CAPÍTULO VI

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Christian lançou um olhar ao relógio de pulso. Aquilo devia ser um recorde. Tinham sido ne­cessárias cinco semanas frenéticas para organizar o casamento e apenas vinte e três minutos para esvaziar a igreja apinhada, ligar para o Bufê St. Regis e cancelar á recepção.

Felizmente, todos tinham ido embora e, tendo oferecido ao pas­tor uma generosa contribuição para a igreja, Christian encaminhou-se até a limusine que estava a sua espera.

Quem dissera que um raio não caía duas vezes no mesmo lugar? Por duas vezes ficara noivo, organizara o casamento e a noiva fugira.

Que, diabos, havia de errado com ele?

Pedira Charlotte em casamento por amor e, depois, Anastasia, por necessidade, mas ambas as noivas tinham dado meia-volta e saído em disparada.

Belo fiasco para o Homem mais Sexy de Nova York!

Praguejando por entre os dentes, Christian tirou o casaco do smoking. Tudo o que queria agora era uma bebida gelada, uma troca de roupa e seu avião. Sairia daquela cidade agitada pelo resto do verão e tentaria entender o que, afinal, dera errado em sua vida na tranqüilidade da ilha que possuía nas Bahamas.

Mas ao aproximar-se da limusine, encontrou os pais de Anastasia à sua espera. A sra. Steele chorava, inconsolável. O sr. Steele parecia constrangido. E Christian realmente não queria conversar com nenhum dos dois no momento.

Contudo, por mais que desejasse já estar em seu avião a cami­nho de St. Jermaine, sua pequenina ilha com a areia branca mais bonita do mundo, não houve como se esquivar da conversa com os pais de Anastasia. Podia estar furioso com ela, mas não a odiava.

O que o desconcertou ainda mais, porém, foi a afirmação veemente da sra. Steele de que sua filha o amava. Ao menos, Anastasia fizera algo certo, pensou em princípio, convencera os pais de que estaria se casando por amor, algo que todos os pais queriam acre­ditar. Incluindo os seus.

Mas a sra. Steele persistiu, assegurando-lhe que a filha o amava, que ela não conseguia mentir, que desde pequena ficava com um tique nervoso do lado esquerdo do rosto quando o fazia.

Anastasia, sua dedicada e competente assistente, amava-o, refletiu Christian mais uma vez quando, enfim, chegou a seu apartamento. Quais tinham sido as palavras que Margie Steele usara? Anastasia é louca por você, acredite. Está perdidamente apaixonada.

Adiantando-se até seu quarto, ele começou a sentir a primeira ponta de culpa. Mas não queria se sentir culpado. Não havia razão para aquilo, afinal não estava tirando proveito dela. Anastasia seria recompensada. Dinheiro, conta bancária, um novo apartamento de cobertura, cartões de crédito em seu nome...

E ela deixara tudo para trás e a ele também. Correra da igreja, saltando para dentro de um táxi amarelo, a saia branca tomando o banco de trás do veículo.

Christian correra atrás dela até a escada da catedral, vira o táxi afastando-se e misturando-se ao tráfego. Anastasia o amava?

Christian disse a si mesmo que não importava, que um contrato era um contrato, negócios eram negócios, mas aquilo não contribuiu em nada para aplacar sua crescente culpa.

Se ela o amava, o fato mudava tudo. Ele não fora nem um pouco estratégico. Em vez daquilo, tirara proveito da afeição de uma mu­lher ingênua.

Anastasia tirou a tiara e o véu de sua cabeça, juntamente com os grampos que haviam prendido seus cabelos para trás num coque sofisticado e desabou na cadeira atrás de sua mesa.

A secretária de Christian GreyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora