dois

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CAPÍTULO DOIS


Passaram-se duas horas desde que Harry se mudou para o apartamento, e ele saiu há pouco tempo atrás. Não sei onde, mas espero que seja para comprar comida. De preferência chinesa e para dois.

Nas últimas duas horas, fiquei o mais silenciosa quanto possível no meu armário pequeno demais para mexer-me, o que deixou-me aterrorizada pois fazer o mais pequeno som resultaria em Harry encontrar-me, o que é algo que realmente não quero. Sinto-me extremamente mal pelo pobre rapaz. Ele parece perdido...e confuso, tanto que não o culpo por isso.

Harry colocou todas as coisas dele arrumadas. Mas eu não vi. Posso ver agora pois posso andar pelo apartamento limpo, com uma pilha de caixas no canto. O espaço é extremamente arrumado, algo que eu não esperava de um rapaz da sua idade.

Ando até à sala, e começo a olhar para as coisas que podem dizer-me algo sobre ele. Estava interessada na licença de motorista, mas tenho a sensação que ele a levou consigo. A única coisa que sei sobre ele é que tem um monte de livros, por isso deve gostar de ler.

Isso lembra-me; talvez eu devesse procurar um pouco mais.

Neste momento, não me importo que ele fique com tanto medo que tenha de ir embora. Talvez eu tivesse tido um pouco mais cedo, mas isso era porque ele tinha acabado de mudar-se, era um recém-chegado, mas no final ele irá embora como qualquer outra pessoa que possuiu o apartamento.

Rapidamente e sem dizer uma palavra.

Talvez se ele ficar tão assustado que tem de ir embora, não vá ser tão pessoal. Ele não saiu por minha causa; ele saiu porque estava com medo do que eu tinha feito.

Honestamente, acho que se não fiz alguém aprender a amar-ou a gostar- de mim até agora, isso nunca vai acontecer. Ficava dizendo a mim mesma:"O próximo vai gostar de ti, com certeza", mas eles nunca gostaram e eu estou cansada de esperar.

No meio do meu pensamento, vou até à prateleira ao lado da cama de Harry que está cheia de livros. A maioria dos da prateleira de cima são simples de ler, mas no fundo, há os de níveis mais elevados. Sinceramente, não quero mais um daqueles desde que estive lendo um por cinco anos, e, bem, eles não são os mais interessantes. Então, em vez disso, pego um de fantasia e outro de romance, histórias felizes, penso. Tenho certeza que se apenas levar dois, ele não vai dar conta.

Quando estou prestes a voltar para o armário, olho para o topo da prateleira. Os meus olhos ficam em bico e medo percorre o meu corpo. No topo da prateleira está o meu livro. O livro que tinha-me sido atribuído há cinco anos. O livro que eu aprendi a amar mesmo que seja chato em alguns pontos.

No topo da prateleira de Harry está o meu livro. Depois do medo correr para fora do meu corpo, raiva substitui-o. Harry tem toneladas de livros, tantos que ele pode ler e ainda assim ele fica com o meu.

Ele não percebe que é o único livro que tenho e que é a única coisa que me entretém de quando ele está a andar em volta do meu apartamento!

A minha respiração começa a ficar pesada e depois do meu pequeno discurso interior, sento-me na sua cama, descansando a minha cabeça nas minhas mãos. Não posso levar o livro de volta agora e, honestamente, eu não o quero de volta. Se eu fizer isso, ele provavelmente vai começar a procurá-lo e pode encontrar-me. Se eu levar alguns dos seus livros, ele não vai perceber, mas se eu pegar o livro de volta que ele não é dono, ele irá.

Durante as seguintes horas, Harry volta para o apartamento e descarrega os mantimentos que comprou (que era muita e muita comida!). Em seguida, ele relaxa um pouco e vê televisão, num canal de filmes.

touch [PT]Where stories live. Discover now