CAPÍTULO XII

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CAPÍTULO XII

— Você ficará bem aqui, durante a minha ausência? — perguntou Christian, ves­tindo seu paletó e ajustando a gravata rapidamente. Anastasia não pôde se conter e revirou os olhos.

— É claro que sim — disse de sua posição ao lado da mesa dele. Passara os vinte minutos anteriores verificando a grande pilha de papéis a um canto da mesa.

Nunca vira um amontoado tão desorganizado de mensagens telefônicas, relatórios, e-mails impressos e correspondências antes. A nova assistente de Christian precisava desesperadamente de um sistema melhor de classificação de documentos. Na verdade, Christian precisava urgentemente de uma melhor assistente.

Ela ergueu um punhado de mensagens anotadas em pequenos papéis de recado.

— E então, aonde você vai agora?

— A um almoço. — Christian ergueu sua pasta de couro do chão. — Não sei ao certo quanto tempo isto vai levar, mas estarei de volta em torno das três horas da tarde, a tempo para a video­conferência.

Ele saiu, e Anastasia continuou reunindo os papéis com as mensagens, antes de organizá-las por horário de recebimento. Uma das mensagens mais recentes chamou-lhe a atenção:

Charlotte telefonou, confirmando o almoço. Ela encontrará você no Primavera, à uma da tarde.

Anastasia tornou a ler a mensagem. Não podia ser, disse a si mesma. Não devia ser a Charlotte de Christian. Não era possível. Trêmula, ela colocou duas mensagens mais recentes sobre aquela e deixou a pilha na mesa, perto do telefone. Não queria se deixar levar pela imaginação, mas sentia grande temor.

A única mulher a quem Christian já amara fora Charlotte. E se ela estivesse de volta na vida dele?

Não faça isso consigo mesma, pensou. Não torne isto algo que não é.

Mas suas mãos ainda tremiam quando passou a cuidar da tarefa seguinte.

Por que Christian teria um almoço de negócios com uma mulher no Primavera? Aquele tradicional restaurante era famoso por sua atmosfera íntima e romântica, um lugar que atraía apaixonados, não atarefados executivos.

E se Christian fora realmente almoçar com Charlotte por algum motivo, ele lhe contaria.

Não contaria?

Christian demorou a retornar ao escritório, só chegando às três e quinze. E jamais se atrasava para reuniões e videoconferências, em especial quando era alguma que envolvia o Banco Shipley. Por volta de quinze para as três, como ele ainda não tivesse voltado, Anastasia começara a se preocupar com a videoconferência. Pensara em contatá-lo pelo celular, perguntar-lhe o que fazer, mas, ao fi­nal, apenas adiara a reunião com o banco em uma hora. E, para tanto, tivera que adiar uma outra videoconferência que já havia sido marcada para uma hora depois.

E foi o que informou a ele quando encontrou a voz. Reprimindo seu medo e ansiedade, agiu apenas como a eficiente assistente executiva que sempre fora.

— Eu adiei a sua videoconferência para às quatro horas. E a que haveria às quatro para as cinco.

Christian, porém, não a agradeceu, não disse nada. Limitou-se a estender a mão em busca dos novos recados e fechou-se em seu escritório, praticamente batendo a porta atrás de si.

Anastasia esforçou-se para conter uma onda de ressentimento. Não era justo ser tratada daquele modo. Ele lhe pedira que fosse até o escritório naquele dia, telefonara-lhe, desesperado por ajuda.

A secretária de Christian GreyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora