Destino - Kishan

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Então nós estávamos no templo de Durga, nos preparando para aquela que poderia ser a última aparição da Deusa. Eu estava ansioso. A visão da Deusa me era muito agradável.

Era estranha a maneira como eu me sentia à vontade na presença de Durga. Havia algo nela que me fazia bem. Eu me sentia pleno na presença dela, a ponto de me esquecer do que mais estivesse ao meu redor. E isto era algo além da aparência da Deusa. É claro que Durga era lindíssima e eu ficava sem palavras ao olhar para ela, mas havia algo além disso. Era estranho, mas parecia que a Deusa era capaz de compreender, de alguma forma, a minha alma inquieta de guerreiro.

Quando Durga apareceu para nós, ela estava diferente. Continuava tão linda como sempre, mas parecia mais humana. Inclusive na maneira como se comportou. Eu não conseguia deixar de olhar para ela, mas ela também me olhou. Ela me desafiou e flertou comigo.

Ao me oferecer uma nova arma, Durga colocou a ponta da espada em meu pescoço, me olhando de forma desafiadora. Eu nunca resisti a um desafio. Meu espírito se agitou. Mas Kelsey tocou meu braço, pedindo para que eu me acalmasse.

Se Durga agitava meu espírito, Kelsey era a única capaz de aquietá-lo. E era por isso que eu a amava. Mas eu sentia algo por Durga, e isto eu precisava admitir. Nenhuma mulher jamais mexera comigo como a Deusa.

Durga era como eu, mesmo sendo uma Deusa. Ela era uma guerreira corajosa e disposta. Era capaz de aniquilar exércitos, sempre à frente da batalha. E era sensual como eu nunca conhecera alguém antes. Se Durga se oferecesse a mim, seria difícil recusá-la.

O que eu sentia pela Deusa não era amor. No passado, eu amara Yesubai. Ela era o oposto de Durga: Delicada, doce e frágil, Yesubai inspirava cuidados. Ela era tão linda e maternal, que era impossível não sentir ternura por ela. Tanto que ela cativara também a Ren, que aceitou se casar com ela, ainda que não a conhecesse muito bem.

Eu amei Yesubai, mas fora a tanto tempo, que agora eu não estava certo sobre a intensidade dos meus sentimentos à época. A impressão que tinha, era de que apenas agora eu conhecera o amor plenamente. E a dona desse meu sentimento era Kelsey.

Kelsey era como Yesubai, em muitos aspectos. Ela era doce e maternal e sua beleza parecia delicada. Mas Kelsey era uma guerreira corajosa e mortal, como Durga, embora preferisse a paz à batalha. Kelsey reunia aquilo que me encantava nas outras duas mulheres, por isso ela era perfeita para mim e eu a amava.

Mas isto não me impediu de flertar com a deusa.

Por isso, quando Ren me atacou, dando-me um forte soco no rosto, eu não revidei, nem fiquei com raiva. Ele estava certo. Eu havia desrespeitado a mulher que eu amava e estava arrependido.

— Se eu o vir tratar Kelsey desta maneira novamente, farei muito mais do que apenas bater uma vez em você. Eu o incentivo a pedir desculpas. Fui claro, irmãozinho? — Disse Ren, enquanto eu o encarava, esfregando meu queixo.

Eu abaixei a cabeça humildemente e acenei, concordando com ele.

— Ótimo. Vamos esperar por você lá fora, Kelsey — disse Ren e saiu, com Kadam o seguindo.

Me aproximei de Kelsey, esperando que ela estivesse ofendida.

— Ele está certo. Peço desculpas. Eu não sei o que estava pensando. Sinto muito, Kells — Eu coloquei meus braços ao redor do corpo dela. — Você ainda é a minha garota, não é?

Ela encostou a cabeça no meu peito e assentiu. Eu a peguei pela mão, guiando-a para fora. Depois me virei para ela e falei, preocupado:

— Você pode ficar com raiva de mim, se quiser. Ser insanamente ciumenta e me bater. Eu mereço.

O destino do tigre - POV tigresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora