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Acordei uma hora mais cedo, na esperança de conseguir tomar um banho tranquilo e passar na lanchonete antes de ir para minha maravilhosa — só que não —, consulta. Prendendo meu cabelo num coque de péssima qualidade, escovei os dentes e comecei a me maquiar. Tinha optado por uma roupa aleatória, como todos os outros dias, e agora eu estava usando uma blusa preta, calça xadrez e bota coturno.

— Você é uma coruja por acaso? — Layla perguntou ao acordar. — Que horas são?

— Seis e quarenta e oito.

— Só pra você saber, artes plásticas começa às nove.

— Eu sei disso — disse, abrindo o guarda roupa e retirando minha mochila preta.

— Então por que está acordada e arrumada? Você é louca?

— Se você quer me ver desse modo, quem sou eu para contrariá-la? — murmurei, enfiando os livros dentro da bolsa. — Estou indo nessa, até depois!

— Até — Layla disse, num bocejo longo.

Noite anterior, ela tinha me feito ficar acordada até às duas da madrugada, conversando sobre coisas aleatórias, como quando havia conhecido o babaca de seu namorado, os professores considerados "gostosos" para as alunas, as festas secretas, que eu deveria aproveitar a universidade de modo que conseguisse transar com vários caras diferentes e o quão grande deveria ser a minha atenção ao andar pelo campus da universidade a noite. Não compreendi o aviso, mas acenei. Acenei e falei que precisava dormir. Que precisava descansar, caso contrário, iria faltar a primeira aula de amanhã e a culpa seria dela.

Após sair do quarto, peguei o elevador e fui para fora do prédio feminino correndo rumo à lanchonete. Desejava profundamente que estivesse aberta, pois eu estava com fome e passar uma hora com meu novo psicólogo morta de fome não iria ser bom e confortável.

— Por acaso sou realmente uma coruja? — eu perguntei, ao adentrar o refeitório. Somente duas lanchonetes estavam abertas e no máximo, três alunos encontravam-se sentados ao redor de uma mesa, conversando tranquilamente.

Surpreendentemente, reconheci um. Mason. O namorado babaca de Layla. Mas por que ele estava acordado em um horário tão cedo assim? E ele também estudava aqui? Por Deus.

— Bom dia, Samyra — uma voz murmurou de forma rápida, perto do meu ouvido.

Olhei para o lado por conta do susto e levantei meu braço, enquanto fechava o punho. Estava prestes a socar quem quer que estivesse perto de mim, quando avistei meu novo psicólogo sorrir. Ele estava de braços cruzados, encarando-me de um modo divertido.

— Pelo visto você é agressiva. Menos um ponto.

— Foi defesa pessoal — argumentei. — Você não pode chegar em alguém assim e esperar que a pessoa sorria para você.

— Chegar em alguém assim? — Jackson fingiu não compreender a situação. — Não entendi, eu apenas dei bom dia para você.

Cruzei meus braços. Eu não iria demonstrar descontrole emocional. Não mesmo. Nem um pouquinho sequer, meu querido psicólogo.

— Beleza então. Bom dia, doutor. Se me dá licença, vou comprar meu lanche. Você não quer uma paciente desmaiada de fome no seu consultório, não é?

— Certamente não. Na verdade, eu também vim lanchar. Ocorreu um pequeno acidente em casa hoje e não consegui comer nada.

— O alarme por acaso não despertou? — eu brinquei.

— Está tão na cara assim? — perguntou.

Encarando-o, ergui uma sobrancelha e respirei fundo. Pelo amor de Deus, que tipo de psicólogo ele era? Maluco? Irresponsável?

The last goodbye ❄️ Jackson WangNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