🗝O plano🗝

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   Todos voltam para suas respectivas casas com esperanças de que a jovem irá aparecer o quanto antes. Jon estava arrasado e não parava de comer e quanto mais comia mais fome sentia. Poderia ser o açúcar, que estava alto.

— Pai, vamos orar e depois dormir. O senhor precisa de uma boa noite de descanso para que amanhã acorde disposto.

— Filha, eu já estou calmo. Me desesperei, porque foi naquele momento e não sei o que aquele homem é capaz de fazer. Ela é uma mulher forte e chata...então acredito que não vai aguentar ficar muito tempo com ela. — ri.

— Também acredito que ela é uma mulher forte e sabe se virar sozinha. — comenta.

— Imagine essa audácia toda na presença de Deus. Cheia do Espírito Santo.

— Vamos orar? — sugere.

Jon assente e ambos dão as mãos.
— Senhor, pedimos permissão para entrar em Tua presença. Confessando que somos falhos diante de Ti e  que sem a Tua permissão nada podemos fazer. Pedimos pela vida de Lo-ruama, que o Senhor a proteja de todo mal e ilumine a sua mente, dando estratégias. Não permita que aqueles homens toquem na tua escolhida. Acredito que tudo é da Tua permissão, porque o Senhor já havia me dito que marcaria um encontro com ela, porém, confesso que não sabia que seria desta maneira. Tudo bem, Tu tens suas formas de trabalhar e nós devemos interceder e confiar que tudo acabará bem.

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Lo-Ruama

  Abri os olhos e por alguns segundos me perguntei onde me encontrava e ao mesmo tempo um flashback aconteceu.
Estou em uma espécie de garagem, amarrada em uma pilastra, com muita fome, cansaço e ódio. Me perguntando o que é que aquele homem quer comigo, porque ele me trouxe a este lugar, quais as intenções do seu coração. Estou desejando que apareça aqui, porque vou infernizá-lo até a morte.

— Estou com fome! — grito. — Pode acabar com a palhaçada, mercenário maldito! Eu sei que você me sequestrou e quero que saiba que eu não tenho medo! 

De repente a porta de alumínio se abre e ele começa a gargalhar.

Cretino!

— Qual a graça? Me trouxe a este lugar para morrer de fome?

— Você é a mulher mais incrível que eu já encontrei. — cruza os braços.

— Acredito em suas palavras, porque me conheço e sei que não sou como aquelas que você está acostumada a sequestrar e matar.

— Eu não mato ninguém. Elas que constrem seus próprios destinos. — ri.  — Bom, como eu sou um cara de bom coração, soltarei suas mãos para que possa se alimenta e nem pense em fazer gracinha, pois está cercada. Ou seja, não tem como escapar. Sandro?! — ele chama por alguém e aparece o mesmo rapaz que conversou comigo na boate pela primeira vez. — Solte-a.

Ele vem com a cara mais cínica do mundo e desfaz o nó de meus punhos. Balanço minhas mãos a procura de alívio e rosno pela dor.

— Me acompanhe. — o mercenário caminha em minha frente enquanto Sandro espera que eu vá. Entramos numa outra porta ainda dentro da garagem, que dava em um corredor e em seguida uma cozinha. — Só queria te lembrar que não ficaremos por aqui, porque tenho certeza que aquele "policialzinho" chamado Jonatas já comunicou a sua guarnição e, provavelmente, estou sendo procurado pela polícia da minha cidade.

— Eu quero que você vá para o inferno junto com seus capangas e me deixe em paz. E nem ouse a tocar em Jon! — ameaço.

— Nossa que grossa! — gargalha. — A filha dele é uma graça.

Engulo o seco. Meu coração se aperta e tremo de medo, mas não posso demonstrar.

Coragem.

— Mas não precisa fazer essa cara de ameaça, aquela família não me interessa. Estou aqui por causa de você, xuxu. — aproxima-se segurando meu queixo. Viro o rosto bruscamente. — Sandro, pode nos deixar a sós e tranque todas as portas.

O outro rapaz se retira, me deixando sozinha com aquele ogro perigoso.

— Para onde irá me levar? — encaro-no.

— Para um dos meus apartamentos, porque preciso cumprir umas missões que me renderá muita grana. E preciso dela para comprar um jatinho particular. — ele caminha até o galpão e pega algo atrás dele. Em seguida, expõe um prato delicioso em cima da bancada. — Vamos comer? Também estou morto de fome.

— Eu não vou comer isso. — minto.

— Claro que vai. Não está envenenado. — ri. — Vamos, não quero ter que perder minha paciência com você, gatinha.

— Não estou pedindo sua paciência.

— Não queira me ver sem. — ameaça. — Sente-se, não lhe farei nenhum mal, ao menos que queira.

Me aproximo do banco e sento-me. Evito ao máximo o contato visual entre nós. Ainda não entendo o porquê de me tratar tão bem e ainda não ter me matado ou tentado me estuprar.

A comida estava tão deliciosa que eu não quero que acabe.

— Eu que fiz.

— Por isso que está ruim. — minto.

— Seus lábios não dizem isto. Quero lhe explicar uma coisa antes de sairmos desse lugar: provavelmente essa cidade esteja com todas as suas saídas fechadas, então tentaremos algo arriscado e creio que teremos sucesso. Estudamos tudo aqui e existe uma rede de esgoto abandonada, seu final de linha é na estrada principal que liga Filip's e Novo Horizonte. Vamos andar cerca de 10 km e encontraremos um carro esperando por nós.

— Não vou caminhar dentro de um túnel fedido! — indago.

— Garota, essa obra é abandonada. Acredito que deva ser restaurada devido a reforma da cidade, por isso sairemos enquanto a tempo.

— Por que me sequestrou? — fito-o. Sua expressão era fria e decidida em tudo o que pretendida fazer.

— Porque eu quis. Não quero em nada em troca de você. Tenho uma proposta magnífica para uma mulher com seu porte de beleza e garanto que vai amar. — sorri de canto.

— Saiba que nada me fará concordar com essa sua proposta.

— É o que veremos.




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