Sete

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(Sem correção)

Mariana D'Ávila

Mesmo com o desfecho infeliz, o meu domingo com Valentim tinha sido bom. Ele dissimulou dizendo que estava confundindo minha cabeça mas o confuso era ele.

Eu não seria boa no que faço se não soubesse reconhecer a vontade de um homem. Ainda mais um desejo tão ávido. 

Meu Deus, com tanto lugar no mundo por que ele precisava morar justo no meu pensamento? 

— O Hector veio até aqui ontem. Disse que te esperou no hotel e você não apareceu. Aconteceu alguma coisa, Mari? 

Minha chefe se acomodou em sua poltrona grande e mirou a atenção para os papéis espalhados sobre a mesa. 

— Estava muito cansada, Pauline. Eu mandei mensagem para ele, dizendo que não conseguiria encontrá-lo. 

— Eu recomendo que você o recompense de alguma forma —. Seus olhos direcionaram-se aos meus— Acho que você não está em condição de dispensar um dos clientes que mais paga pela sua companhia. 

  — Tenho consciência disso, vou entrar em contato com ele e tento consertar a situação.

— Ótimo, Mari— ela guardou alguns contratos dentro de um envelope, cruzou as mãos apoiando-as na mesa e me olhou séria— Eu vou precisar muito de você essa semana. O empresário não acredita que encontrará uma acompanhante a altura. 

— E Justine? Eu tenho que ver com o David qual é o dia que ele vem para Seattle. 

— Ela está com um investidor, só volta na próxima semana. Minha flor, você não está entendendo... Eu não te envolveria se não fosse para te beneficiar. Esse homem cobrirá qualquer outra oferta já feita a você. Mas para isso será necessário que o conquiste, o que eu tenho certeza que conseguirá facilmente.

— Certo. 

— Ensaie alguma dança especialmente para ele, vai deixar ele de quatro rapidinho — Pauline piscou um olho e sorriu— Mas me diga, como sua mãe está? 

Conversamos mais um pouco sobre como faríamos na quinta-feira e eu saí do seu escritório. Fiquei com as minhas colegas de trabalho, ensinando-as uma pequena lista de movimentos do pole dance e depois fui para o hospital.

Procurei a minha mãe no extenso quarto onde ela e mais outros pacientes ficavam, mas seu leito mais uma vez estava vazio. Resolvi esperar um pouco, considerando que da outra vez ela havia sido levada para tomar um banho. 

  — A senhorita é filha da Martha?— uma enfermeira que dobrava o lençol ao meu lado perguntou e eu acenei positivamente— Eu acho melhor você ir até a recepção e pedir para localizar o Dr. Del Torre. 

— O que? Por que? 

— Ele te explicará. Informe a recepção, ele pediu para qualquer funcionário avisar caso visse a senhorita chegar.

A ansiedade tomou conta do meu corpo inteiro. Sabia do estado da minha mãe, temia que a qualquer momento eu chegasse no hospital e não a encontrasse com vida.

Corri para a recepção e logo comunicaram o oncologista. Ele apareceu acompanhado de mais um médico, ambos tensos e com expressões rígidas. O olhar do Valentim foi o suficiente para me certificar de que algo estava errado.

— A senhorita pode nos acompanhar por favor?— foi o outro médico que indagou.

Só fui atrás deles, sem dizer nada. Entramos em um consultório do hospital e Valentim apontou a poltrona para mim.

Princípio Vital DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora