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Me sentei em um banco perto de uma pracinha movimentada e respirei fundo. O frio estava começando a aumentar, assim como minha fome. Retirei meu celular do bolso e observei o horário. Sete horas.

Minha querida colega de quarto tinha dito que a lanchonete onde iríamos era perto da universidade, mas era óbvio que estava mentindo. Eu sequer conseguia voltar para casa andando, e pedir um táxi estava fora de questão, visto que eu iria pagar um absurdo desnecessariamente.

Observei as pessoas passarem tranquilamente de um lado para o outro e olhei para o céu, onde belas estrelas encontravam-se brilhando lindamente. Sempre gostei de estrelas. Do modo como conseguiam brilhar, apesar de algumas estarem sem vida alguma.

Às vezes eu achava que pessoas eram como estrelas. Brilhantes, encantadoras, mas mortas por dentro. Eu mesma parecia ser assim. Tão bela por fora, mas tão vazia por dentro. Sem nenhum sentimento sequer... eu apenas existia. Lidava com as coisas que tinha que lidar e passava um dia após o outro. Mas nada nunca tinha significado ou me causava ânimo o suficiente para eu me comparar com outro tipo de estrela, se não essas. As mortas.

— Merda — disse, ao olhar para o meu celular novamente e notar que estava quase descarregando. Tinha me alegrado com a possibilidade de passar meu tempo jogando forca, mas agora eu precisava poupar bateria ao máximo, se quisesse receber a ligação de Layla e voltar para casa.

Guardei-o no bolso e me levantei do banco após respirar fundo. Fome. Eu estava com fome e precisava comer alguma coisa, ao invés de pensar em coisas negativas e jogar joguinho no celular como uma maldita anti-social.

Adentrei em alguns restaurantes após resolver caçar algo comestível e saudável, mas nenhum deles parecia bom o suficiente. Ou saudável o suficiente. Por fim, optei por pedir uma salada simples num restaurante em frente ao que Layla estava com seu namorado.

O garçom que me atendeu era um pouco atraente e perguntou se eu iria comer ali mesmo ou levar para viagem. Seu tom de voz insinuativo me fez soltar um pequeno sorriso ladino, então respondi que tudo bem ser ali mesmo, o que fez seu sorriso aumentar, talvez por achar que eu estava, sei lá, flertando com ele, quando na verdade eu só desejava jantar e me aquecer um pouco.

O lugar estava meio vazio e escolhi uma das mesas que estavam encostadas na janela transparente do local, me dando uma perfeita visão das pessoas ao lado de fora e então comecei a comer. Não me sentia bem em lugares completamente fechados e janelas de vidro como essa conseguiam me causar uma certa paz, mesmo que isso ainda significasse que eu estava presa.

Sai do restaurante após pagar minha salada e pedir um copo de limonada sem açúcar. Estava voltando para meu mais novo lugar favorito, o banco, quando o garçom de chamou. Olhei para trás rapidamente e avistei seu sorriso. Ele parecia um pouco sem graça, mas ainda assim continuou a caminhar em minha direção.

— Oi... — falou, ao parar em minha frente.

— Ah, oi — disse, neutra. — Por acaso a conta estava errada? Se o dinheiro faltou eu posso...

— Não, não se preocupe, não é nada disso — ele soltou uma gargalhada familiar.

— Bem, então o que foi? Esqueci alguma coisa lá?

Fiquei observando-o um pouco confusa, até que ele disse:

— Realmente não se lembra de mim?

— Eu... espera, Souta? — perguntei, perplexa. — É você?

O garoto alargou seu sorriso e me abraçou. Fiquei tão surpresa com o ato que apenas continuei encarando-o, enquanto esperava que o mesmo falasse algo.

The last goodbye ❄️ Jackson WangWhere stories live. Discover now