Nilima

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Kadam andava estranho naqueles tempos. Eu já o conhecia bem o suficiente para saber que algo havia mudado.

Durante o ataque ao iate, eu quase fui atingida por um arpão de um dos piratas de Lokesh. Me lembro de ouvir Kadam gritar meu nome e se colocar à minha frente. Depois disso, não me lembro de nada, até estarmos em casa.

Era como se eu tivesse dormido no barco e acordado na sala de casa, com Kadam e os outros. Ele me disse que fomos transportados para outro lugar, mas eu não me lembrava de nada e ele não me dava nenhum detalhe.

Seja lá onde estivéramos ou o que fizéramos, mudou Kadam. Ele mal sorria ultimamente e preferia ficar sozinho, lendo, assinando papéis, falando ao telefone. Quando eu perguntava, ele dizia que estava resolvendo assuntos importantes, mas não explicava o que era.

Ele pediu para que eu ensinasse a Ren e Kishan tudo o que eu pudesse sobre os negócios da empresa Rajaram e insistia para que os rapazes passassem boa parte do seu tempo trabalhando comigo. Ao mesmo tempo, Kadam se trancava no escritório, em projetos que pareciam secretos.

Em uma tarde, ele chamou a mim e aos meninos para nos mostrar um projeto que ele estava desenvolvendo, a partir da ideia das águas-vivas que os transportaram no sétimo pagode. Kadam explicou que o protótipo, que estava sendo desenvolvido nas indústria Rajaram, era submersível, mas não mergulhava em águas tão profundas como faria um submarino.

Ficamos impressionados com a ideia e mais ainda quando Kadam nos disse que em breve testaríamos o primeiro protótipo, que chamamos de Skimmer.

Naquela manhã, Kadam me chamou em seu escritório dizendo que precisava conversar.

—Nilima, você tem sido muito importante para mim e eu lhe sou muito grato por tudo. Em todos esse anos em que vivi, eu tive a honra de conviver com poucos dos meus descendentes e pude revelar meus segredos para alguns deles. Tenho orgulho de dizer que todos eles foram pessoas valorosas e fiéis, e eu amei a cada um. Mas você é especial Nilima. Desde que você chegou em minha vida, eu me sinto mais feliz e completo. Você não é só uma descendente. Você é minha filha.

Com os olhos cheios de lágrimas, respondi:

—E o senhor é como um pai para mim. A honra é toda minha de poder lhe servir e compartilhar de sua vida e histórias.

Ele me sorriu com ternura.

— Sabe Nilima, o destino lhe guarda muitas surpresas. Você será muito feliz. Todos vocês serão. Preciso que você cuide da senhorita Kelsey. Ela é muito importante para todos nós. Um dia você vai entender o quanto.

Assenti.

—Hojenós quatro partiremos para Katra, onde visitaremos o templo deVaishno Devi. Está será a última visita em busca das bênçãos daDeusa. Eu preciso que você vá até lá de avião para nos buscar,daqui a três dias. Ele meentregou um papel com as coordenadas de onde eu deveria pousar e medisse a hora exata em que eu deveria estar lá. Em seguida, ele medeu um abraço carinhoso.— Nuncase esqueça de que eu a amo filha. — Eutambém te amo, pai.

O destino do tigre - POV tigresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora