CAPITULO II

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— Para onde? — perguntou o taxista, suan­do profusamente e esticando o pescoço para dar uma olhada em Anastasia no banco de trás, as anáguas armadas do vestido de noiva fazendo com que a seda branca se alteasse feito velas imensas de uma embarcação antiga.

O interior do táxi estava malcheiroso, ela abriu a janela para deixar o ar circular.

— Para qualquer lugar — disse quase tossindo, precisando de uma brisa fresca, mas o ar quente e abafadiço de fora só a deixou ainda mais nauseada.

O taxista lançou-lhe outro olhar.

— Tenho de ir para algum lugar, moça.

Para onde ir, para onde ir depois de ter deixado sua família, Christian e quatrocentas e cinqüenta pessoas para trás na igreja?

Ela teria de ir para algum lugar onde ninguém a encontrasse. Algum lugar onde não houvesse ninguém.

— Para o Edifício Torre, em Wall Street — disse Anastasia, afundando no assento, dando o nome do prédio onde trabalhava.

Era sábado, o escritório estaria deserto, e nem sequer Christian pensaria em procurá-la lá.

Fechando os olhos, tentou esquecer que acabara de fugir de seu próprio casamento, que ela, Anastasia Steele, deixara Christian Grey, o Solteiro Mais Sexy de Nova York, plantado no altar.

Mas, de olhos fechados, ela viu tudo, viu como aconteceu.

Sabia até qual fora o dia... a hora... o momento... em que tudo em sua vida mudara.

Dezesseis de junho. O escritório dele. A insegurança dela.

— Willa, preciso de cópias disto imediatamente — disse Christian Grey, atirando uma papelada na mesa sem levantar os olhos — e que os dois relatórios de cima sejam enviados por fax para o cliente anotado na folha de rosto.

Anastasia sentiu um aperto no peito. Havia cinco meses e meio que trabalhava para ele. Cinco meses e meio, e o homem ainda não sabia seu nome.

— É Anastasia — corrigiu-o timidamente, o rubor espalhando-se por suas faces.

— O quê?

Ela engoliu em seco, mortificada. Já o corrigira antes, inúmeras vezes, na verdade, mas o chefe sempre estivera saindo, ou entrando do escritório, ou em meio a algo importante e, daquele modo, ela perdoara os deslizes e arranjara justificativas para ele.

Mas depois de cinco meses e meio, as desculpas haviam se esgotado. A paciência dela acabara. Não podia continuar daquela maneira, não conseguia lidar com o fato de permanecer invisível. Era decididamente tempo de dar um basta àquilo.

Depois de respirar fundo, falou:

— Você me chamou de Willa.

Ele não levantou os olhos. Sua atenção nunca se desviava de seu Palm Pilot, o computador de bolso, onde estava fazendo várias anotações.

— Sim.

Anastasia umedeceu os lábios, ciente de seu nervosismo e jamais tendo se sentido tão desajeitada, ou tola. E, pior de tudo, com o orgulho ferido pelo fato de o sr. Grey continuar completamente alheio à sua existência, enquanto ela sabia... e era esperado que soubesse... tudo a respeito dele.

Christian Louis Grey. Nascido em primeiro de agosto, em Bos­ton, Massachusetts.

Ele recebia quatro jornais diariamente, mas só começava a ler depois de ter se exercitado na esteira e com pesos usados em sua ginástica matinal.

A secretária de Christian GreyWhere stories live. Discover now