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Eram cinco da tarde quando meu celular vibrou. Eu estava lendo um livro sobre bruxas que só tinha em uma maldita plataforma online e, instantaneamente, visualizei a mensagem que apareceu na telinha. O número era desconhecido, mas pelo conteúdo que estava lá, era óbvio de quem se tratava. Cliquei na aba da telinha antes que a mesma sumisse e soltei um suspiro, deitada na cama de modo totalmente desajeitado. Por algum motivo, eu gostava de ler livros de cabeça para baixo. Isso me dava uma noção bem mais clara das coisas. Mais clara, exatas e reais.

"Só pra avisar, parece que a festa irá começar um pouco mais tarde.", é o que está escrito na mensagem.

"Tudo bem. Quão tarde?", perguntei, aproveitando o tempo que ele digitava para salvar seu número.

Jinyoung demorou alguns minutos para responder e voltei minha atenção a leitura enquanto isso. Estava chegando no clímax da história. Quando a barra da mensagem surgiu em minha tela outra vez, fiz uma pequena careta. Muito tarde. Tarde até demais.

"Às onze horas. É muito tarde para você?"

"Sim, é muito tarde para mim."

"Então você não vai?"

"Não... sinto muito."

"Uma próxima vez?"

"Não sendo tão absurdamente tarde, então sim, uma próxima vez."

Jinyoung não me respondeu mais e levei aquilo como um tudo bem, ele havia entendido a mensagem. Então, voltei a ler novamente, até sentir meu estômago roncar. Desde que voltei para o quarto, após o almoço, eu ainda não havia me dado ao luxo de sair e comprar um lanche. Estava com preguiça demais.

— Ei — subitamente, escutei alguém murmurar após a porta ser aberta. Afastei meu celular para o lado e observei Layla. Ela estava apenas com a cabeça para dentro do quarto e me encarava neutra.

— Oi? — perguntei, encarando-a.

— Quer vir jantar com a gente?

— Defina "a gente".

— Mason e eu.

— Ah... — murmurei, recordando-me de Mason e sua autoconfiança bizarra. — Não, obrigada.

— Poxa, mas por que não?

— Não quero ficar de vela.

— Ah, qual é! Você não vai ficar de vela.

— Você chamou mais alguém além de mim?

— Bem... — ela começou a falar, mas seus olhos demonstravam que a resposta muito possivelmente seria composta por uma desculpa fajuta, cujo no final, ela murmuraria algo que desse a entender que não, ela não tinha chamado mais ninguém.

— Não chamou, né? De verdade, pode ir, não tem problema. Eu fico aqui. Mais tarde vou lá e como qualquer coisa, até porque não estou com fome. — menti.

— Você quer algo? Eu posso trazer para você.

— Por que está sendo tão gentil comigo?

— Não estou sendo gentil, eu só... espera, na verdade, estou sendo gentil sim. Mas eu só não quero que você fique sem se alimentar.

Seus olhos pareceram um pouco apreensivos, como se Layla estivesse acabado de lembrar algo do passado e isso me fez levantar da cama. Eu odiava isso. Odiava quando fazia as pessoas pensarem em coisas tristes, mas na maioria das vezes era inevitável, pois eu tinha esse meu jeito meio neutro de agir. Esse meu jeito insensível. Apático. Nostálgico. Era tudo junto e misturado. Tudo muito intenso ou neutro. Mas nunca equilibrado.

The last goodbye ❄️ Jackson WangWhere stories live. Discover now