Take Me To Church

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— Como assim 2 séculos? — Disse Laura rindo como se aquilo fosse uma grande piada.

Carmilla teve de se sentar para posicionar-se sobre o caso. Falar sobre isso seria um grande impacto sobre Laura naquele momento e a vampira não estava muito preparada pra isso.

— A magia que minha mãe usou, preservou você até os dias de hoje... Mas juro que acreditei que não haveria mais jeito, jurava que estava morta e que ela só a mantinha viva para me provocar, ou me torturar em culpa... Nunca imaginei que ela te acordaria algum dia...

— Não! — Disse Laura em negação. — Isso é mentira! Você está mentindo pra mim!

— Laura eu sei que é difícil aceitar, é um tempo totalmente diferente com...

— Não! — alterou o tom de voz interrompendo a condessa que respeitou seu luto. —Não, não, não! Não pode ser verdade! Não pode... — Disse Laura chorando. — Se for verdade então... Então... eu não só viajei dois séculos a frente do meu tempo, mas... Perdi tudo... — Respondeu tendo de se apoiar na parede. — Carmilla, meu pai era humano! Ele... Ele... perdi meu pai? E LaFontaine? E... Perry? Perdi tudo... Eu perdi você! — Respondeu tendo uma crise de choro e elevando as mãos a boca. — eu perdi tudo...

Carmilla se sentiu na responsabilidade de fazer algo. Tanto que até tentou abraçar Laura, mas a mesma se afastou entrando em uma profunda depressão de negação e luto.

— Me deixa sozinha... — Pediu.

— Laura eu s...

— Sai Carmilla! Preciso respirar, eu só... Preciso respirar... — disse saindo as pressas da pensão e deixando a condessa sozinha com seus pensamentos.

Carmilla até foi para o lado de fora da pensão em plena madrugada. Porém Laura já havia sumido...

— Noite difícil? — Perguntou a voz de uma mulher. Carmilla se virou e finalmente uma coisa boa e feliz veio naquele dia agonizante.

— Matska! — Gritou ao ver sua irmã que a séculos não via, usando um enorme vestido dourado enquanto segurava um filhote de gato preto.

***

O quão estranho poderia ficar aquela noite?

Bel carregava a vampira no colo enquanto ele, e Clarke seguiam para a pensão. Mereciam um bravo descanso depois desse massacre e pelo que Rachel teve de suportar.

Novamente a pobre vampira fora torturada contra sua vontade em uma tentativa desesperada de Clarke Devult em salvar Salem.

— Vai me odiar pelo resto da vida agora? — Perguntou Clarke a Bel que não havia dirigido uma única palavra a ela desde que Rachel desmaiou.

— por ter enfiado um dos objetos mais poderosos do mundo na garganta de uma vampira? Não estou com raiva de você. Quem deve odia-la não sou eu e sim Rachel.

— Não pensei por mim mesma, quis aproveitar que Elizabeth estava fraca por ter usado magia negra e... Fiz com que Rachel fosse a heroína da noite, qual o problema disso?

— Ela poderia ter partido pra sempre desta vez e sabe disso, Clarke!

— Mas não partiu! Logo a cápsula de sangue que ela ingeriu irá sair do sistema e ela voltará ao normal!

— Isso é o que você quer que aconteça! — Disse Belzebu encarando Clarke que respirou fundo sem saber exatamente o que dizer.

— É o que eu acredito que vá acontecer. Rachel vai ficar bem! — Respondeu por fim, porém sua certeza não iria lá durar por muito mais tempo já que Rachel acordou em um pulo se soltando dos braços de Bel e se agachado em uma árvore próxima ao expelir litros e litros de um líquido dentro de sua barriga. Ela estava vomitando, e não era algo normal.

Era...

— Sangue... — Respondeu Clarke e Bel encarou a bruxa negra com frieza.

— O que estava dizendo mesmo sobre ela ficar bem?

***

Carmilla caminhava junto a Matska pelos arredores da casa até repousar em um banco para conversar um pouco.

