Toda a história que Jungkook me contou me fez ver Taehyung com outros olhos. Depois de tanta coisa, com certeza seria difícil se abrir para alguém.
Quando Jin chegou, eu e Jungkook estávamos assitindo TV. Ele carregava uma maleta, provavelmente com coisas médicas dentro.
Ele resolveu me checar primeiro e em seguida ir ver Taehyung, que por sinal não tinha ingerido nada além de um copo de leite, desde que acordou.
— Como se sente? — Jin questionou falando de modo casual.
— Melhor, ainda dói mas o inchaço diminuiu bastante.
— Isso é ótimo, mas deixe me ver apenas por precaução.
Jungkook focou os olhos na TV e eu levantei a blusa até pouco a baixo do sutiã.
— Tem quase uma semana, se continuar cicatrizando assim, em dois ou três dias pode retirar os pontos — fez sinal para que eu abaixasse a blusa — está repousando?
— Eu que pego água para Hana — Jungkook me encarou — ela só levanta pra ir ao banheiro e fazer lamen de manhã
— Ótimo — Jin sorriu — agora deixe-me ver o Taehyung.
Assenti, queria perguntar o que ele teve mas provavelmente não obteria resposta alguma. Eles estavam cercados de mistério e sofrimento.
Mandei mensagem para minha mãe, avisando que voltaria em dois dias, tudo o que ela disse foi " Ok, se cuide."
Suspirei, tudo continuava igual. Pedi um tempo a Seon Woo, ele ficaria longe e me deixaria pensar. Dentro de mim uma voz dizia para deixá-lo mas eu não possuía forças para isso.
Um grito chamou minha atenção e eu encarei Jungkook.
— O que foi isso?
— Eu não faço a menor idéia — apertou os lábios juntos — o Jin deve estar cuidando dele.
— Que eu saiba, um grito desse não é sinal de boa coisa.
— Você quer fazer o quê? Ir lá não é uma opção — deu de ombros.
— Pelo visto o que resta é esperar.
Longos minutos se passaram, a TV não parecia tão interessante já que a curiosidade falava mais alto.
Quando Jin voltou, eu e Jungkook o encaravam como duas crianças ansiosas.
— Ele vai ficar bem, o Taehyung teve sorte de não morrer envenenado.
— Envenenaram ele!? — Jungkook arregalou os olhos.
— Por sorte ele tinha um antídoto — engoliu em seco — é provável que ele ainda passe mal. Só me liguem em caso de febre que não abaixa ou vômito com sangue.
Me encolhi só de pensar.
— Vai voltar aqui? — me recostei ao sofá.
— O correto seria você ir ao hospital retirar os pontos — segurou a maleta — mas se não tiver como, eu venho.
***
Jungkook foi para casa, eu e Taehyung estávamos sozinhos. Ele passou o dia inteiro no quarto.
Ainda não sabia como reagir, uma parte de mim estava morrendo de medo do que Taehyung poderia fazer, mas a outra apenas tentava entender o que se passava naquela cabeça.
— Eu fiz mingau de aveia, você quer? — parei próxima a porta.
— Não estou com fome. Pensei que o Jin tinha mandado você embora.
— Precisa comer e já que quer tanto se livrar de mim, chama um táxi e eu vou embora.
Eu não tinha dinheiro, nem condições de subir o degrau enorme do ônibus.
— Por que você parece tão irritada com a possibilidade de ir pra casa?
— Quero sair daqui, mas não acho que consigo subir vários lances de escada — respirei fundo — no entanto, se me quer mesmo fora daqui, eu dou um jeito.— Você sabe que não está segura comigo — a única iluminação no quarto era o fantasminha.
— Fala como se o Yoobum não pudesse me achar em qualquer lugar.
— O que você quer que eu faça? — Taehyung resmungou.
— Quero que pare de ser ranzinza e coma — passei as mãos pelo rosto.
— Aish, me traz mingau então. — resmungou.
Eu já havia comido, coloquei o mingau que ainda estava na panela, num prato e entreguei a ele. Por causa da baixa iluminação, não era possível vê-lo com clareza.
A sensação que tomava meu corpo era estranha, por um lado o medo me dizia para sair dali, correr sem nem olhar para trás. No entanto a figura frágil de Taehyung, me dizia que ele não iria fazer nada.
— Vai ficar parada aí?
— Já estou indo — me apressei — leva isso pra cozinha, quando acabar.
— Hana, senta aí — apontou para um local na cama — nós precisamos conversar.
— Preci...samos? — meu coração se acelerou.
Taehyung apenas assentiu, sentei-me na cama, era macia e assim eu podia vê-lo melhor. Ainda parecia cansado, os cabelos encontravam-se bagunçados e sua expressão era séria.
— Não odeio você, nem estou sendo mau. A questão é que eu não posso me responsabilizar por você.
— Nunca pedi para que fizesse isso.
— Aconteceram coisas — deixou o prato de lado — e eu não quero que se envolva nelas.
— Eu entendo, falei sério sobre ir embora — cruzei os braços — não quero ser um peso.
Ele não era obrigado a me ajudar, Taehyung já tinha problemas demais.
— Fique, até quando o Jin achar necessário — suspirou — de qualquer forma, o que aconteceu foi minha culpa.
— Como não pensou que ele ia me machucar?
— O Yoobum tem raiva de mim — eu sabia porquê — não pensei que ia atacar uma desconhecida.
— Agora é tarde — mordi o lábio — é melhor não pensar nisso.
— Eu penso todo dia — sorriu amargo — penso em todas as coisas que fiz, essas memórias me destroem e elas nunca vão embora.
— Não pode mudar o passado, mas ainda dá tempo de salvar o futuro.
— Se você soubesse o que aconteceu, veria que não dá pra consertar.
Eu sabia e por mais doloroso que fosse, ele precisava seguir em frente.
— Nunca vai saber se não tentar.
— Isso também vale pra você — rebateu — por que não tenta viver sem o Seon Woo?
— É complicado, eu já disse que não tenho mais ninguém — lhe encarei — disse que eu não estava mais sozinha, no entanto você não pode se responsabilizar por mim.
Taehyung engoliu em seco, ele parecia irritado de verdade.
— Se eu te ajudar, promete deixá-lo?
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Taehyung não vai desistir enquanto a Hana não largar o Seon Woo.
Passamos de 10k yaaay, obrigada ♡♡♡
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In the dark 《 Taehyung 》
ספרות חובביםHana é uma jovem cercada por relacionamentos abusivos, tanto tempo sobrevivendo com migalhas lhe ensinou a exigir cada vez menos. Taehyung vive no subúrbio de Seul, afundado em seus próprios problemas, ele jamais imaginou que uma noite pudesse muda...