Capítulo 59 - Fantasmas do Passado

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Depois de muitos minutos atrás de um arbusto do qual pensara que não conseguiria sair, Covárdia voltou ao caminho que o homem seguia

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Depois de muitos minutos atrás de um arbusto do qual pensara que não conseguiria sair, Covárdia voltou ao caminho que o homem seguia. Estavam descendo a colina rumo a uma extensão de terra plana de onde subia uma cortina densa de fumaça negra e barulhos constantes de metal. O homem também estava se escondendo e esse era um fato que a mantinha ainda mais curiosa. Os dois estavam a poucos passos de distância, Covárdia sempre atrás e atenta. O homem, tão tenso e de aspecto tão triste, espiava com toda a atenção para aquelas criaturas que trabalhavam incansáveis.

Covárdia também observou as criaturas. Eram muitas e assustadoras. Havia no local, um grande círculo no chão de terra e era profundo; quatro espaços estavam dispostos pelo círculo como se fossem cavidades a espera de uma pedra preciosa. Naquele mesmo instante, Covárdia também viu quatro grandes redomas que brilhavam sob a luz do sol e aquilo causou-lhe todo o espanto fazendo-a estremecer onde estava. Sabia, de alguma maneira que não conseguia compreender, que aquelas redomas seriam usadas para o mal. Contra as crianças que vinha protegendo.

O sr. Soluá ainda estava ali, parado como um paciente predador a observar cada movimento das criaturas que começavam a colocar as quatro redomas em seus espaços no grande círculo. Covárdia controlou a respiração, procurou manter-se calma. Suas mãos suavam e estava preocupada com Flora. Sabia que não deveria tê-la deixado sozinha, mas precisava descobrir para onde aquele homem estava indo. E ali estava ele, observando os movimentos dos mecanogos sem se mover. Em certo momento Covárdia também se pegou hipnotizada por aquelas criaturas, não por fascínio, mas por horror. Algum tempo se passou e as quatro redomas gigantes de cristal estavam dispostas no círculo. Quando terminaram o que faziam, os mecanogos se afastaram e voltaram a uma escavação ainda mais profunda na terra, precisavam se alimentar de um estranho óleo negro que extraíam das profundezas dos mundos e assim acontecia a corrupção. Haga estava adoecendo a cada dia. Os quatro vales das estações permanentes se encontravam em situação de alerta; os girassóis do Vale do verão estavam mortos, as pessoas lutavam todos os dias por água, alimentos saudáveis; no Vale da primavera as flores murchavam, o solo estava contaminado de maneira que nada mais vingava, as cores das tulipas não já não eram como antes; no Vale do outono as rachaduras na terra surgiam repentinamente engolindo casas, ruas, deixando muitas pessoas desabrigadas e no Vale do inverno a neve de muitos anos acumulada derretia desenfreada, as ruas estavam alagadas e enlameadas, enchentes e deslizamentos constantes assombravam os habitantes do vale que procuravam por ajuda, mas não conseguiam nada.

Por lugares distantes de Haga surgiam mais e mais desastres naturais causados pela corrupção da harmonia. O equilíbrio estava comprometido. Em Terra Vermelha os gaturubros sentiam que a floresta escarlate definhava aos poucos e era por isso que estavam em defesa de seu lar.

Ainda atenta ao que o homem estava prestes a fazer, Covárdia não percebeu que estava totalmente visível, notar isso causou-lhe pânico. E se alguém a visse ali? E Flora? Precisava voltar para perto da menina, cometera um erro absurdo ao deixá-la sozinha. Mas ainda estava movida a curiosidade enquanto via o homem se aproximar das redomas de cristal com uma barra de ferro nas mãos.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora