🗝Vulto?🗝

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Foi a tarde mais divertida da vida, da jovem de cabelos negros e olhos claros. Perdeu a noção do tempo quando estava do lado da pessoa que lhe contava momentos engraçados da sua trajetória e, principalmente, dos momentos em que os mesmos se conheceram.

— Você é o Cristão um pouco fora dos padrões. — ela comenta rindo e ele se espanta. — Não sei se vai conseguir compreender a minha linha de raciocínio: mas quando se trata de homem e cristão, vejo um ser fortinho, porque crente ama comer. Nunca iria imaginar se Cármen não tivesse me dito que você era crente.

— Estou compreendendo. Acho que nessas semanas que você passou aqui em casa, pôde perceber que não sou um cara vaidoso. — ri.

— Exatamente! Isso que me intriga, porque aquele uniforme: casaco de couro preto, o cabelo com mais de um quilo de gel. Imaginei: esse cara é um mercenário santo. — comenta e ele gargalha.

— Essa foi muito boa. Graças a você, graças às suas atitudes, mudaram o uniforme, porque eu não me sentia policial com aquele casaco preto e andar de gel era meio que um "padrãozinho".

— Já fez academia?

— Não. Eu acredito que todas essas heranças: altura, porte é tudo do meu pai. E natural. — se gaba. — E sua beleza? Vem de quem? Sua mãe, quando eu a vi tinha uma aparência de sofrida, então não deu para imaginar como seria ela no passado.

— As sardas são dela e de meu pai, meus cabelos são de meu pai, o corpo... não sei. — ri. — A maioria dos meus parentes paternos tem sardas no rosto.

— Acho lindo. Queria ter.

— Bobo. — revira os olhos. — Agora que fechamos esse projeto, poderíamos fazer um lanche. O que acha?

— Vou amar.

Nas caladas da madrugada, Jon orava fervorosamente em prol da sua família, da sua vida e todos aqueles que viviam ao seu redor. Mas também com aquela sensação estranha de que algo muito ruim iria acontecer, porém não sabia quando, nem como. Odiava ter essas sensações, porque sempre acabava dando algo de errado e sempre afetava o seu emocional.

— Senhor, te peço que seja feita a Sua vontade e que o Senhor prepare o meu coração.
Também sabia que era o Espírito Santos colocando aquelas palavras, porque ele nem imaginava.
Temeu até em pegar a Bíblia, por medo de saber o que Deus falaria. Mas por que estava sentindo esse medo todo?

Levantou-se do seu joelho e sentou sobre o sofá. Logo toma um susto ao ver a jovem descendo as escadas.

— O que faz acordada? — franze o cenho.

— Vi um vulto e estou com medo de dormir sozinha. — responde envergonhada. — Posso dormir com você?

— Lo-ruama... — franze o cenho. — Não podemos dormir juntos.

— Jon, eu sei, mas estou com muito medo e sua função é ser hospitaleiro. — é irônica.

— Desce, vou cantar um hino para você dormir tranquila. — a chama.

— Só se for ao seu lado. — desce as escadas como uma criança quando ouve a mãe gritar, dizendo que o lanche está pronto.

— *♪Pensando bem
Só a presença de Jesus na minha vida
Justifica tanta coisa sem saida
É a realidade
Que eu não posso me afastar
Sua presença me encoraja
Me anima todo dia
Sem Jesus Cristo, eu não sei o que seria
Um vivo-morto sem poder me levantar
Não...não me deixes
Não me deixes sozinho
Nem por um minuto
Não me deixes, a minh'alma chora
Grita, implora, não me deixes Senhor
Só Tu me entendes, não me censuras
Embora eu sei que Te aborreço
Mas eu Te peço por favor
Meu Deus, esqueça
As muitas falhas que  cometo contra Ti
Se for preciso me exortar, fala comigo
Estou ouvindo, fala comigo
Acordado ou dormindo
Ou aqui mesmo se quiseres, quero ouvir.
Estou contigo ora não temas
Te encorajas, vai em frente
É a presença que eu anelo tão somente
Não há barreiras
Que não possas ultrapassar
Mas se estou fraco, oh!, me escondas
Em Tuas asas bem seguras, me agasalha
No Teu manto de ternura
Ó me transportas, como o vento sobre o mar

— Essa música é muito linda. Cada dia que você canta, fica difícil saber qual a mais bonita. — ela comenta admirada.

— Prometo trazer outras, porque agora já sei que você ama hinos antigos.

— Sim. Podemos dormir agora? — boceja.

— Sim, você dorme nesse sofá e eu durmo no pequeno.

— Não vai incomodar você? — pergunta preocupada.

— Não.




*♪Jota Neto - Pensando Bem

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