De repente, amor - Camren

Family is everything

Miami – Flórida / ano de 2011
6 anos depois...
Camila e Lauren aproveitaram ao máximo o que a maternidade tinha a oferecer, foi tudo tão mágico, tão especial, a emoção da primeira palavrinha dita, quando Luna e Leo chamaram elas de mamãe pela primeira vez, o primeiro dentinho, até mesmo o primeiro tombo, eram crianças espertas e inteligentes, Luna amava brincar na estufa, ela gostava do cheiro das rosas, Leo preferia ficar perto da piscina com seu caderno de desenho, ele amava desenhar, talvez fosse ter o talento da arquitetura como a mãe. As crianças correram para o quarto de Clarisse, a mulher não estava muito bem de saúde, mas estava recebendo toda assistência necessária, as crianças a amavam como uma vó, eram mais apegados a ela do que a Clara e Sinu.
— eles amam bagunçar perto da Clarisse
— e ela gosta da energia deles, que carinha triste é essa lolo?
— falei com o médico e a situação dela não está tão boa, ela é como uma mãe pra mim, me acostumei com a presença dela em minha vida desde criança
— não sofra por antecipação ok? olha pra ela, está sorrindo brincando com nossos filhos
Ela havia tido um início de infarte mas foi socorrida a tempo, Clarisse já estava em uma idade um pouco avançada.
— vou tentar não ficar tão preocupada. amor... Queria falar uma coisa
Saiu do quarto com Camila.
— aconteceu algo?
— é sobre a Luna
— eu queria tocar nesse assunto mesmo, achei que só eu havia percebido, ela não gosta das bonecas, ela odeia vestidos e eu peguei ela com uma tesoura na mão prestes a cortar os cabelos, eu conversei com ela e disse que uma garotinha de 6 anos não pode pegar tesoura porque é perigoso, aí ela disse que não gosta de como seu cabelo é
— ela também tem usado roupas do Léo
— talvez ela ainda seja muito nova pra entender o que quer, eu também não gostava de bonecas quando criança
— eu acho que vai além disso, temos que prestar mais atenção a esses sinais, já é bastante comum os indícios de transexualidade desde a infância
— será? não quero pensar que nossa garotinha pode sofrer preconceito
— ei calma, ainda é cedo pra gente tirar conclusões precipitadas, mas se ela for transgenero, nós como mães seremos seu apoio e iremos proteger ela de tudo
— é tão bom saber que tenho você pra dividir tudo, eu não saberia dar conta sem você, nossos filhos são tão diferentes no jeito de ser apesar de gêmeos
— o importante é que eles saibam que sempre podem contar com a gente
As duas crianças correram para a sala, Leo pulou nos braços de Lauren.
— calma ai garotão, você agora está pesado
— eu estou grande mamãe, eu vou ser um super herói e vou ajudar pessoas
— sério? isso é ótimo, mostra que tem um bom coração
— mama, vovó Clarisse quer falar contigo
Luna avisou e ela colocou Leo no chão.
— fiquem com a Camz, a mama já volta
Ela foi até o quarto e fechou a porta, se aproximou da cama e sentou perto de Clarisse.
— está precisando de alguma coisa?
— não, eu só notei o quanto está eufórica e eu não quero que se sinta assim, estou tão orgulhosa de você minha filha, você superou seu luto, casou com uma mulher incrível e teve dois filhos maravilhosos, está muito bem nos negócios, é uma boa mãe e esposa, me deixa feliz, eu já estou velha e cansada...
— mas você vai ficar boa, eu paguei os melhores médicos
— eu sei minha querida e eu sou grata, mas eu queria apenas aproveitar o tempo que tenho com as pessoas que eu amo, vocês.. sem mais agulhas e remédios porque eu sinto que não me resta tanto e eu não quero passar os dias assim
Lauren passou a mão no rosto já sentindo algumas lágrimas.
— ei, por favor não chore, eu sempre vou estar aqui — colocou a mão no coração dela — assim como Emma
— não quero te perder
— nunca irá me perder, estarei sempre contigo
A abraçou. Depois de um tempo a sós com ela deixou que Clarisse descansasse, Camila estava no quarto, Luna e Leo estavam brincando no quarto deles.
— como foi lá?
— ela acha que não vai estar conosco por muito tempo
— e a gente precisa ser forte
— ela me consolou, ela é a mãe presente que eu não tive, Clara nunca deu tanta atenção e meu pai... Bom, nem sempre esteve presente também
— eu e nossos filhos vamos estar com você, sempre, e enquanto ela está aqui a gente aproveita a presença dela, vem cá
Sentou na cama e Lauren deitou com a cabeça no colo dela.
— você está muito tensa
Massageou os ombros dela e beijou seu pescoço.
— ainda bem que tenho você
— sempre estarei aqui pra ti meu amor
— você é o meu anjo
— e você é o meu
Iam se beijar quando as crianças entraram no quarto.
— buuu
— não era agora Leo, não deu certo o susto
— mas você contou até 3
— mas era 1, 2, e 3 já
Elas riram.
— vem cá filhotes
Eles correram para a cama.
— a Clarisse precisa de muito amor de gente ok? muitos beijinhos e carinhos
— que tal a gente levar rosas brancas pra ela? são lindas e delicadas
— ótima ideia querida
— eu pego eu pego
— calma, vou com você, não quero que se machuque com os espinhos
— algo tão lindo não devia ter algo que machuca
— tem razão, mas os espinhos servem de proteção para a rosa
— oh, eu não sabia disso mamãe, então a gente não devia arrancar elas né? vai machuca-las
Lauren ficou sem saber o que falar, Luna dizia mesmo a verdade, as rosas deviam ser apreciadas, não arrancadas.
— você está certa, só vamos tirar duas pra Clarisse ok? Ela vai gostar, uma pra você dar uma pro Léo
Foram então até a estufa, eles observaram com atenção enquanto Lauren tirava as rosas.
— aqui está, mas não vao correndo tá?
— tá, aí a gente diz que ela ama muito né?
— isso mesmo meu amor
— aí vão parar de machucar ela com aquelas agulhas enormes?
— ela não vai mais precisar daquelas agulhas
— ufa, ainda bem
Pegou na mão do irmão e foram para o quarto de Clarisse. Lauren continuou na estufa com Camila.
— a Ari deu notícia?
— ela está no México, o casamento dela com Demi deu muito o que falar principalmente agora que ela também embarcou em carreira como cantora, estou tão orgulhosa
— ela agora é uma estrela de sucesso
— e minhas músicas são ouvidas por milhões de pessoas, e quase todas elas inspiradas em você
Acariciou o rosto de Lauren.
— sou muito sortuda
Olhou para um lado e para o outro.
— agora posso te dar o beijo que daria no quarto
Camila sorriu e selou seus lábios nos dela. Ter uma família era isso, compartilhar momentos, sejam bons ou ruins, estender a mão, acolher, ouvir. E elas tinham tudo isso, era o privilégio que poucos tinham.