Levada - Kishan

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Nós havíamos sido enganados. O objetivo de Lokesh sempre fora levar Kelsey. A luta serviu apenas para nos distrair.

Kadam e Nilima haviam desaparecido. Ela seria atingida por um arpão quando Kadam se colocou à sua frente. Então eles desapareceram. Não sabíamos se Lokesh fora o responsável pelo desaparecimento dos dois e, nesse caso, qual seria o seu objetivo.


Ren estava transtornado, andando de um lado para o outro, repetindo que tínhamos que ir atrás de Kelsey. Ele pegou Fanindra, que agora estava na forma de bracelete e insistiu para que ela lhe mostrasse onde Kelsey estava. Eu tentei ficar calmo e pensar no que fazer. Então me lembrei dos chips localizadores que todos nós tínhamos sob a pele.


Peguei o meu celular, que ainda tinha um pouco de bateria e visualizei o sinal de Kelsey. Ela se deslocava através do oceano, em velocidade razoável. Nós conseguiríamos alcançá-la. Os sinais de Kadam e Nilima não estavam visíveis.


Chamei Ren e nós corremos à casa do leme. Então percebemos que não teríamos combustível o suficiente para chegar até onde Kelsey estava.


Fomos até a garagem molhada para pegarmos a lancha. Estávamos prontos para sair quando olhamos de novo para o celular. O localizador de Kelsey mostrava que ela agora estava se deslocando por terra, muito rapidamente. Nós não a alcançaríamos. Ren queria que tentássemos mesmo assim, mas eu achava que estaríamos perdendo tempo. Eu o convenci a voltar para a cidade e seguirmos de moto.

Nós seguimos em silêncio até o iate clube. Não tínhamos mais o fruto sagrado e nenhum dos presentes de Durga. Mas tínhamos Fanindra, nossas armas e o amuleto. Juntamos tudo em uma mochila, exceto o amuleto, que eu coloquei no pescoço. Começamos nossa viagem.


Nós agora tínhamos 18 horas como humanos por dia. E usávamos todas elas tentando alcançar Kelsey. No primeiro dia, ela se deslocou durante algumas horas, aparentemente por terra, depois ficou parada em um mesmo ponto por uma ou duas horas. Nós a estávamos quase alcançando quando ela voltou a se deslocar, muito rapidamente, provavelmente em um avião.

Fiquei muito irritado. Senti um calor subindo através do meu peito, que queimava. Instintivamente, ergui minha mão. Um raio saiu dela, queimando o tronco de uma árvore. Entendi então que o poder de emitir raios vinha do colar. Então Kelsey não o teria para se defender.

Continuamos seguindo o rastreador de Kelsey. Eles devem ter chegado a seu destino, porque o ponto parou de se deslocar, mas estava a milhares de quilômetros de nós, já fora da Índia.

Ren estava louco. Não conseguia raciocinar direito, não comia nem dormia. Eu insistia para que ele engolisse um pedaço de pão e descansasse, dizendo-lhe que quando a encontrássemos nós teríamos que enfrentar Lokesh e precisaríamos estar fortes e alertas.

Estávamos viajando preferencialmente por dentro da floresta. À noite, quando nos tornávamos tigres, eu aproveitava para caçar. Ren se recusava, então eu levava comida para ele e o fazia se alimentar.


Eu estava preocupado, sabia o quanto Lokesh era sádico. Muitas vezes eu tinha medo de não conseguir encontrar Kelsey, de nunca mais vê-la. Mas eu me mantinha calmo, lembrando das minhas visões em Shangri-la. Eu estava certo de que a salvaríamos.

Em uma manhã, acordamos cedo para seguir viagem. Ren me olhou intrigado e perguntou porque eu estava tão calmo. Eu expliquei a ele que, apesar de estar preocupado com a segurança de Kelsey eu sabia que ela ficaria bem e voltaria para mim.

—Quando estávamos em Shangri-la, os silvanos nos levaram a um lugar chamado bosque dos sonhos, dizendo que se dormíssemos ali com uma pergunta, nós acordaríamos com a resposta ou sonharíamos com o futuro. Eu vi o meu futuro. E Kelsey estava nele.


Ren pareceu um pouco aborrecido.

— E o que isso quer dizer?

— Você se lembra quando me disse, no iate, que queria terminar seu namoro com Kelsey e que ela e eu deveríamos ficar juntos?

Ren franziu a testa.

—Sim, eu me lembro.

— Pois então. Eu já tinha visto aquela cena antes, quando estava em Shangri-la. Por isso não me surpreendi.

— Tudo bem. Mas isso não quer dizer nada. Eu não me lembrava do meu passado com Kelsey e estava confuso. Muita coisa aconteceu depois. E aquilo não significa que você vai ficar com Kelsey no fim.

— Esta visão não. Mas o fato de ela ter acontecido, me mostra que uma outra visão se tornará realidade.

— Que visão?

— Na minha primeira noite no bosque dos sonhos, eu sonhei com Kelsey. Ela segurava um bebê nos braços e sorria feliz. Ela chamou o bebê de Anik Kishan. Eu disse à Kelsey que não vi os olhos do bebê. Eu queria que ela escolhesse ficar comigo, mas não se sentisse forçada a isso de forma alguma.

— Mas você viu os olhos do bebê.

— Sim. E eles eram dourados como os meus. Ele era meu filho Ren.

A expressão de Ren mudou no instante em que eu disse aquelas palavras. Havia compreensão e dor em seus olhos.

— Você quer dizer... Se isso for verdade... Se as visões nesse bosque mostram o futuro...

— Elas mostram o futuro. Kelsey é o meu destino, não o seu.

Ren afastou-se sério e disse que queria ficar sozinho. Eu me transformei em tigre e entrei na mata.

O destino do tigre - POV tigresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora