Capítulo 37

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Hana pov

 As vezes colocar um muro em volta dos sentimentos, parece mais fácil. Mas enquanto o mundo a sua volta pensa que está tudo bem, na verdade você está desmoronando.

   A princípio eu tentei agir como se estar a salvo fosse suficiente, como se não ter sido morta ou gravemente ferida já bastasse. Eu gostaria de poder seguir em frente e fingir que tudo foi apenas um acidente. No entanto não foi e após um dia inteiro dizendo a Taehyung e a mim mesma que eu estava bem, eu desabei.

     Sentir dói, aceitar que as coisas estão fora do seu controle dói mais ainda. A incerteza, o desespero de não saber o que fazer é assustador. E enquanto eu me desfazia em lágrimas, tudo a minha volta pareceu desaparecer.

   A voz de Taehyung estava lá, mas parecia submersa em água, eu era capaz de ouvi-lo mas não de entender.

   Eu tremia e chorava ao ponto de soluçar. Era como se tudo que acumulei por semanas estivesse sendo  posto para fora a força e embora doesse, era bom. Em meio a todo o desespero, eu sentia um mero alívio de não estar mais segurando tudo aquilo.

  Sorrir e dizer que tudo está bem é infinitamente mais fácil do que desmoronar em frente a quem amamos. Mas é na dor que nós crescemos, é quando nos quebramos que nos tornamos fortes.

 Em algum momento Taehyung desistiu de falar e apenas ficou abraçado a mim, talvez ele tenha entendido que eu precisava de um momento.

    — Tae? — chamei quando consegui me acalmar.

   — Você tá bem? Me assustou — a preocupação em sua voz era nítida.

   — Não — funguei me sentindo exausta — está tudo errado e eu não sei o que fazer.

 Admitir em voz alta era difícil, depois de Seon Woo por um mero segundo eu quis acreditar que as coisas ficariam bem, mas não ficaram.

   Não era minha intenção culpar Taehyung no entanto fugir da realidade não iria ajudar.

     — Nós vamos dar um jeito — ele acariciou meu braço — e vai ficar tudo bem.

   — Não vai, não agora.

     A sensação era de que eu finalmente estava enxergando tudo e doía tanto. Por mais que Taehyung se livrasse da máfia, por mais que de algum modo conseguíssemos sair daquilo sem mortes, iria levar tempo até que tudo ficasse bem de novo.

   — Hana — ele saiu detrás de mim e sentou-se à minha frente — não seja tão pessimista. O que te deixou assim?

   Eu ri sem acreditar que ele não via o erro em tudo que estávamos vivendo.

   — Está me dizendo coisas bonitas para tentar me acalmar — apertei as mãos fechadas — mas eu preciso da verdade, Taehyung. Preciso entender que as coisas não estão boas.

    — Eu…

   — Sei que suas intenções são as melhores — engoli em seco — mas as vezes o melhor é deixar doer.

  Tudo começou minutos atrás, quando o YouTube me sugeriu um vídeo sobre gerenciamento de emoções e a cada palavra que eu ouvia, algo em mim parecia se quebrar.

  Eu evitei tudo por tempo demais, sempre dizendo a mim mesma que estava tudo bem ao invés de me deixar sofrer quando precisava.

   Taehyung me encarava com uma expressão de choque, me ver sendo exposta parecia lhe deixar sem reação. Das outras vezes, quando ele me encorajava, eu ficava melhor, mas agora era diferente.

   — O que precisa que eu faça? — quebrou o silêncio.

    — Que me deixe lidar com meus sentimentos — peguei sua mão — ter você ao meu lado é uma ótima ajuda, mas eu também preciso sentir. Eu preciso experienciar a dor que tudo isso causa e não simplesmente fugir.

 — Tudo bem — sorriu fraco — você fica tão madura falando assim.

    Eu apenas dei um sorriso fechado e me aproximei, me encostando nele. Estava tarde e depois de todo o meu desgaste emocional, me sentia exausta.

  Taehyung mexia em meus cabelos e eu foquei apenas em aproveitar aquele momento. Nossa situação não se resolveria rápido e eu tinha certeza que acabaria chorando muito mais, porém tentaria viver um dia de cada vez.

   — Pensei que te distrair seria o melhor, não gosto de te ver triste — me deu um beijo na testa — mas pelo visto não deu certo.

   — Eu não posso viver numa caixinha — comentei entre um bocejo — em algum momento vou ficar triste.

  — Eu sei, é só que eu sei que a culpa é minha e..

   — E você está tentando consertar as coisas — acariciei sua bochecha — e eu...agradeço muito por isso.

  Mordi o interior das minhas bochechas, três palavrinhas queriam sair mas eu sabia que ainda não era a hora certa.

    — Seus pais pensam que você está viajando, então amanhã vai ficar aqui, certo? — assenti — ótimo, vou poder ficar pertinho de você.

     — Nós podíamos jogar video game — sugeri sonolenta — quero te ver perder.

  — Está andando muito com o Jungkook — riu fraco.

   Eu devo ter cochilado e apenas acordei quando senti Taehyung me deitando na cama e me cobrindo com o lençol. Meu coração ainda parecia doer, no entanto eu sabia que só assim ele iria cicatrizar.

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Hana tá crescendo

O quê eu quis dizer com esse capítulo é que a gente precisa sentir, nós precisamos lidar com nossos sentimentos e não apenas fingir que não existem. Não tô dizendo pra ficar imerso no sofrimento 100% do tempo, mas fingir que está tudo bem quando não está, também não é legal.

   Tem uma frase que diz " Que das minhas feridas saia poder para curar" e eu acredito que nós passamos por processos necessários para nos curar e as vezes curar outras pessoas. O que te causa dor hoje, vai te ensinar o necessário para lá na frente você ajudar alguém que tá passando pelo mesmo.

  Talvez isso não faça sentido pra vocês, mas é o que eu tenho aprendido com a situação que estou vivendo.

In the dark 《 Taehyung 》Onde as histórias ganham vida. Descobre agora