cinco

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CAPÍTULO CINCO

Reviro os meus olhos devido à insolência de Harry. Ele seria a pessoa a fazer isso. Um momento está a morrer de medo e a chorar por uma nota, e no seguinte está a dizer-me adeus.

Pelo menos encontrei alguém mais confuso do que eu.

Quando decido que ele não vai estar de volta até mais tarde que o meio-dia, ligo a televisão e percorro os canais, finalmente parando numa reprise de algum estúpido reality show. Levanto-me do meu lugar no sofá e pego uma laranja no frigorífico, tomando a decisão de comer algo saudável por uma vez. Quem sabe, se algum dia tornar a ser humana e continuar a comer assim, vou ser enorme.

Continuo a assistir ao horrível show antes de lembrar-me de outra coisa que Harry fez antes de sair; responder à minha nota.

Sem pensar duas vezes, salto do sofá, corro para a cozinha, olho para o balcão, e de facto vejo outra nota de Harry com a sua caligrafia confusa sobre o papel amarelo maçante.

É um bilhete simples, que ainda assim trouxe um sorriso ao meu rosto. Não pela razão que fez-me sentir especial, mas a razão de que eu trouxe para Harry felicidade suficiente para que ele decidiu dedicar algo tão simples como uma nota só para agradecer-me.

É um simples obrigado por dar-lhe as suas coisas de volta, que eu tenho orgulho de ter feito. Eu realmente precisava tirar isso do meu peito, e agora que tirei, o meu peito sente que um grande peso foi retirado do seu corpo.

Não parece que preciso de responder à nota de Harry, então não o faço, vou sentar-me no sofá com o maior sorriso no meu rosto.

Ele está feliz, eu estou feliz, e tudo está bem no meu pequeno mundo.

Vejo televisão um pouco mais, e inconscientemente espreito para o relógio, apenas para ver que são quatro horas da tarde.

Começo a preocupar-me de que algo aconteceu com Harry. Acho que talvez o homem nos meus sonhos é realmente real. Tudo o que eu quero é que o Harry volte e fique bem, porque mesmo que eu nunca o tenha conhecido, eu sei que ele merece ser salvo.

Estou a ficar paranóica, embora eu saiba que ele pode estar apenas com amigos. No entanto, quem sabe o que pode acontecer.

Levanto-me e olho para a porta, ficando cada vez mais ansiosa. Eu sei que não posso abri-la, mas eu realmente estou a pensar tentar, só para ver se o Harry já está aqui.

Por um momento, olho para a porta e peso as minhas chances. Talvez ela abra, talvez não, mas o que é o pior que pode acontecer?

Sem pensar mais, ando devagar até á porta, dando pequenos passos. Quando chego à frente, lentamente trago a minha mão tremula para a minha frente, colocando-a na maçaneta. Tomo uma respiração profunda, antes de virar o meu pulso.

Nem sequer processo na minha mente que o punho realmente move-se, e quando percebo, um sorriso enorme estende-se pelo meu rosto. Um riso escapa da minha boca, e os meus olhos arregalam-se de puro choque.

Eu movo-a para abri-la, mas tão rápido quanto eu tinha virado o punho, a maçaneta da porta gira para o outro lado e eu percebo que eu não abri a porta.

Antes que eu possa sequer registar as minhas ações, corro para a parede e fico contra ela, pois entendo que Harry está em casa. Mas não é só o Harry, porque fora da fenda da porta posso ver um, dois, três, quatro outros rapazes entrar.

Pânico corre através de mim quando a minha mente regista que eu não posso tornar-me invisível uma vez que Harry acordou mais cedo do que eu hoje, por isso, quando o último rapaz entra e não fecha a porta, deixo escapar um rápido suspiro de alívio.

touch [PT]Where stories live. Discover now