arranhando os joelhos na madeira e se sentou perto de Corteo, vendo sua face marcada por um roxo incômodo no olho direito.

— Acorde! — ela disse, sabendo que não adiantaria muito.

Passou suas duas mãos algemadas pelo cabelo ruivo do menino, e seus dedos sentiram uma umidade na nuca. Sangue.

Ela lembrou o que aconteceu: enquanto tentava se livrar das mãos da Sra. Dondon, viu Corteo lutar com o Sr. Margor com toda a sua fúria; após levar um tapa, o menino levantou do chão e o atacou como um felino espantado, mordia, dava chutes e socos desastrosos. Halva que já havia mordido a mão da velha de amarelo, conseguiu se livrar dela por um instante e foi ajudá-lo, mas o Sr. Margor usou seu chicote com tamanha destreza, que em uma chicoteada conseguiu unir os dois pés de Corteo, fazendo-o cair violentamente batendo a cabeça. Halva gritou desesperada para que ele se levantasse, mas o menino não se moveu e de repente os bobo-cuias surgiram com a canção nauseante fazendo-a cair de joelhos e se render sem forças.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora