CAPÍTULO IV

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Enquanto ia de metrô para o trabalho na manhã seguinte, Anastasia ouviu as palavras do sr. Grey ecoando em sua mente. A melhor secretária que ele já tivera. Era o maior elogio que poderia receber. Era o maior que já recebera e, por mais lastimável que aquilo soasse, as palavras do sr. Grey significavam-lhe tudo.

Anastasia disse a si mesma que era o forte calor do verão que a estava deixando afogueada e um tanto irracional, mas, na verdade, o que lhe acontecia tinha menos a ver com a elevação nos termô­metros do que com seus próprios sentimentos.

Dali a dois dias estaria a bordo de um avião para a entrevista definitiva em Charleston e a temia agora, temia seu último dia na Investimentos Grey, temia tudo que se relacionava com sua saída.

Não deveria pensar naquilo, disse a si mesma, enquanto o metrô parava na sua estação e ela se levantava. Ainda lhe restariam duas semanas antes de ter de dizer adeus. Não havia razão para sofrer por antecedência.

O conselho fora sensato, mas, no momento em que o sr. Grey entrou no escritório, o coração de Anastasia disparou da mesma ma­neira de sempre.

O que havia naquele homem que ela amava tanto? Observou-lhe os olhos, os lábios, o queixo e, embora os traços fossem perfeitos, seu interesse tinha menos a ver com a beleza física do que com a intensidade que havia por trás.

Havia algo no homem, pensou, algo mais profundo, mais complexo do que ele queria revelar. Mas o que era?

— Bom dia, Anastasia.

— Bom dia, sr. Grey. — Ela conseguiu abrir um sorriso firme, profissional. — O presidente do Banco Shipley acabou de ligar. Deseja que eu retorne a ligação?

— Ainda não. Tenho de cuidar de algumas coisas primeiro. Eu a avisarei quando estiver com tempo.

— Certamente, sr. Grey. Há mais alguma coisa que eu possa lhe fazer no momento?

— Não. Apenas anote meus recados.

— Sim, sr. Grey. Farei isso.

Quando ele entrou em seu escritório e fechou a porta, Anastasia afundou na cadeira e cobriu o rosto com as mãos. Poderia soar mais patética? Sim, sr. Grey. Não, sr. Grey. O céu não está de um azul perfeito, sr. Grey?

Soava como uma imbecil repetitiva. Sem dúvida, precisava arranjar vida própria.

Precisava ser boa em algo mais além de suas funções como secretária. Precisava ter outros interesses além de Christian Grey. Precisava parar de esperar que algo bom acontecesse.

E, de repente, lágrimas inundaram-lhe os olhos, lágrimas absurdas que não tinham nada a ver com trabalho, mas sim com o fato de querer tanto aquele homem e não saber o que fazer a respeito.

Uma vez que as lágrimas começaram, parecia não conseguir contê-las. Num instante, estava chorando porque era a filha do meio, a mais desajeitada, a única de suas irmãs que não era espe­tacular. Alexis e Megan eram lindas, talentosas e incrivelmente populares. Ao contrário de Anastasia, que nem sequer tivera um par para acompanhá-la ao baile de formatura, Alexis e Megan nunca haviam perdido sequer uma festa na escola.

Ela jamais fora bonita ou especial e, por mais horríveis e embaraçosas que as lágrimas fossem, eram reais. Era difícil ser medíocre e apagada quando o mundo valorizava tanto o estilo e a beleza.

As lágrimas continuaram a rolar copiosamente e Anastasia, que acreditava firmemente que o escritório não era lugar de chorar, viu-se obrigada a apanhar um lenço de papel e tirar os óculos para enxugar os olhos.

A secretária de Christian GreyWhere stories live. Discover now