Capítulo 43

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Uma vez assisti uma peça de teatro.

Eles estavam divulgando sua peça e fizeram um show de graça na minha aldeia. Damien me levou e foi incrível.

Sempre quis saber como era entrar em um personagem. Viver ele por algumas horas.

Agora eu sabia.

Eu era Rosemary Swan, a mulher que amava o príncipe herdeiro. Que faria tudo por ele. Até daria sua vida.

Meu palco era onde ele estava e meu papel era fazê-lo confiar em mim.

Então quando ele apareceu na masmorra de manhã entrei na minha personagem para mais uma cena.

Seus cabelos estavam completamente puxados para trás e ele usava roupas mais elegantes que quando nos conhecemos.

Os olhos cobalto analisaram a rainha, que estava dormindo enrolada no próprio corpo.

Ontem a noite ela teve pesadelos, eu também os tinha. Mas os delas eram piores e ela sempre acordava gritando e chorando. Após saber sobre a escola não queria ter qualquer vínculo com ela. Porém só tínhamos uma a outra.

Então quando ela gritava eu ia até ela e a abraçava. Era o máximo de gentileza que poderia oferecer a ela.

— É tão intrigante como certos lugares são capazes de nos modificar — falou com um sorriso satisfeito querendo surgir em seus lábios.

— Vai usar ela... no ritual? — perguntei afastando qualquer mal estar ao vê-lo encarar a rainha daquela forma.

— Sim — os olhos azuis deixaram o corpo da rainha e se fixaram em mim. — Vim busca-la para nosso jantar — ele estendeu o braço e o peguei.

Veio para garantir que eu não fugisse como da última vez. Fergus deve ter relatado tudo.

— Foi muita consideração de sua parte, alteza.

Caminhamos escadaria a cima.

— Voltamos a ser formais?

— Sinto muito, seria, majestade?

— Não, ainda não fui coroado — disse e o olhei de lado, estranhando. — Quero ser coroado quando voltar a ser um deus.

O que ele faria após sua coração, caso eu falha-se em fugir, seria catastrófico. Pelo pouco que pude observar deste Leon, era que ele gostava do poder. Gostava de subjugar aqueles que não tinham. E ficava irritado quando alguém tinha mais do que ele.

— Mas antes quero me casar com você, Swan — ele levantou minha mão e o anel brilhava em meu dedo fino.

Toda vez que o olhava sentia uma enorme vontade de o arremessar fresta a fora.

O odiava, mas ele me garantia uma vantagem. Enquanto usasse ele, era uma aprova de minha lealdade a Leon.

Entramos no salão e ele me ajudou a sentar.

A normalidade em que comíamos era surreal.

Diante de mim estava a pessoa que iria me matar. Estava jantando com meu predador.

— Você deve pensar que sou um monstro — disse após colocar vinho em minha taça e o encarei.

— A rainha... Vanisha me contou que você controlava o rei.

Ele soltou uma risadinha.

— Acredita nela?

— Não — mas não tinha porque não acreditar. O rei antes de morrer parecia que estava sob efeito de algum poder, quase parecia sem vida.

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