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CAPÍTULO UM


Sento-me no assento da janela, a ler um livro que tinha-me sido atribuído ler numa das minhas aulas, há cinco anos. Estava sem expressão, consciente de que um novo aluno tomaria este apartamento como o seu novo lar.

Mas estou cansada de ser rejeitada. Cada vez que tentei ser amigável, eles fugiram. Como resultado, decidi que não vou dizer nada a este. Não vou correr o risco de ser vista ou ouvida. Vou simplesmente ficar no armário durante todo o dia, e olhar ao redor do meu apartamento quando a pessoa estiver a dormir.

O mobiliário da pessoa foi trazido por homens musculosos que assumi que não iriam viver no meu apartamento, uma vez que ambos tinham o nome da empresa em toda a frente da sua camisa e pareciam ter 40 anos de idade.

Eu tinha dado uma olhadela nos itens da pessoa e parece que é mais um rapaz, a idade não posso dizer, mas pelas cores e padrões incompatíveis, poderia dizer que não é do sexo feminino.

Devo dizer, os rapazes sempre foram melhores do que as raparigas, já que a população feminina na escola agora parecem ser vagabundas mal intencionadas, ou fui apenas eu que não tive tempo de conhecer outros tipos.

Tudo que espero é que este rapaz não ande a dormir por aí porque isso é sempre desconfortável de ouvir e de vê-los depois. Especialmente quando eles primeiro te conhecem. Sim, espero que não seja um rapaz perverso.

Eu não espero que o rapaz venha e traga o resto das suas coisas e as mova hoje, mas espero que ele o faça. É sempre aborrecido, não há ninguém para ver ou uma televisão que funciona. Tudo o que posso fazer durante todo o dia é ler o mesmo livro que tenho lido por cinco anos.

Folheio as páginas, lendo mais uma vez como Jane Eyre floresce a partir do começo que a sua tia a espanca até ela se tornar livre.

Depois de um tempo, fecho o livro e olho para a pequena caixa que os homens tinham deixado na mesa para o rapaz. Na esperança de que o rapaz seja um leitor, remexo na caixa, encontrando suprimentos, tubos de papel, canetas e lápis, antes de dar de caras com uma pilha da mesma coisa que eu estava à espera de encontrar.

Mexo na pilha pequena, contando sete livros no total, alguns de Agatha Christie e um de Charles Dickens, outros de autores que não conheço o nome, mas estou grata pelos romances.

Escolho um dos meus favoritos, And Then There Were None de Agatha Christie: uma leitura extremamente fácil e um suspense cativante. Coloco o resto dos livros na caixa com cuidado, e retrocedo para o meu lugar na janela, começando a ler um novo livro, pela primeira vez em anos.

É apenas quarta-feira, facto que deve ser improvável para o rapaz vir no meio de uma semana de escola. A única razão para eu realmente querer que ele venha é para que eu possa comer.

Desde que morri, percebi que posso ficar por um tempo extremamente longo sem comer e muito tempo sem sentir fome. Ambas são boas características já que não posso sair do meu apartamento. Aprendi isso da pior maneira, quando tentei ir para a minha padaria favorita no final da rua, e imediatamente tive uma enorme dor de cabeça. (Maior do que quando Alex me bateu com o sapato.)

Não tive fome durante os últimos dois dias, mas agora tudo o que desejo é comida. Quando era viva, sempre tive um metabolismo rápido, mas estava sempre com fome, também. Agora, não tenho fome o tempo todo, mas quando tenho, nem sempre é uma coisa boa.

Leio o livro, ignorando os sons que o meu estômago faz. Quando releio uma página, pela quarta vez, pouso a história. É difícil concentrar-me no livro, desde que a minha mente continuava vagando pelo rapaz que logo chegará.

touch [PT]Where stories live. Discover now