Capítulo 41 - Coração de Pedra

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O dia amanheceu e Tonto ainda estava aninhado entre algumas rochas adormecido

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O dia amanheceu e Tonto ainda estava aninhado entre algumas rochas adormecido. Goque não saiu do lado dele durante toda a noite. Embora fosse dia, percebeu ele que havia algo de errado: era como se tudo estivesse submerso em uma água suja e bege. Andou até a abertura da caverna batendo a cabeça várias vezes nas paredes pontiagudas e se deparou com um sol fraco demais e de aspecto muito doente. Poeira estava os envolvendo.

Voltou para perto do menino e o ouviu respirar ruidosamente, pois seus pulmões estavam com dificuldade de filtrar o ar denso. Tonto começou a tossir em uma crise que o fez despertar de imediato com uma dor na garganta. Goque o acalmou segurando suas costas para que ele pudesse se sentar vagarosamente.

— O que está havendo? Não consigo respirar direito — ele perguntou com a voz cortada quase inaudível.

— Acalme-se, fique um pouco sentado.

Assim ele fez. Rapidamente Tonto teve uma ideia que poderia ajudá-lo. Abriu sua sacola e vasculhou entre a comida que Maga Terrosa havia lhe preparado, encontrou um paninho amarelo que sua mãe havia colocado ali para envolver o pão que comeu há muito tempo. Imaginou ter sido um grande golpe de sorte guardar aquilo. Mais sorte ainda foi poder usar em volta da cabeça e conseguir dar um nó atrás cobrindo o nariz e a boca. Quanto a seus olhos irritados, precisou se acostumar. Goque já estava lá fora e olhava em volta com admiração silenciosa. A poeira estava por toda parte de maneira que não dava para enxergar paisagens distantes. Tudo parceria uma pintura borrada.

— Infelizmente temos que seguir — ele disse voltando-se para Tonto que se ajuntou a ele enxergando com dificuldade. — Não tenho ideia de quanto tempo vai demorar para que essa poeira baixe, geralmente são dias.

— Dá para seguir assim — afirmou Tonto. — Estou enxergando muito pouco, mas não vai ser tão dificultoso assim. Mas o que é isso?

— Poeira, menino. Muita poeira. A estrela caiu próximo daqui, possivelmente no lugar para onde iremos agora. Ainda assim, o impacto não foi tão forte como costuma ocorrer, suponho que foi um fragmento de uma estrela maior, elas sempre se partem em inúmeros pedaços.

Os dois desceram a encosta tomando distância da montanha negra para observar o caminho que seguiriam. Tonto escorregou algumas vezes quando pisou em rochas soltas, mas Goque estava por ali para ajudar-lhe a ter mais equilíbrio. Havia vegetação em volta do pé da montanha, algumas árvores altas e rochas que mais pareciam pequenas casas maciças. Goque caminha guiando e logo encontrou uma trilha que imperceptível entre alguns rochedos e arbustos e soube que era por ali que deveriam seguir para dar a volta na montanha.

A caminhada durou algumas horas. Passaram por um fino corte de um riacho de água turva, mas Tonto não hesitou em juntar as duas mãos e beber. Também lavou o rosto com a água fria e isso o ajudou a enxergar um pouco melhor, ainda que houvesse poeira por toda parte. Após saírem da trilha, depararam-se com um descida que os levou até um campo aberto e sem árvores. Era diferente da planície que deixaram para trás: não tinha vegetação alguma e o solo parecia doente, as árvores que rodeavam a montanha negra pareciam ter medo de tocar suas raízes por ali, foi o que imaginou Tonto. De certa forma aquilo serviu de vantagem em relação a tempo. Puderam caminhar mais rápido e sem paradas por muito tempo.

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