🗝LUKE SE ENTREGOU!🗝

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   Chegamos em casa bem tarde e estávamos tentando fazer com que Maressa abrisse a porta de seu quarto. Jon sentou-se em frente ao cômodo, de costas apoiada na parede, esperando  a filha.
A menina já gritou dizendo que estava bem, apenas não queria conversar, porém ele como pai insistia para dormir ao lado dela.

— Jon? — me abaixo, ficando de joelhos em seu lado. — Amanhã nós resolvemos esse problema.

— Eu sou um péssimo pai. Acho que já tem um longo tempo que minha filha está sofrendo por alguém e eu não tenho dado a mínima. — diz baixo.

— Jon, você não é um péssimo pai. Acredite! Se eu tivesse um pai como você, iria amar. Você é generoso, especial, pacífico, maduro, presente...

— Não diga essas coisas. — interrompe.

— Já te disseram que é falta de educação interromper as pessoas? — pergunto irônica.  — Entenda: são fases. Nem sempre você poderá usar seus dotes sobre ela, pois são lições que vão gerar aprendizagem e amadurecimento. É que nem um casamento: nem tudo os pais contam aos filhos. Eles sempre acham uma forma de disfarçar para que a criança não seja afetada. Assim são os adolescentes; criam um mundo dentro deles e se trancam em seus conflitos para não preocupar os pais. No fim, alguns sabem o que estão fazendo. Outros? Não. O pedido de ajuda vem quando sabem que pode contar com uma determinada pessoa (incluindo os pais). Jon, na hora certa, Maressa vai desabafar com você. Não a force. Esmeralda, segunda mãe de Luke me ensinou uma vez: o amor nunca força.

Acariciei seus cabelos sedosos e ele curva a cabeça, parecendo se nutrir com aquelas palavras.

— Tem razão. — suspira. — Acho que é por esse motivo que não quero que saia desta casa. — inclina novamente a cabeça e me olha esperançoso. — Se Maressa abrir essa porta vou gaguejar como um adolescente bobo. Ela precisa de uma mãe. Não sei fazer dois papéis, aliás, nem sei se fui um bom pra ela durante esses anos.

— Claro que foi! A educação, a forma de querer ajudar as pessoas...ela tem diversas qualidades que lembram você. Agora, vamos sair daqui?

— Certo. — sorri fraco e levanta-se.

[...]

Pela manhã, estive perplexa quando liguei a televisão e o vi com as mãos algemadas. LUKE SE ENTREGOU! Por um lado estou feliz com sua digna atitude, porém triste porque seu que grande será a pena que irá cumprir.

📺 Lúcio Agustim Meirelles, suspeito de assassinatos, porte ilegal de armas e líder de uma gangue. Pela nota, existe uma  pessoa de autoridade maior, que comanda todos os movimentos de seus empregados. Lúcio, era encarregado de matar pessoas a mando desse misterioso homem, que também está sendo procurado pela polícia. Voltamos  com mais informações após o intervalo.

— Deus! — levo minhas mãos até o rosto. Uma lágrima solitária queima minha pele. Jon, que estava no outro sofá, se achega e senta ao meu lado, me abraçando.

— Calma. Vejamos pelo lado bom: talvez, por ele ter se entregado, a sua pena será reduzida. Amanhã vou procurar saber sobre isso e te dou informações e tenho certeza que vai querer visitá-lo, então vou procurar saber também sobre os dias de visita e se ele poderá receber visitas, pois acredito que ele será preso dentro de uma cela sozinho, longe dos outros presos devido aos índices de agressividade e tudo mais.

— Obrigada. — suspiro. — Ele fez a escolha certa e eu creio que depois será recompensado por isso.

— Com certeza! Vamos orar por ele. — sorri.

— Jon, já são dez da manhã e você ainda não subiu para levar o café a sua filha. — digo preocupada.

— Tudo bem. — levanta. — Acho que consigo.

— Eu confio em você. És um bom pai. — sorrio.

— Vem comigo? — estende a mão. Antes que eu proteste ele implora: — Por favor.

Não resisto aquele carinha tão fofa. Seguro sua mão e me levanto.

— Vou pegar o café dela. 

Subimos a escada com muita tensão. Ao chegar na porta do quarto, ele parou, respirou fundo e então toquei em seu ombro, fazendo um sinal para que ele batesse. Assim o fez.

— F-filha? Tro-ouxe seu café. — gagueja.

— Não estou com fome, pai. Obrigada. — Maressa responde.

— Mesmo que não esteja, me deixe entrar? Prometo não lhe interrogar... só me deixa te ver, por favor, filha. — suplica. Segundos depois, ela destranca a porta e Jônatas abre, entrando depois. — Meu amor. — coloca a bandeja em cima da cômoda e a abraça. Maressa abafa os gemidos no peito do pai. — Shhh...vai passar. Calma, papai está aqui, minha princesa. — afaga os cabelos dela.

— E-eu quero morrer, pai. — grita frustrada.

— Não meu amor, isso é só uma fase. Você vai superar, minha linda. Não entristeça o Espírito Santo. Escuta... — ele desfaz o abraço e segura o rosto dela. — Deus é contigo e te colocou na minha vida para eu cuidar. Vou cuidar de você, meu amor. Tudo bem? — Maressa assente desesperada e volta a aguardar o pai. 

Curvo minha cabeça, ouvindo apenas o som da respiração ofegante da menina. Lembro-me de Eloá. Quanta saudade ela me faz.

— *♪Circunstâncias dizem que não dá
Falam que você está tão perto de parar
Coração valente, é assim que quero hoje te chamar
É normal na guerra se ferir
E pra não morrer às vezes pensa em fugir
Cego pelo medo
Não vê que o gigante é bem menor que a mão de Deus
Não quero contar na história que você morreu
Se por um tempo você só adormeceu

Coração, por três dias Jesus parou de respirar
Pra fazer você ressuscitar
Tudo bem, de carne você é
Mas sua estrutura é a fé
Coração valente, você não pode parar

É normal na guerra se ferir
E pra não morrer, às vezes pensa em fugir
Cego pelo medo
Não vê que o gigante é bem menor que a mão de Deus
Não quero contar uma história que você morreu
Se por um tempo você só adormeceu

Coração, por três dias Jesus parou de respirar
Pra fazer você ressuscitar
Tudo bem, de carne você é
Mas sua estrutura é a fé
Coração valente, você não pode parar

Aquela música foi a acalmando mais. A mim também.

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*♪Coração Valente - Anderson Freire

Lo-RuamaWhere stories live. Discover now