Reencontro - Ren

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Seguimos em velocidade por toda a noite. Paramos pela manhã e escondemos as motos atrás de arbustos. Kishan aproximou-se de Kelsey e a abraçou:

— Pensei que nunca mais fosse te ver. — Você está bem? Lokesh te feriu?

— Só um pouco. Ele me machucou um pouco e me beijou algumas vezes, mas na maior parte do tempo me deixou sozinha. Nunca vi sua câmara de tortura.

— Bom — Kishan resmungou.


Os dois ficaram abraçados por algum tempo. Kishan estava aliviado e Kelsey relaxou pela primeira vez desde que a encontramos. Ela sabia que estava segura.

Quando Kishan finalmente a soltou, eu me aproximei. Eu não sabia o que dizer, ou como dizer. Eu senti tanto medo durante tanto tempo, que os sentimentos estavam presos em meu peito. Se eu dissesse qualquer coisa, não conseguiria segurá-los dentro de mim.

Kelsey olhou nos meus olhos e eu pude ver que ela também tinha sentimentos guardados, prontos para transbordar através dela. Hesitante, eu toquei em sua bochecha. Ela fechou os olhos por alguns segundos e as lágrimas começaram a descer pelo seu rosto. Então eu a puxei para um abraço.

Kelsey relaxou completamente e começou a chorar. Seu corpo se sacudia e ela soluçava, segurando com força a minha camisa, como se quisesse se prender a mim e se sentir segura.

Kishan abaixou a cabeça mas não disse nada. Ele saiu para providenciar uma barraca, enquanto eu acariciava os cabelos de Kelsey, falando baixinhos palavras reconfortantes para que ela se acalmasse.

Quando a barraca ficou pronta, eu peguei Kelsey em meus braços e a levei até lá. Eu entrei com ela e a embalei em meu colo, aninhada em meu peito. Kishan trouxe uma xícara de chá, mas Kelsey balançou a cabeça, recusando-se a beber. Eu insisti até que ela bebesse tudo.

Kishan e eu nos transformamos em tigres e nos deitamos ao lado dela. Nós três dormimos, finalmente. Na manhã seguinte, meu irmão e eu acordamos primeiro e saímos da barraca. Decidimos que, apesar de ser mais seguro voltarmos para casa o quanto antes, deixaríamos Kelsey descansar pelo tempo que ela precisasse. Assim que a ouvimos acordar, Kishan entrou na barraca para falar com ela.

— Pensei ter ouvido você se levantar.

— Temos tempo para um banho de esponja antes de irmos?

— Se você me incluir nessa situação, farei termos tempo.

— Perdi sua provocação. Ei, onde estamos afinal?

— Uzbequistão.

— Isso não ajuda...

— Ásia central. Estamos a mais de mil e quinhentos quilômetros de casa.

— Uau, esse é um longo caminho para percorrermos com as motocicletas. Kishan? Você acha que ele... está morto?

— Não sei. Lokesh viveu por um longo tempo.

— Espero que ele esteja morto.

— Também espero, Kelsey.

— Kishan, obrigada por vir por mim.

— A qualquer hora, linda.


Kelsey improvisou um chuveiro nas pedras usando o colar de pérolas e pediu ao lenço que pendurasse uma cortina. Depois de algum tempo, ela retornou limpa e com os cabelos molhados. Kishan pediu para que ela viajasse com ele. Kelsey me olhou angustiada antes de subir em sua garupa.

O destino do tigre - POV tigresOnde as histórias ganham vida. Descobre agora