Capítulo 61 - A Rosa violenta e o abraço frio

403 98 58
                                    

Trancafiados no quarto novamente, Halva e Corteo estavam sentados lado a lado na mesma cama

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Trancafiados no quarto novamente, Halva e Corteo estavam sentados lado a lado na mesma cama. Ela respirava profundo e às vezes soluçava. Ele, mantinha o olhar paralisado. Não conversaram nada depois do ocorrido. Não trocaram sequer uma palavra sobre o encontro que tiveram com as pessoas que tanto amam. O silêncio era absoluto.

— Eu não ouço mais a Flora – disse Halva sem se mover.

— Eu também não. Desde que saímos desse quarto tentei escutar alguma coisa.

— Espero que ela esteja bem.

Corteo a olhou de canto. Queria muito dizer que desejava o mesmo, mas nada disse. Passados mais alguns minutos, ele tornou a falar:

— Como será ter uma vida normal?

— Do que está falando? – indagou Halva.

— Ela disse que voltaremos a ser crianças normais. Após a incisão aura. Lembra?

— Eu não confio neles. Em nenhum. E você acha que não somos normais?

Aquela pergunta percorreu a mente de Corteo por algum tempo. Halva esperou pela resposta, embora já estivesse convencida de que ele não iria responder nada.

— Acho que crianças normais não fazem o que nós fizemos – ele disse com a voz abafada. – Enfrentamos tantas coisas e agora estamos aqui.

— Talvez não. Mas não me sinto nada diferente de outras crianças. Essa marca que temos não nos difere dos outros, não é?

— Mas para eles somos especiais ou perigosos – ele respondeu. — Por isso estavam nos caçando e por isso muitas outras crianças foram raptadas antes de nós.

— Eu não me importo com eles – falou Halva levantando da cama. — Não somos diferentes das outras crianças. Não somos perigosos.
Enquanto ela caminhava pelo quarto pensativa, Corteo a seguia com o olhar e estava começando a ficar pálido e de olhos arregalados.

— Por que está me olhando assim? – ela perguntou pondo as mãos na cintura. – Corteo! Fale comigo!

— Halva, olhe ao seu redor! O chão... Está congelando.

Quando Halva baixou o olhar, viu que sob seus pés havia uma fina camada espelhada de gelo e conforme caminhava deixava um rastro que ia tomando o espaço do quarto. Não pode deixar de se surpreender. Nas últimas horas sentia suas mãos frias, seu sinibio brilhava sempre oscilando. Agora recuava para o canto do quarto e a camada de gelo a seguia como um rastro que ia se espalhando com vida própria.

O Inventor de EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora