Capítulo 36

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Minha cabeça doía tanto que qualquer abrir e fechar de portas pareciam grandes tambores ressoando dentro do meu cérebro.

Não pensei que a ressaca seria extrema a esse ponto. Eu estava acostumada a beber, mas foi como se eu tivesse bebido um rio de cerveja naquela simples garrafa de conhaque.

Acordei antes do sol surgir.

Me arrastei até o banheiro e tomei um banho gelado. O dia de ontem era uma confusão de choro, grito e sangue nas minhas memórias.

Eu deveria ir ver como Edward e Marcta estavam, e depois ir ver Leon.

Sabia que ele estava sofrendo silenciosamente e querendo tirar o trono do pai o quanto antes. O baile já estava próximo, apenas mais alguns dias e nele a decisão de Edward.

O ataque tinha que ser depois do baile.

Saindo do banho enrolada no roupão azul escuro abri a porta do banheiro e sentei na cama. Durante horas fiquei ali remoendo as lembranças de ontem e a luz foi preenchendo o lugar conforme o sol nascia.

Alguém abriu a porta e o rangido me fez gemer com as pontadas que meu cérebro deu.

— Senhorita Swan, acordou cedo — disse Amália trazendo uma cesta na mão. Seus olhos estavam inchados e ela estava rouca, de alguma forma parecia ter envelhecido mais. — Trouxe os modelos de máscaras e vim tirar as medidas para o vestido.

— Não dormi bem, eu vejo os modelos depois. Pode me trazer um chá para dor de cabeça?

Ela assentiu.

— Claro.

Antes dela sair perguntei:

— Está tudo bem?

Seus olhos não encontram os meus ao responder.

— Sim, é só... — ela engoliu em seco e seus lábios tremeram. Estava se controlando para não chorar. — A Senhora Jim era uma amiga...

Levantei da cama abruptamente e a abracei. Ela era muito menor que eu e nos meus braços parecia frágil.

— Eu sinto muito... — Ela não me questionou como eu sabia da morte de sua amiga. Talvez já soubesse que tinha ido.

Ficamos assim durante um bom tempo antes dela me soltar e dizer que estava bem e foi arrumar a mesa para o desjejum, mesmo eu insistindo que não estava com fome. Ela me obrigou a comer pelo menos quase metade do que me serviu e a outra a pedi que comesse.

Tomei o chá e minha dor foi sumindo aos poucos.

— Vou embora daqui dois dias — disse deixando a xícara na mesa.

A olhei querendo insistir para que ficasse, mas não podia fazer isso.

— Entendo. Não vou sobreviver sem você.

— Claro que vai. Sua teimosia vai tomar meu lugar.

Sorrindo peguei em sua mão.

— Obrigada, por tudo.

Ela sorriu e depois balançou a cabeça se levantando.

— Céus! Ainda não fui embora. Vá se arrumar — e saiu do quarto.

Quando me troquei e sai do quarto minha mente me levou até a fonte na tarde de ontem. As palavras de Cassian me deixaram intrigada.

"As vezes não temos escolhas."

Sabia que não era sensato ir atrás dele. Depois de ontem sabia o quão poderoso ele era.

Mas havia algo me incomodando em toda aquela situação e tinha perguntas a ele, sai do quarto a sua procura.

Princesa de VidroWhere stories live. Discover now