— Então a nossa mãe finalmente colocou os planos em prática...

— Sabia que ela acordaria Laura?

— Tinha minhas desconfianças, cara irmã. Não irei negar o fato de que nossa mãe tem lá seus truques.

— Tenho medo Mattie... Tenho medo do que aquela mulher possa fazer em seguida. Ela já tentou roubar do poder do santo graal... Imagina agora que ela não conseguiu? Deve estar possessa.

— Sabemos bem que nossa mãe é boa em destruir a vida dos outros, mas melhor ainda em vingança pessoal.

Carmilla esfregou a tempora inteiramente estressada, sabia que dali pra frente algo muito ruim aconteceria.

— Sei que está tendo seus próprios problemas minha irmã, mas tenho que pedir que fique de olho na garota Hollis.

Aquilo despertou a atenção de Carmilla.

— Achei que queria que me afastasse dela...

— Isso foi a mais de dois séculos atrás. Agora os planos são outros. Laura é importante pra nossa mãe, o grimorio dela é incrivelmente poderoso, e somente Laura pode decifra-lo... E sinto que nossa mãe está planejando algo muito maior do que nós minha irmã. Algo muito ruim está vindo... Elizabeth precisa ser parada antes que o proprio diabo tenha medo dela...

Aquelas palavras fortes fizeram a vampira se arrepiar por completo. Mesmo em choque e completamente sem saber o que vai acontecer em seguida, a condessa fez que sim com a cabeça entrando em um acordo com sua irmã que acariciava o filhote de gato negro.

— Qual o nome dele? — Perguntou a condessa se referindo ao gato e mudando de assunto.

— É uma mocinha... Ainda não escolhi o nome.

— Pegou uma fêmea? — Perguntou Carmilla sorrindo.

— Mais de dois séculos pegando gatos pretos um após o outro... Cansa todos serem machos, é bom dar uma diferenciada. — sorriu Matska.

— Concordo totalmente. Se fosse macho poderíamos homenagear o Will. Nosso irmão. — sorriu lembrando do jovem que arriscou debater contra Elizabeth e teve um trágico fim.

— Já que é fêmea, estive pensando em homenagear outra pessoa. —Respondeu encarando Carmilla. — Pensei em colocar o nome dela de Mircalla. — Carmilla sorriu ao ouvir seu nome de batismo.

Matska entregou a gata para sua irmã que franziu o cenho.

— Agora você pode ficar com ela. Sempre amou os gatos mais do que eu.

— Não... Não tenho tempo pra cuidar de gatos agora. — disse a vampira acariciando a pequena Mircalla. — o gato preto é a nossa marca e conexão Mattie. É através deles que sabemos que uma de nós está viva. — respondeu devolvendo a gata e Mattie sorriu em retorno.

— Eu amo você, Carmilla. — Disse Matska. — Com todos os seus defeitos e teimosias. E por mais que não sejamos irmãs biológicas, você sempre será minha família e tudo o que me move nessa terra... Eu sempre amarei você e a protegeria minha irmã...

— Está me assustando, Mattie..

— Não fique preocupada. Estou apenas... Dizendo tudo o que preciso antes que me arrependa de não ter dito. — respondeu se levantando. — Preciso ir agora. Não se esqueça do que lhe falei... Fique de olho em Laura, e nos passos de nossa mãe. E não se esqueça, corra atrás do que te faz feliz, não viva apenas por viver. — Respondeu por fim.

— Você também minha irmã. Seja feliz, e dê um jeito de fugir daquela cobra... Também te amo muito pra aguentar vê-la ao lado de Elizabeth.

Matska sorriu e sumiu em um piscar de olhos com a pequena Mircalla nos braços deixando Carmilla ali, estranhando aquele comportamento repentino de sua irmã. Ela só esperava que Mattie ficasse bem.

Alucard: O Fim - Vol 2 - Uma História Renegados do InfernoWhere stories live. Discover now