????Uma prova de fé????

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Lo-Ruama

  Acordei em cima de uma cama, dentro de um quarto de luxo. O lugar era grande, aconchegante e bastante rico. Todos os móveis eram bem conservados e havia uma sacada, porém trancada.
Eu havia acordado já tinha algumas horas, mas me permiti não gritar para que não chamasse a atenção de Luke, afinal estava com muita raiva pelo fato de ter chegado aqui e não ter acordado nos braços de Jon, ouvindo-o cantar para mim.
Já perdi as contas de quantas vezes entrei nessa suite para me olhar no espelho e me perguntar o motivo de eu estar neste lugar. Tudo bem que não estou com medo de nada, mas está ficando muito chato saber que fui sequestrada e não tenho como voltar. Garanto que se isso fosse um filme, as pessoas enjoariam de assistir, porque qualquer lugar que é chato ficar, nos tornamos chatos querendo sair.

E agora? Quem cantará para mim todas as noites antes de dormir? Quem me dará conselhos? Nunca mais poderei sentir o calor dos seus braços e as palavras sábias, nos momentos certos. Nunca mais poderei depositar minha angústia no teu peito e clamar por ajuda, pois não estará aqui para poder me ouvir.

— Princesa? — ouço a voz de Luke. Reviro os olhos e continuo encarando o espelho. — Oi? — abre um sorriso ao me ver pelo espelho. — Achei que tinha fugido. Acabei de chegar do shopping, comprei umas roupas para você e comida para nós.

— Por que me trouxe para cá? — arranco minha expressão de nojo lá do fundo da alma.

Ele murcha com minha pergunta e se retira da porta. — Não adianta ficar me perguntando, porque já te respondi Lo-ruama.

— Como sabe meu nome? — saio do banheiro nas pressas.

— Eu sei tudo sobre você. Na verdade, descobri ontem. Não se preocupe, no momento só sei o seu nome mesmo, mas pretendo descobrir o resto. — coloca umas sacolas em cima da poltrona.

Dou um suspiro de alívio.

— Não adianta você me fazer propostas ricas, porque não vou aceitar. Não sou esse tipo de mulher que você sequestra e cai em qualquer encantos. Eu quero ir para minha casa! — altero a voz.

— Mas você não vai! — grita. — Te sequestrei, porque te escolhi para ser minha e nenhum outro homem vai tocar em você. E nem pense e sair da minha vida!

— Você é psicopata! — grito mais alto.

— O que eu sou ou me tornei nao importa! — vocifera. — O que me importa é você, amor. — se aproxima segurando meus braços. — Só você me importa.

— Você é um sem noção e pessoas da sua laia não tem amor. Você é frio, psicopata, maluco, assassino...

— Suas palavras não me machucam! Eu escolhi ser assim e amo minha profissão. Só tiro a vida daqueles que não merecem estar vivos. — sibila as últimas palavras.

— Não acredito em você. — rosno. — Quantas mulheres você já matou pela sua doença?

— Nunca matei nenhuma mulher. — determina. — As mulheres por quem me encantei tiraram suas próprias vidas, porque não posso ficar na vida delas. Sou um homem que não pode amar, mas estou perdendo minha cabeça por você. Por sua culpa estou quebrando todas as regras, todos os protocolos, tudo por sua causa! — me aperta.

— Você está me machucando. — sussurro como medo. Ele percebeu que estava doendo, suspirou e soltou suas mãos.

— Me desculpa. — me olha solidário.

Concordo, alisando a região agredida. — Já que seu coração não pode ter espaço para amar ninguém, é forte suficiente para não quebrar nenhuma regra.

— Vamos mudar de assunto? Você me deixa completamente irritado quando fala sobre meu pessoal. Vocês me faz quebrar tanto os protocolos que não me reconheço. O Luke de antigamente nunca contaria a sua vida pessoal para ninguém.

— Pois se não está gostando dessa nova fase é só me liberar, porque não vai conseguir nada comigo, pelo contrário terá somente prejuízos. E muitos. — ameaço.

— Que seja! — vocifera. — Agora vamos comer.

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Jônatas

Duas tentativas falhas. Minha pior tristeza foi ver a guarnição voltar sem notícias e mais frustrantes ainda estar ao lado do homem a qual se deitou. O primeiro depois do seu ex-marido. Não estava esperando que ela se guardasse para mim, mas foi constrangedor.

— Pai, você não pode parar, simplesmente, porque Lo-ruama desapareceu. Precisa se alimentar para ter peito suficiente para receber notícias e informações. — Maressa se deita ao meu lado.

— Juro que estou sem fome. Está meio difícil captar todas essas informações, está meio difícil ser fiel, ser longânimo, ser eu mesmo. Imagina se seus avós chegassem aqui, de repente. O que eu diria?

— A vovó entenderia muito bem, afinal ela é amante das histórias de amor. Ela acredita que classe social, raça, crença não é empecilho para o amor. — sua voz era doce.

— Tem razão. — sorrio. — Só queria saber onde ela está agora, o que está fazendo, se já comeu, se ele está obrigando-a a fazer algo que não queira... Eu não quero imaginar. — me levanto.

— Pai, nada vai acontecer com ela se Deus não permitir. O inimigo que está usando-o vai entender que ela é escolhida. É tudo questão de fé, Deus vai se aproveitar dessa situação para resgatá-la de volta. Eu aprendi uma coisa com nosso pastor: uma coisa é quando Deus está no barco e outra coisa é quando ele não está. Ele me fez entender que aquela passagem da tempestade, é uma prova de fé. Sim, todos nós já sabemos disso. Talvez poucos saibam que ali não era o mar e sim um rio, um lago, que seja. Se Jesus, por ventura, não tivesse, aquelas águas não se agitariam. Significa que ele é o empecilho? Não. Quando Jesus está no barco, é diferente. — ela ri. Me fazendo entender o que quis dizer com aquela reflexão. — Ele sempre tem que mostrar que está, não é mesmo? E foi através daquela tempestade ter se acalmado com apenas uma palavra de seus lábios, que Ele provou que estava no controle de tudo. Deus está com ela neste barco, porém ela precisa olhar para a proa e não para as ondas.






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